CI

Vespa que contaminava biofábrica vira biopesticida

Habrobracon hebetor passou de ‘vilã’ da manufatura de bioinsumos a uma solução biológica de ponta


Foto: Wikimedia

Uma vespa parasitoide de nome científico Habrobracon hebetor vinha causando uma série de transtornos em uma biofábrica da empresa Promip. Há cerca de três anos, o inseto provocou contaminações na unidade dedicada à multiplicação de outro inseto (Anagasta kueniella), matéria-prima central de mais dois agentes macrobiológicos: Trichogramma pretiosum (Trichomip) e Orius insidiosus (Insidiomip).

Monitorada e levada a laboratório para estudos macrobiológicos, logo após a Promip conseguir debelar a contaminação da biofábrica, a Habrobracon hebetor passou de ‘vilã’ da manufatura de bioinsumos a uma solução biológica de ponta, voltada ao controle natural de pragas nas culturas de tabaco e grãos armazenados, inclusive milho, soja e trigo. A vespa atua, agora, como o mecanismo de ação do bioinseticida Bracomip, que acaba de ser lançado.

“Está no DNA da Promip a percepção de que a natureza fornece as melhores alternativas para solucionar entraves de ordem agrícola com origem na própria natureza”, contou Marcelo Poletti, engenheiro agrônomo, entomologista e cofundador da Promip, ao portal especializado AgroPages.

De acordo com Poletti, o novo Bracomip conta com recomendações para controle de diferentes alvos biológicos, em várias culturas. Segundo ele, a vespa Habrobracon hebetor age como um potente inimigo natural das pragas traça-do-tabaco (Ephestia elutella), traça-do-cacau, (Ephestia cautela), traça-da-farinha (Ephestia kuehniella), traça-indiana-da-farinha (Plodia interpunctella) e traça-dos-cereais (Sitotroga cerealella).

“A traça-do-tabaco, por exemplo, provoca danos diretos e indiretos, com prejuízos econômicos relevantes à produção de tabaco. Mariposas da traça entram nos paióis e colocam ovos. Larvas eclodem e se alimentam da lâmina das folhas de tabaco curado. Em alta infestação, os ataques são intensos a ponto de sobrar somente nervuras e talos das folhas”, exemplifica Poletti.

Conforme o executivo, o novo Bracomip mostra eficácia também na proteção de itens agrícolas armazenados a granel e ensacados: grãos e sementes de trigo, milho, sorgo, aveia, arroz, centeio e cevada, além de amêndoas de cacau e farinhas de trigo e milho.

“Em todos os casos, é necessário fazer monitoramento preciso dos alvos biológicos de Bracomip. A primeira liberação das vespas parasitoides de Bracomip deve ocorrer, nas doses recomendadas em bula, tão logo constatada a presença de pragas, e repetida a cada duas semanas, por dois meses. Ou até que se confirme o controle total da infestação”, explica Poletti. Ainda conforme o executivo, o novo Bracomip recebeu registro dos órgãos reguladores no mês de setembro último e já está sendo comercializado.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.