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Cotações da soja encontraram um limite em suas altas

As primeiras lavouras colhidas na Argentina indicam uma produtividade acima do esperado



As cotações da soja encontraram um limite em suas altas desde sexta-feira passada (09/03) quando o bushel em Chicago, para o primeiro mês cotado, recuou para US$ 10,29, após ter atingido a US$ 10,66 no dia 05/03. Na semana que se seguiu a este movimento, o mercado oscilou bastante. Neste sentido, o fechamento desta quinta-feira (15) ficou em US$ 10,40/bushel, contra US$ 10,28 na véspera (lembrando que no dia 15/03 o primeiro mês cotado passou a ser maio). Vale destacar igualmente que o farelo de soja recuou em Chicago no período, fechando o dia 14/03 em US$ 368,30/tonelada curta, após ter atingido US$ 394,00 no dia 1º de março.

Dois foram os principais motivos para este movimento de freada no ímpeto altista. O primeiro está relacionado ao clima na Argentina, onde o anúncio de chuvas mais consistentes a partir da quarta-feira (14), e principalmente neste próximo final de semana, sobre a região produtora de soja poderá aliviar o estresse hídrico e causar alguma recuperação na produção do vizinho país, revertendo um pouco a quebra prevista. O segundo motivo esteve na ação dos Fundos que, diante do lítigio comercial causado por Trump ao anunciar tarifas aduaneiras sobre as importações de aço e alumínio, venderam parte de suas posições compradas em Chicago. Mesmo assim, tais Fundos ainda estão muito comprados, podendo haver novas baixas no bushel caso o quadro de chuvas se confirme na Argentina.

Aliás, neste sentido vale destacar que as primeiras lavouras colhidas na Argentina indicam uma produtividade acima do esperado, o que surpreende o mercado. Agora é esperar para ver se, com a continuidade da mesma, esta produtividade se tornará uma tendência ou é apenas algo fora da curva (cf. AgResource).

Soma-se a isso, como já havíamos alertado, o fato de que o mercado começa a ficar mais atento às intenções de plantio dos produtores estadunidenses. O anúncio oficial sai no dia 29/03, porém, analistas privados já estão avançando seus prognósticos. Neste sentido, a consultora Allendale apontou, durante a semana, que a área a ser semeada com soja nos EUA alcançará um novo recorde histórico, devendo bater em 37,3 milhões de hectares. Tal área é maior do que os primeiros indicativos oficiais (Fórum Outlook de fevereiro), que apontavam 36,4 milhões de hectares. 

Por outro lado, muitos países já teriam iniciado medidas de retaliação ao protecionismo sobre o aço e o alumínio, imposto pelos EUA, o qual começa a vigorar neste dia 23/03. Dentre estes países está a China, a maior importadora de soja do mundo, fato que deixa Chicago em estado de alerta (é importante dizer que uma retaliação chinesa neste campo tende a favorecer as exportações de soja brasileira e argentina, podendo aumentar o prêmio em nossos portos de embarque).

Dito isso, em termos internacionais preocupa o fato de os Fundos estarem em posição comprada recorde junto aos contratos de soja. Qualquer sinal mais consistente de baixa no mercado da oleaginosa poderá provocar um efeito de vendas intempestivo nesta próxima quinzena.

O que pode impedir tal movimento será o clima na Argentina e o real potencial de recuperação de suas lavouras caso as chuvas de fato se confirmem, assim como a não confirmação de um aumento na área a ser semeada com soja nos EUA. Além disso, diante da nova posição comercial estadunidense, o dólar perde força no cenário mundial, favorecendo as exportações. Neste primeiro trimestre de 2018 a moeda norte-americana vê seu índice operar nos mais baixos níveis desde o final de 2014.

No Brasil, o câmbio permaneceu estável, oscilando entre R$ 3,24 e R$ 3,26 por dólar em boa parte da semana. Com isso, os preços internos da soja arrefeceram seus movimentos de alta, embora ainda permaneçam em patamares consistentes. 

Neste sentido, o balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 69,58/saco. No ano passado, nesta mesma época, seu valor era de R$ 63,83/saco. Já os lotes fecharam a semana na média de R$ 74,00 a R$ 74,50/saco, contra R$ 67,50 a R$ 68,50 um ano antes. Nas demais praças nacionais, o saco de soja fechou a semana nos seguintes valores (entre parênteses o valor registrado um ano antes): no centro e norte do Paraná, R$ 72,00 (R$ 65,50/R$ 66,00); no Nortão do Mato Grosso (Sorriso), R$ 61,50 (R$ 56,70); em São Gabriel e Chapadão do Sul (MS), R$ 64,00 (R$ 57,50); em Goiatuba (GO), R$ 64,00 (R$ 59,50); em Pedro Afonso (TO), R$ 67,00 (R$ 62,30); e em Uruçuí (PI), R$ 71,00/saco (R$ 62,80). Portanto, os ganhos na atualidade, em relação ao ano passado, giram entre R$ 6,00 a R$ 10,00/saco dependendo da região do país. Isso significa 9% a 13% a mais pelo saco de soja, superando em muito a inflação oficial do período que está ao redor de apenas 2,8%. 

Não há dúvida que estamos diante de uma janela de oportunidade para a comercialização da presente safra, pois a tendência parece ser de a mesma estar começando a se fechar.

Enfim, quanto a colheita de soja o Brasil alcançava 46% da área em 09/03, contra 56% um ano antes e 50% na média histórica. O Rio Grande do Sul estava com 2% colhidos; o Paraná com 49%; o Mato Grosso com 83%; o Mato Grosso do Sul com 59%; Goiás com 55%; São Paulo com 41%; Minas Gerais com 43%; Bahia com 20%; e Santa Catarina com 7% (Mato Grosso, São Paulo, Minas Gerais e Bahia registrando um percentual colhido superior à média histórica, enquanto os demais Estados estão abaixo da mesma) .

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