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Cotações do milho voltaram a recuar em Chicago

A média de abril fechou em US$ 7,86/bushel, com alta de 5,2% sobre março


Foto: Divulgação

As cotações do milho, em Chicago, voltaram a recuar durante esta semana. O fechamento desta quinta-feira (05) ficou em US$ 8,03/bushel, contra US$ 8,16 uma semana antes, sendo que na véspera o bushel chegou mesmo a US$ 7,98. A média de abril fechou em US$ 7,86/bushel, com alta de 5,2% sobre março. Para comparação, a média de abril do ano passado foi de US$ 6,16/bushel. Nos EUA, a área semeada com milho chegou a 14% no dia 01/05, contra 42% um ano atrás, nesta época, e 33% na média histórica. A pressão da alta do juro básico nos EUA, a continuidade da guerra entre Rússia e Ucrânia, e novos surtos de Covid-19 na China, além do clima sobre as regiões produtoras estadunidenses, continuam na mira do mercado.

Neste último caso, a virada da semana trouxe, finalmente, boas chuvas às regiões produtoras daquele país, porém, a atenção sobre o tema continua, pois nos últimos dias o excesso de chuvas começa a preocupar os agricultores. Afinal, há um grande atraso no plantio do cereal neste ano, fato que pode comprometer a produtividade final da safra. Além disso, dependendo da região do país, após o 15 de maio, o seguro agrícola cai um bushel (25,4 quilos) de cobertura a cada dia adicional de atraso, o que tende a desencorajar a finalização do plantio. Isso pode levar a uma substituição de área em favor da soja.

Já na China, há informações de que o governo local planeja aprovar, pela primeira vez, o milho transgênicos do grupo Syngenta. Pequim já deu aprovação de biossegurança para algumas outras características domésticas de milho transgênico e propôs uma revisão das regras de sementes do país, com objetivo de abrir caminho para aprovações de culturas transgênicas como parte de um esforço para se preparar para o cultivo comercial do grão. 

E no Brasil, os preços internos melhoraram nesta semana. A média gaúcha fechou a  mesma em R$ 87,47/saco, enquanto nas demais praças nacionais o cereal foi cotado entre R$ 74,00 e R$ 85,00/saco. Por aqui, além dos fatores externos, a atenção se volta para o clima e o desenvolvimento na nova safrinha. Ao mesmo tempo, parte dos consumidores relata ter estoques confortáveis, enquanto vendedores analisam a necessidade de realização de “caixa” e/ou de liberar espaços nos armazéns. Há uma expectativa de que a demanda externa pelo milho brasileiro, neste ano, cresça devido aos problemas de plantio nos EUA, além da continuidade da guerra entre Rússia e Ucrânia. Ao mesmo tempo, na Argentina, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires estima que serão produzidas 49 milhões de toneladas em 2021/22, 3,5 milhões de toneladas a menos do que na temporada anterior. 

Em paralelo, na B3, o fechamento do dia 04/05 indicou recuo nos preços, com o contrato julho fechando a R$ 92,75/saco e setembro a R$ 94,15. Importante lembrar que a colheita da safrinha se aproxima, faltando entre duas a três semanas para o seu início. Apesar de perdas importantes em algumas regiões, a expectativa é de uma colheita significativa. A entrada desta nova safra pode, no imediato, pressionar para baixo os preços do cereal no mercado nacional. Além disso, a revalorização do Real favorece as importações, caso necessário. Neste momento, se espera uma colheita superior a 80 milhões de toneladas na safrinha, com um consumo de 40 milhões. Com isso, sobram outros 40 milhões, sendo que 35 milhões de toneladas tendem a ser exportadas. Caso contrário, sobrará muito milho estocado, fato que derrubará os preços internos. 

Dito isso, a colheita do milho de verão, no Centro-Sul brasileiro, se aproxima do fim, com uma produção bem menor do que o inicialmente esperado, devido aos problemas climáticos já conhecidos. No Rio Grande do Sul, até o dia 28/04 a mesma atingia a 84% da área, contra 77% na média histórica para a data. As constantes chuvas desta última semana praticamente travaram a mesma. As perdas devido a seca no verão, no total do Estado, chegariam a 55% do previsto inicialmente. 

Já a consultoria privada StoneX prevê, para a atual safrinha brasileira, um volume de 88,14 milhões de toneladas, igualmente reduzindo o mesmo em relação às primeiras estimativas. Há problemas climáticos em algumas regiões produtoras. Por exemplo, em Goiás a produção foi reduzida para 9,7 milhões de toneladas, com corte de 15% sobre o inicialmente estimado, enquanto no Mato Grosso o volume tende a chegar a 39,6 milhões, com recuo de 4,7% sobre as primeiras indicações. Em abril, no centro do país, houve pouca chuva, fato que pode diminuir ainda mais a estimativa total da atual safrinha. Neste sentido, a consultoria Rural Clima já projeta uma safrinha entre 80 e 84 milhões de toneladas para o corrente ano.

Diante desta situação, a produção final de milho no país tende a ficar entre 112 e 116 milhões de toneladas em 2021/22. Em sendo assim, a exportação, ficando entre 35 e 40 milhões de toneladas, e o consumo interno em 75,5 milhões de toneladas, os estoques finais do cereal podem recuar para algo entre 9 e 10 milhões de toneladas, contra 12 milhões nas estimativas anteriores. Neste contexto, vale destacar que a safrinha de milho no Paraná teve leve piora nesta última semana, com o milho em boas condições recuando para 92% da área, diante de 96% semanas antes. As lavouras em situação média saíram de 4% para 7%, e 1% da safra passou a ser considerada ruim. Neste momento, o Paraná ainda espera uma produção final de 16 milhões de toneladas na safrinha, contra apenas 5,7 milhoes de toneladas da frustrada safrinha passada. 

Já o Imea, no Mato Grosso, cortou a estimativa de produção da sua safrinha, com a mesma vindo a 39,3 milhões de toneladas, contra 40,6 milhões anteriormente. A produtividade média do cereal está projetada em 103,8 sacos/hectare, com queda de 3,26% ante o último levantamento. O motivo é a estiagem em algumas regiões do Estado.

Enfim, a União Nacional de Etanol de Milho (Unem) atualizou a perspectiva de produção de etanol de milho, para o Brasil, na safra 2022/2023, para 4,5 bilhões de litros, com um incremento de 31% em comparação a safra anterior e de 7% com relação à última expectativa de produção. A safra 2021/2022, que se encerrou em abril, totalizou uma produção de 3,43 bilhões de litros de etanol. O volume de milho processado pelas usinas também deverá aumentar de 7,98 milhões de toneladas para 10,38 milhões de toneladas, com alta de 30% neste ano, sobre o ano anterior. Com isso, o etanol de milho deverá ampliar sua participação na produção total do biocombustível, passando de 12,5% para 15% no país. Na safra 2021/2022, o Brasil produziu 27,53 bilhões de litros de etanol, somando o biocombustível à base de canade-açúcar e o de milho.

Para a próxima temporada, a estimativa de produção é de 30 bilhões de litros. Desde o ano passado, usinas que já atuam no mercado vêm anunciando expansão de suas unidades. Em setembro de 2021, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) autorizou o aumento da produção de etanol da unidade de Sinop de 1,7 milhão de litros para 3 milhões de litros/dia, passando a produzir 1 bilhão de litros/ano. Em Sorriso, uma indústria teve sua capacidade ampliada para 880 milhões de litros/ano. Afora isso, pelo menos duas novas unidades deverão entrar em operação em 2022, sendo uma delas em Dourados (MS), com capacidade inicial de produzir 1,3 milhão de litros/dia a partir de maio e previsão de dobrar a produção na segunda fase, em agosto deste ano. Mais uma unidade deve iniciar a operação no final de 2022 e outras usinas vão expandir a capacidade produtiva. Enfim, a produção de farelos de milho, utilizado como insumo para ração de animais, tanto pets quanto suínos, peixes e aves, e na intensificação da pecuária de corte, deverá atingir 2,53 milhões de toneladas, alta de 36% frente à produção da safra 2021/2022, quando foram produzidas 1,85 milhão de toneladas. A produção de óleo de milho também será ampliada, passando de 114.900 toneladas para 164.700 toneladas, com alta de 43%.

As informações são do relatório da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário - CEEMA

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