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CEEMA - Mercado da Soja

CEEMA - Mercado do Soja


O movimento das cotações da soja em Chicago, nesta semana, precisa ser dividido em duas partes. A primeira, até quarta-feira (28) inclusive, mostrou um mercado com viés de baixa, dando continuidade ao processo iniciado dias atrás. Tanto é que o fechamento daquele dia ficou em US$ 10,18/bushel. A segunda parte se dá na quinta-feira (29), após o anúncio do relatório de intenção de plantio e de estoques trimestrais, posição 1º de março, feito pelo USDA. O relatório, na intenção de plantio, surpreendeu o mercado, anunciando um recuo de 1% na área a ser semeada com a oleaginosa nos EUA, neste ano. Ora, o mercado, em boa parte, esperava um crescimento de 1% a 2% pelo menos. Imediatamente as cotações reverteram a tendência e passaram a subir, mesmo com os estoques ficando 21% superiores há um ano atrás. Assim, o fechamento desta véspera de feriado (29/03) ficou em US$ 10,44/bushel, para o primeiro mês cotado, contra US$ 10,29 uma semana antes.

 

Quanto a intenção de plantio, o recuo de 1% na área a ser semeada significa que a mesma poderá atingir a 36,02 milhões de hectares, contra uma expectativa média do mercado de que a mesma chegasse a 36,8 milhões. A diferença não é grande, mas no curto prazo serviu para aquecer as cotações.

 

Quanto aos estoques trimestrais de soja, na posição 1º de março, o aumento de 21% sobre a mesma data de 2017 significa que o volume atual é de 57,4 milhões de toneladas, contra 55,6 milhões esperados pelo mercado e 47,3 milhões registrados em igual período do ano passado. Portanto, baixista!

 

Diante de tais números, a questão que se coloca é: em relação ao plantio, quem está com a razão, os analistas privados ou o governo dos EUA? Se for este último, o mercado poderá continuar trabalhando, nas próximas semanas, entre US$ 10,00 e US$ 11,00/bushel. A área efetivamente semeada com a safra de verão, nos EUA, será oficialmente anunciada apenas em 29 de junho próximo. Caso a prática do plantio demonstre uma área maior do que a intenção oficial, as cotações tendem a retornar para patamares entre US$ 9,50 e US$ 10,00/bushel. Além disso, não se pode ignorar que logo mais Chicago dará atenção para os altos estoques anunciados.

 

Dito isso, a partir de agora a variável clima nos EUA entra em cena e passa a ganhar mais força nas análises, pois a colheita na América do Sul, em andamento, salvo surpresas, já está precificada. Ora, com esta área anunciada na intenção de plantio, qualquer problema climático nos EUA tenderá a puxar para cima as cotações. E sabemos que o período de meados de abril a fins de junho é particularmente sensível às especulações climáticas em Chicago.

 

Por outro lado, a ameaça de retaliação da China sobre produtos dos EUA, após o início do taxação estadunidense sobre o aço e o alumínio, por enquanto não está atingindo a soja. Tanto é verdade que as exportações da oleaginosa estadunidense tem acelerado, mesmo em época que o mercado asiático dá preferência ao produto sul-americano. Neste sentido, as vendas líquidas de soja, no ano comercial 2017/18, atingiram a 759.000 toneladas na semana encerrada em 15/03. As mesmas foram consideradas boas apesar de ficarem 33% abaixo da média das quatro semanas anteriores. Para o ano comercial 2018/19 as exportações atingiram a 140.000 toneladas. O somatório exportado nos dois anos ficou dentro das expectativas do mercado.

Mas não se pode esquecer que os EUA têm na China o comprador de cerca de 60% de suas exportações de soja em grão. Além disso, importadores chineses já estão fazendo planos alternativos de importação caso as medidas de retaliação venham a atingir as compras de soja nesta disputa comercial entre os dois países.

 

Enquanto isso, na Argentina, a Bolsa de Buenos Aires voltou a reduzir a estimativa de colheita da soja, estabelecendo agora um volume final de 39,5 milhões de toneladas para o vizinho país.

 

Vale ainda destacar que, durante a semana, a análise grafista pesou sobre o mercado na medida em que o contrato de maio, em Chicago, ficou abaixo do nível de US$ 10,24/bushel, valor que representa a média móvel dos últimos 50 dias. Isto levou a um volume considerável de vendas de contratos, puxando para baixo o valor do bushel (cf. AgResources).

 

Já no Brasil, com o Real se desvalorizando um pouco mais e batendo na casa dos R$ 3,32 por dólar, os preços da soja se mantiveram firmes, pois o câmbio compensou o recuo em Chicago ocorrido durante boa parte da semana (no dia 29/03 o mercado cambial trabalhava com R$ 3,30 por dólar).

 

Assim, a média gaúcha no balcão ficou em R$ 70,75/saco (no ano passado, nesta época, o saco de soja no balcão gaúcho valia R$ 60,38). Portanto, a soja registra um ganho nominal de 17,2% em seu preço, ou R$ 10,37/saco. Já os lotes fecharam esta semana, mais curta devido aos feriados de Páscoa, entre R$ 75,00 e R$ 76,00/saco. Nas demais praças nacionais, os lotes giraram entre R$ 78,00/saco em Campos Novos (SC) e R$ 63,50/saco em Sorriso (MT), passando por R$ 64,00 em Goiatuba (GO); R$ 65,00 em São Gabriel e Chapadão do Sul (MS); R$ 69,00 em Pedro Afonso (TO); R$ 72,00 em Uruçuí (PI); e R$ 74,00/saco no centro e norte do Paraná.

 

A colheita da soja no país recuperou o ritmo atrasado e atingia a 65% da área nacional em 23/03, ficando exatamente na média histórica, porém, ainda abaixo dos 70% colhidos no ano passado nesta época. O Rio Grande do Sul, até a data indicada, havia colhido 14%, o Paraná 78%, Mato Grosso 95%, Mato Grosso do Sul 97%, Goiás 73%, São Paulo 80%, Minas Gerais 63%, Bahia 24%, e Santa Catarina 25% (cf. Safras & Mercado).

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