A indústria está sob pressão?
Outro ponto crucial é a percepção equivocada de que segurança é um custo

A segurança no ambiente industrial no Brasil enfrenta um paradoxo: embora existam normas rigorosas, muitas empresas ainda tratam o tema como uma obrigação burocrática. O sistema LOTO (Lockout/Tagout), responsável por garantir o bloqueio de fontes de energia durante manutenções, ilustra esse desafio. Sua eficácia depende menos dos equipamentos em si e mais da consolidação de uma cultura de disciplina, liderança engajada e processos bem estruturados.
Especialistas da Tagout destacam que os erros mais comuns na aplicação do LOTO estão relacionados ao início equivocado do processo, como a compra de dispositivos sem mapeamento dos riscos, ausência de envolvimento da alta gestão, treinamentos genéricos e falta de auditorias constantes. Em muitos casos, máquinas antigas sem possibilidade de bloqueio e a negligência em relação à energia residual ampliam a vulnerabilidade. Empresas que implementam corretamente o programa chegam a reduzir de forma significativa os incidentes em suas operações.
“É comum encontrarmos dispositivos improvisados, ausência de mapeamento das fontes de energia e falta de padronização nos procedimentos”, afirma Ricardo Augusto, engenheiro de aplicação da Tagout.
Outro ponto crucial é a percepção equivocada de que segurança é um custo. Na prática, quando não há investimento adequado, as consequências incluem acidentes graves, paralisações, processos judiciais, indenizações e desgaste da imagem institucional. Por isso, especialistas defendem que a proteção deve ser tratada como processo estratégico, com diagnóstico, planejamento e indicadores de desempenho.
“Política clara, metodologia de auditoria, busca pela causa raiz, ações culturais e envolvimento da liderança. Quando tudo isso se soma, a empresa muda”, conclui o executivo João Tosmann.