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Saiba os impactos do La Niña na safra 2025/26

Adaptação climática será essencial em 2025/26


Foto: Pixabay

Desde setembro de 2025, está oficialmente configurado um episódio de La Niña, com resfriamento das águas do Pacífico Equatorial e potencial para alterar significativamente o desempenho da próxima safra de verão no Brasil. Segundo o meteorologista Gabriel Rodrigues, do Portal Agrolink, o fenômeno é de intensidade fraca, mas com 71% de probabilidade de persistir até fevereiro de 2026, de acordo com projeções da NOAA.

Embora classificado como fraco, o evento climático já provoca mudanças importantes no padrão de chuvas, afetando as regiões agrícolas de maneira distinta. Os efeitos variam conforme a localização e a cultura, exigindo atenção redobrada por parte dos produtores no ajuste de estratégias de manejo.

Centro-Oeste: clima favorável ao plantio antecipado da soja

No Centro-Oeste, a tendência é de que a La Niña favoreça o retorno das chuvas de forma mais regular e bem distribuída, especialmente em Mato Grosso e Goiás. Gabriel Rodrigues destaca que o cenário atual é oposto ao da safra anterior, quando o regime hídrico foi irregular durante o período de plantio.

Com o pico do fenômeno previsto para novembro, os meses de outubro e início de novembro devem apresentar boas condições para o plantio antecipado da soja, o que pode garantir melhor desenvolvimento da cultura antes da chegada de eventuais períodos secos. Esse cenário também é positivo para a cultura do milho verão e demais cultivos de primeira safra, criando uma janela climática mais previsível para a operação das máquinas e o estabelecimento das lavouras.

Sudeste: café e soja se recuperam após dois anos secos

Na região Sudeste, os efeitos do La Niña também devem ser positivos. Gabriel Rodrigues aponta que o retorno das chuvas é uma oportunidade para recuperação dos cafezais em estados como Minas Gerais e São Paulo, após dois anos consecutivos de déficit hídrico. A regularidade das precipitações esperadas neste ciclo deve beneficiar o pegamento da florada e o enchimento dos frutos, favorecendo o potencial produtivo da próxima safra de café.

Para os produtores de soja no Triângulo Mineiro e norte de São Paulo, o cenário é igualmente promissor. A perspectiva de chuvas bem distribuídas durante o estabelecimento das lavouras reduz os riscos de falhas na germinação, comuns em anos de El Niño ou transição climática incerta. Além disso, o deslocamento da estiagem para o final da primavera pode proteger a fase reprodutiva das plantas, etapa crítica para definição da produtividade.

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Sul: estiagem ameaça soja, mas favorece o tabaco

A situação é mais delicada na região Sul, especialmente no Rio Grande do Sul. Gabriel Rodrigues alerta para chuvas abaixo da média entre outubro e dezembro, com destaque para o mês de dezembro, que deve concentrar os maiores desvios negativos de precipitação, principalmente nas regiões sul e oeste do estado. A probabilidade de transição para o regime de La Niña no trimestre é de 65%, o que eleva o risco de estiagens prolongadas.

Esse cenário afeta diretamente a cultura da soja, que poderá enfrentar dificuldades desde o plantio até o enchimento de grãos. A escassez de água pode aumentar a necessidade de replantios, elevar os custos de produção e comprometer os rendimentos. A colheita de culturas de inverno também está ameaçada, além de restringir a janela ideal para implantação das lavouras de verão.

Por outro lado, o tabaco surge como uma das poucas culturas beneficiadas pelas características típicas da La Niña. Segundo Gabriel Rodrigues, a planta demanda alta luminosidade e tolera bem o estresse hídrico, sendo favorecida por períodos de clima seco e temperaturas elevadas. A cultura já demonstrou resiliência em anos anteriores com padrões climáticos semelhantes e pode repetir o bom desempenho na safra 2025/26.

Adaptação climática será essencial em 2025/26

A safra 2025/26 será marcada por contrastes regionais em função do comportamento da La Niña. Enquanto o Centro-Oeste e o Sudeste apresentam um panorama mais otimista para culturas como soja e café, o Sul do Brasil exige atenção redobrada dos produtores devido ao risco de estiagens severas, especialmente no Rio Grande do Sul.

Gabriel Rodrigues reforça que, embora a intensidade do fenômeno seja fraca, os efeitos locais podem ser expressivos. A palavra de ordem para esta safra é adaptação: monitoramento climático constante, planejamento regionalizado e ajustes no calendário agrícola serão cruciais para minimizar perdas e aproveitar as oportunidades que o clima pode oferecer.

 

 

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