O calor invisível que pesa no agronegócio
Qualidade pode ser comprometida

O aumento das temperaturas no Brasil já não é apenas uma questão ambiental, mas também econômica, segundo Claudemir Ozorio Alves da Silva, especialista em Gestão Estratégica. Estudos da Embrapa apontam que o calor e a refração solar nos armazéns e silos comprometem a qualidade dos grãos, enquanto pragas se tornam obstáculos ao comércio internacional, ameaçando a competitividade da soja brasileira. A produção agrícola também sofre com alterações no regime de chuvas e eventos extremos, impactando diretamente a produtividade.
“O clima mais quente vem alterando o regime de chuvas, intensificando eventos extremos e afetando diretamente a produtividade e produção agrícola. Nos armazéns e silos, o excesso de calor e a refração solar podem comprometer a qualidade dos grãos”, comenta.
Pesquisas indicam que o calor pode elevar o preço dos alimentos em até 3% ao ano até 2035, conforme estudo publicado na revista Nature em março de 2024. As regiões mais vulneráveis incluem África, América do Sul e Sul da Ásia, situando o Brasil entre os países que precisam adotar medidas estratégicas de adaptação. Além disso, a qualidade tecnológica das proteínas da soja depende de fatores como local de cultivo, colheita e armazenamento.
Para enfrentar esses desafios, a tecnologia nacional oferece soluções inovadoras. A empresa Thermo Off desenvolveu um revestimento com nanotecnologia de alta refletividade e propriedades fotocatalíticas, capaz de reduzir em até 50% o calor gerado pela radiação solar em superfícies como silos metálicos, armazéns e galpões. Essa iniciativa demonstra como a ciência aplicada pode mitigar perdas econômicas e proteger a competitividade do agronegócio brasileiro diante do aumento constante das temperaturas globais.