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Em Manaus, jovens rurais são capacitados em ecogastronomia

A oficina faz parte de um projeto que está em andamento em todo país


A estudante Natália dos Santos, de 22 anos, mora na comunidade Água Branca, município de Manaus. Filha de agricultor familiar, ela tem um sonho: aprender sobre gastronomia. O pai, Nerivaldo dos Santos, de 46 anos, incentiva a filha, principalmente, por entender a importância do conhecimento no setor de alimentos. Natália, no entanto, é apenas uma das jovens rurais interessas em saber mais sobre a arte da culinária. Ela e outros 49 alunos participaram da Oficina de Imersão de Ecogastronomia. Manaus foi o primeiro estado a capacitar uma turma.

A oficina faz parte de um projeto que está em andamento em todo país. Em Manaus, foi realizado entre os dias 09 e 14 de julho. O objetivo é capacitar cerca de 500 jovens entre 15 e 29 anos das áreas rurais, em ecogastronomia, um movimento que defende o uso de ingredientes frescos e sem agrotóxicos ou conservantes químicos; e que incentiva a consciência ambiental, a responsabilidade social e a biodiversidade agrícola.

Durante as oficinas, em uma das palestras, a do Circuito das Sensações, os jovens aprendem a explorar os sentidos do corpo humano para tentar reconhecer frutos e Plantas Alimentícias Não Convencionais (Pancs). Em outro momento, descobrem como praticar a chamada Cozinha raiz, a prática de preparar pratos com alimentos tipicamente regionais.

A atividade faz parte de um contrato de Termo de Execução Descentralizada (TED) entre a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead) e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que repassa para a Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária (FAPEU). Foram investidos cerca de R$716 mil. Os recursos são, entre outras coisas, para a contratação de 10 cozinheiros ligados ao Slow Food.

Foi a primeira vez que Natália teve acesso a um curso sobre alimentação. “Meu sonho é a gastronomia. Quando meu pai me falou desse curso, me inscrevi. Cheguei tímida no primeiro dia, mas depois, me apaixonei ao longo de cada oficina. Não conhecia nada sobre alimentação e o curso me ajudou muito a querer, mais do que nunca, realizar meu sonho de fazer a faculdade”, conta com orgulho.

Aulas show

As “aulas show” foram atividades em que os participantes tiveram a oportunidade de preparar receitas nutritivas com alimentos regionais. Divididos em grupos, os formandos, após aulas teóricas, colocaram a “mão na massa”. Um dos cardápios preparados por eles foi o “medalhão de pirarucu à cabocla”, peixe típico da região.

Além disso, os jovens também aprenderam a preparar molhos, receitas com frangos e conheceram mais sobre a cadeia de valores da sociobiodiversidade amazônica. “Cada capacitação tem diretrizes gerais que orientam o planejamento e a construção da capacitação. Em cada região vai acontecer de uma forma diferente, pois tudo depende do contexto e da cultura local”, explicou Helen Kássya Araújo, facilitadora da capacitação no município de Manaus e membro da Rede Jovem- Slow Food.

O projeto

O projeto de formação em ecogastronomia trabalha para a ampliação e qualificação da participação da agricultura familiar brasileira no movimento Slow Food, projeto de “Alimentos bons, limpos e justos”. A atividade envolve sete metas. A quinta é a ecogastronomia.

Quem coloca o projeto em andamento é uma equipe de sete pessoas, cada uma responsável pela gestão de uma meta e o acompanhamento técnico de uma região. As atividades serão desenvolvidas nas cinco regiões do Brasil, cada uma com um núcleo do Slow Food e o apoio de uma rede de universidades. “Planejar, preparar cardápio, conhecer sobre alimentos de cada região do país, ampliar as oportunidades para os jovens e contribuir para a valorização da agricultura. Esses são os principais objetivos do projeto”, explica Nadiella Monteiro, consultora para o Slow Food da Sead.

Serão 10 capacitações em todo o país, previstas para serem desenvolvidas até dezembro deste ano. As próximas oficinas confirmadas serão em Belém, no Pará, na Comunidade dos kalungas, e em Mato Grosso.

Qualquer pessoa pode participar e associar–se ao movimento Slow Food. Leia aqui para saber mais. 

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