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Cotações da soja em Chicago estacionaram próximas dos US$ 10,00/bushel

Fundos especulativos se mantiveram firmes na ponta compradora dando sustentação ao mercado


As cotações da soja em Chicago estacionaram próximas dos US$ 10,00/bushel neste final de novembro, porém, com viés de baixa, fechando a quinta-feira (30) em US$ 9,85/bushel, após US$ 9,97 uma semana antes.

No geral, as notícias são baixistas, porém, o mercado resiste e se mantém nos atuais níveis. O principal motivo continua sendo o clima mais seco na Argentina, embora haja previsões de retorno das chuvas nas regiões produtoras deste país a partir do início de dezembro.

Neste contexto, os fundos especulativos se mantiveram firmes na ponta compradora dando sustentação ao mercado. Mas é importante salientar que a diferença entre os preços da soja e do milho é muito alta (2,95 de soja para 1 de milho, segundo AgResources, fato que não seria favorável aos preços da oleaginosa futuramente já que isso deve elevar a área semeada na safra seguinte. Tanto é verdade que as primeiras projeções de área dão conta de 36,8 milhões de hectares para 2018/19 (a intenção de plantio sai apenas no final de março próximo), contra 36,5 milhões neste ano. Com isso, em clima normal, a produção futura dos EUA poderá alcançar pelo menos 118,6 milhões de toneladas, lembrando que nesta última safra, em área menor, o volume teria atingido a 120,4 milhões de toneladas.

Outro fator que não vem ajudando é o comportamento da China, o qual apresenta pouco interesse em novas compras de soja diante dos atuais preços internacionais. Na prática, o mercado tem forte potencial de baixa em Chicago para as próximas semanas, salvo acontecimentos extraordinários.

A título de curiosidade, o USDA divulgou uma projeção de safra nos EUA para os próximos 10 anos, o qual aponta que até 2027 este país deverá semear 37 milhões de hectares de soja, não se distanciando muito do que hoje ocorre.

Em termos conjunturais, as exportações líquidas de soja por parte dos EUA, na semana encerrada em 16/11, somaram apenas 869.100 toneladas, e para 2018/19 um total de 34.500 toneladas. O somatório dos dois anos ficou abaixo do esperado pelo mercado. Já as inspeções de exportação somaram 1,6 milhão de toneladas na semana encerrada em 23/11, ficando no patamar mínimo esperado pelo mercado. No acumulado do ano, iniciado em 1º de setembro, as inspeções somam 20,9 milhões de toneladas, contra 24,2 milhões em igual momento do ano anterior.

Paralelamente, na Argentina o plantio atingia a 41% da área neste final de novembro, com as projeções de produção final indicando um volume de apenas 53 milhões de toneladas, contra uma expectativa do mercado ao redor de 57 milhões. Esta redução se daria em função de uma menor área semeada com a oleaginosa no vizinho país neste ano. Ora, isso deixa o mercado preocupado, pois os argentinos abastecem em 50% o mercado mundial de farelo de soja. Não é por nada que a cotação deste produto em Chicago bateu em US$ 325,00/tonelada curta neste final de novembro, valor que não era visto desde a segunda quinzena de julho passado.

Aqui no Brasil, os preços recuaram um pouco devido ao câmbio voltar a patamares entre R$ 3,20 e R$ 3,25 por dólar. Com isso, a média gaúcha no balcão recuou para R$ 63,90/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 68,50 e R$ 69,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes giraram entre R$ 58,00 em Sorriso (MT) e R$ 71,00/saco em Campos Novos (SC), passando por R$ 70,50 em Pato Branco (PR); R$ 62,00 em Chapadão do Sul e São Gabriel (MS); R$ 64,00 em Goiatuba (GO); R$ 62,50 em Uruçuí (PI); e R$ 61,50/saco em Pedro Afonso (TO) (cf. Safras & Mercado).

O plantrio da atual safra de verão no Brasil, até o dia 24/11, chegava a 81% da área esperada, ficando exatamente dentro da média histórica. Por Estado o mesmo estava em 53% no Rio Grande do Sul; 96% no Paraná; 96% no Mato Grosso; 100% no Mato Grosso do Sul; 90% em Goiás e São Paulo; 85% em Minas Gerais; 60% na Bahia; e 87% em Santa Catarina (cf. Safras & Mercado). Não há mais atrasos, em relação a média histórica, em nenhum Estado brasileiro. Pelo contrário, em alguns deles o plantio está mesmo adiantado.

Neste contexto, continua valendo a projeção de que os preços da soja nacional deverá mudar somente se o câmbio no Brasil sofrer alterações importantes (é bom lembrar que no próximo ano haverá eleições gerais e a instabilidade cambial tende a ser forte) ou se ocorrer uma frustração de safra na América do Sul. Caso contrário, o quadro de preços futuros tende a repetir o que se viu nesta última safra.
 

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