Preço do arroz é menor dos últimos 14 anos

O preço médio do arroz em casca no Rio Grande do Sul atingiu, em outubro, o menor nível real desde setembro de 2011, segundo levantamento do Cepea. A forte desvalorização reforça o desânimo dos orizicultores e deve contribuir para a redução da área cultivada na próxima safra.

De acordo com o Indicador CEPEA/IRGA-RS — que considera grãos com 58% de inteiros e pagamento à vista —, o valor atual da saca não cobre os custos de produção, realidade agravada pela dificuldade no acesso ao crédito rural. Esse cenário tem provocado forte insegurança entre os produtores gaúchos, responsáveis por mais de 70% da produção nacional.

A retração nos preços também está relacionada ao comportamento dos compradores. A pressão nos valores do arroz beneficiado, tanto no atacado quanto no varejo, tem limitado o repasse de aumentos ao produtor, criando um gargalo entre a ponta produtiva e o mercado consumidor. Esse desequilíbrio vem dificultando a recuperação dos preços na base da cadeia.

Outro fator que tem encarecido o custo final do arroz é o aumento nas despesas logísticas. Desde o dia 6 de outubro, com o início da fiscalização da tabela de fretes da ANTT, produtores e transportadores enfrentam novas exigências, como contratação obrigatória de seguros e respeito aos valores mínimos de frete. Isso elevou significativamente o custo do transporte até as beneficiadoras e centros consumidores.

O impacto da combinação de preços baixos, custos elevados e crédito escasso pode ser profundo. A tendência de redução da área plantada preocupa entidades do setor, que veem risco de desabastecimento futuro e maior dependência de importações, especialmente em anos de quebra de safra.

Enquanto isso, os produtores buscam alternativas para mitigar prejuízos, como o escalonamento da colheita, renegociação de dívidas e a adoção de tecnologias que reduzam custos operacionais. Ainda assim, o cenário exige atenção do poder público para evitar a perda de competitividade da cadeia orizícola nacional.