Ceará registra maior índice de seca grave em seis anos

O Ceará voltou a entrar em estado de atenção em relação à sua situação hídrica. Dados do Monitor de Secas referentes a novembro de 2025 apontam que 26,73% do território estadual está classificado em condição de seca grave, o maior índice registrado nos últimos quase seis anos. As informações foram divulgadas pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).

O percentual atual se aproxima do recorde observado em janeiro de 2020, quando 28,27% do estado apresentava seca grave relativa. Para a Funceme, o cenário atual “acende um alerta para os impactos da seca prolongada”, especialmente diante da persistência das condições climáticas desfavoráveis.

Segundo a Funceme, o agravamento da situação está ligado principalmente à escassez de chuvas no segundo semestre, período em que a reposição hídrica costuma ser mais limitada. Atualmente, a seca grave atinge 65 municípios, concentrados sobretudo na macrorregião Jaguaribana, com registros também no sul do estado, onde está localizado o Cariri, além do oeste do Sertão Central e dos Inhamuns.

Entre os principais impactos associados à seca grave estão perdas prováveis de culturas agrícolas e pastagens, escassez frequente de água e possibilidade de restrições no uso dos recursos hídricos, com reflexos tanto nas áreas rurais quanto nos centros urbanos.

Apesar do avanço da seca grave, a categoria de seca moderada permanece como a mais predominante no Ceará, abrangendo 55,8% do território estadual. O dado indica a manutenção de um quadro de vulnerabilidade hídrica em grande parte do estado.

O Monitor de Secas é uma ferramenta de acompanhamento contínuo da estiagem no Brasil, com divulgação mensal de mapas que indicam a intensidade e a abrangência da seca em cada unidade da federação. A iniciativa é coordenada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), com apoio de instituições estaduais. No Ceará, a Funceme é responsável pela operacionalização e análise local das informações.

O monitoramento serve como subsídio para a tomada de decisões nas áreas de agricultura, gestão de recursos hídricos e planejamento de políticas públicas, especialmente em regiões historicamente vulneráveis à variabilidade climática, como o semiárido cearense.