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Cotações da soja em Chicago recuaram nesta semana

Fechamento desta quinta-feira (19) ficou em US$ 10,37/bushel, contra US$ 10,60 uma semana antes


As cotações da soja em Chicago recuaram nesta semana, após o pico de alta da semana passada. O fechamento desta quinta-feira (19) ficou em US$ 10,37/bushel, contra US$ 10,60 uma semana antes.

Além da normal realização de lucros por parte dos especuladores, o mercado assiste a certa estabilidade no confronto comercial entre EUA e China, na medida em que existem acenos para acordos bilaterais entre os dois países, os quais, se ocorrerem, poderão por fim ao litígio.

Dito isto, com o recuo nos prêmios no Golfo do México, a soja estadunidense ficou mais barata, apesar da firmeza de Chicago, estimulando às exportações para países fora do círculo de influência chinês. Os EUA, até o final da primeira quinzena de abril, haviam exportado 53 milhões de toneladas de soja, sendo 42 milhões já embarcados. Este comportamento ajuda a manter Chicago nos atuais níveis. Enquanto isso, os importadores chineses continuam dando preferência à soja brasileira, mantendo elevados os prêmios nos portos do Brasil.

Neste sentido, as exportações líquidas dos EUA chegaram a 1,51 milhão de toneladas na semana encerrada em 5 de abril, ficando 74% acima da média das quatro semanas anteriores. Já para o ano 2018/19 as vendas alcançaram 954.000 toneladas. A soma dos dois anos superou as expectativas do mercado que estavam em volume entre 800.000 e 1,7 milhão de toneladas. Quanto as inspeções de exportação, o volume chegou a 444.987 toneladas de soja na semana encerrada em 12/04, acumulando no atual ano comercial um total de 42,35 milhões de toneladas, contra 48,3 milhões na mesma época do ano anterior.

Por sua vez, o esmagamento de soja nos EUA atingiu a 4,68 milhões de toneladas em março, superando o volume registrado em fevereiro e estabelecendo um recorde para o mês de março.
 
Quanto ao clima nos EUA, elemento central a partir de agora para a tendência das cotações, não houve mudanças nas projeções meteorológicas. A falta de chuvas no lado oeste do país continua, enquanto chuvas expressivas estão mantidas para o chamado Cinturão Agrícola (lado leste do país). Por enquanto, o excesso de chuvas vem atrasando o plantio, mas o problema atinge particularmente o milho, fato que poderá, inclusive, transferir área deste cereal para a soja caso o mesmo persista. O problema para a soja é se tal padrão climático continuar em maio. No Estado de Illinois, por exemplo, a primeira quinzena de abril (primavera) foi a segunda mais fria da história, somente encontrando paralelo no ano de 1881 (cf. AgResource).

Houve alguma venda de contratos por parte dos Fundos, fato que puxou um pouco para baixo as cotações. Lembramos que tais Fundos continuam muito comprados (176.000 contratos estão comprados), fato que poderá desencadear um movimento mais expressivo de vendas, derrubando as cotações em Chicago, a qualquer momento, desde que haja um motivo consistente para tanto.

Enfim, tanto China quanto EUA aceleram as medidas protecionistas visando criar poder de barganha para as negociações que encerrarão o conflito comercial entre ambos. Enquanto isso, a volatilidade do mercado ganha força. A dúvida, agora, passa a ser que resultados práticos tal acordo trará para cada um dos países, especialmente quanto aos setores econômicos que acabarão perdendo com o mesmo. A mais recente decisão chinesa a respeito foi de taxar o sorgo procedente dos EUA em 170%, fato que gera preocupações no mercado quanto a possibilidade de a soja vir a ser atingida logo mais por tais medidas.

Na Argentina, está precificada uma quebra ao redor de 20 milhões de toneladas em relação ao volume esperado com a soja. O problema é tão sério que já há registros de importação de 240.000 toneladas de soja dos EUA para o ano 2018/19, que se inicia em 1º de setembro próximo. É o maior volume importado pelos argentinos desde 1997. Como a Argentina exporta 50% do farelo de soja mundial, a forte quebra na safra atual indica que não haverá produto para ser moído no final do ano, justificando as importações. Lembramos que a capacidade instalada de moagem de soja no vizinho país é de 60 milhões de toneladas e a atual safra deverá registrar apenas 37 milhões de toneladas colhidas.

No Brasil, os preços se mantiveram firmes em boa parte da semana, com os prêmios nos portos se mantendo elevados. Em Rio Grande a semana fechou com os mesmos entre US$ 1,14 e US$ 1,31/bushel e em Paranaguá entre US$ 1,16 e US$ 1,33/bushel. Ao mesmo tempo, o câmbio trabalhou acima de R$ 3,40, porém, a partir de quarta-feira (18) iniciou um movimento de recuo, com o mesmo vindo para a casa dos R$ 3,38.

Neste contexto, a média semanal no balcão gaúcho ficou em R$ 76,98/saco, ganhando quase um real por saco em relação a semana anterior. Já os lotes oscilaram entre R$ 80,00 e R$ 80,50/saco. Nas demais praças nacionais, os lotes ficaram entre R$ 68,00 em Sinop (MT) e R$ 80,50/saco em Campos Novos (SC), passando por R$ 70,50 em Chapadão do Sul e São Gabriel (MS); R$ 72,50 em Goiatuba (GO); R$ 73,00 em Pedro Afonso (TO); R$ 75,50 em Uruçuí (PI); R$ 79,50/saco no centro e norte do Paraná.

O quadro de preços nacional dependerá agora, em especial, do comportamento do câmbio e dos prêmios em nossos portos. Uma redução nos dois casos traz para baixo os preços da soja local.

Enfim, embora a comercialização da safra tenha se acelerado nesta primeira quinzena de abril, graças aos excelentes preços, Estados como o Rio Grande do Sul e Santa Catarina ainda apresentam vendas aquém do esperado diante da atual conjuntura de mercado.

Vale ainda destacar que a colheita nacional da soja atingia a 87% da área no dia 13/04, contra 86% na média histórica. No Rio Grande do Sul a mesma chegava a 52%, contra 60% na média; no Paraná 95%, contra 96%; em Minas Gerais 95%, contra 84%; em Santa Catarina 65%, contra 74%; na Bahia 62%, contra 58%; e na região Norte, mais Estados do Maranhão, Piauí e Tocantins a média atingia a 80% colhido, contra 63% na média histórica (cf. Safras & Mercado). 

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