Clima eleva riscos para a próxima safra argentina

O cenário climático recente na Argentina tem sido marcado por mudanças relevantes na dinâmica dos oceanos e da atmosfera, com impactos potenciais sobre a produção agropecuária ao longo das próximas estações. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, as últimas semanas registraram o ponto máximo do resfriamento do Pacífico Equatorial, configurando um quadro classificado como La Niña fraca.

Esse comportamento foi observado tanto no setor asiático quanto no americano do oceano, enquanto os ventos polares permaneceram acima da média, favorecendo um amplo resfriamento do Oceano Glacial Antártico. Como consequência, a corrente fria das Malvinas avançou para latitudes mais ao norte, encontrando-se com a corrente fria de Benguela e intensificando o resfriamento do litoral atlântico do continente. Esse conjunto de fatores ajuda a explicar a maior instabilidade climática registrada recentemente.

A avaliação indica que a duração do fenômeno tende a ser limitada, com expectativa de retorno a condições próximas da normalidade até o fim do próximo verão. Ainda assim, o restante da temporada deve seguir sob riscos considerados relevantes para o setor produtivo. Entre eles estão a possibilidade de episódios de frio tardio no sul da região pampeana, com potencial para atrasar o ciclo de desenvolvimento das lavouras, além da ocorrência de tempestades localizadas, marcadas por chuvas intensas, ventos fortes e granizo.

O período entre o final da primavera e o início do verão também pode ser caracterizado por uma fase mais seca e quente, elevando o estresse sobre cultivos e pastagens e criando condições favoráveis ao início de incêndios. No horizonte mais longo, o outono de 2026 pode trazer a combinação de geadas precoces e novas tempestades pontuais, mantendo elevado o nível de atenção para o planejamento agrícola.