Bicho mineiro: como a praga atinge o café
Controle inadequado amplia infestação no cafezal

Considerado a praga mais relevante da cafeicultura brasileira desde a década de 1970, o bicho mineiro (Leucoptera coffeella) continua causando prejuízos às lavouras, segundo o engenheiro agrônomo João Leonardo Corte Baptistella, em artigo publicado no Blog da Aegro.
“Devido às mudanças no sistema produtivo do cafeeiro, o bicho mineiro passou a ser a praga mais importante da cultura”, afirma Baptistella. O inseto ataca exclusivamente o cafeeiro, provocando perda de área foliar ao escavar galerias nas folhas, especialmente nos terços médio e superior das plantas.
A fase adulta da praga é uma mariposa que deposita ovos na parte superior das folhas, preferencialmente no terço superior da planta. Após a eclosão, as larvas penetram no interior da folha e iniciam o consumo da área foliar, comprometendo a fotossíntese e, consequentemente, a produtividade da lavoura.
De acordo com Baptistella, o ambiente pode influenciar diretamente o comportamento da praga. “O bicho mineiro é favorecido por condições mais secas e temperaturas elevadas. Portanto, podem ser mais problemáticos em lavouras mais espaçadas e nas faces mais ensolaradas do cafezal”, explica. Outro fator que pode agravar a infestação é o desequilíbrio nutricional das plantas.
O uso descontrolado de inseticidas pode contribuir para o aumento da praga. “O uso indiscriminado de inseticidas não seletivos e de produtos cúpricos têm grande impacto sobre os inimigos naturais do bicho mineiro, portanto, altas infestações são favorecidas”, observa o engenheiro.
Entre as medidas recomendadas, o controle cultural pode ser realizado com plantios mais adensados e adubações equilibradas. O controle biológico também é uma alternativa eficaz, com destaque para parasitóides da família Eulophidae e Braconidae, além de predadores como os vespídeos, considerados os mais eficientes.
O controle químico deve ser adotado apenas quando os níveis de dano justificarem a intervenção. “O controle químico deve ser realizado quando os níveis de dano forem atingidos, sempre prestando atenção nas amostragens e no histórico de infestação da área”, reforça Baptistella.