Produção recorde e cenário internacional derrubam preços da soja
Mesmo com safra histórica, soja tem menor média de preços desde 2019
Foto: United Soybean Board
O mercado global da soja enfrentou um ano marcado por elevada volatilidade e pressão sobre os preços em 2025. Mesmo com demanda firme em alguns mercados e exportações brasileiras recordes, o excesso de oferta internacional e o cenário geopolítico adverso limitaram as cotações ao longo do ano.
De acordo com dados divulgados pelo Cepea, os preços médios no Brasil foram os mais baixos desde 2019, considerando valores reais. Tanto o Indicador CEPEA/ESALQ Paraná quanto o CEPEA/ESALQ – Paranaguá (PR) refletiram a pressão negativa dos fundamentos globais. No mercado externo, o contrato com vencimento mais próximo na CME Group registrou sua menor média anual desde 2020.
No Brasil, mesmo com o menor estoque de passagem dos últimos quatro ciclos, a colheita acelerada da safra 2024/25 garantiu um volume recorde de 171,48 milhões de toneladas. A quebra no Rio Grande do Sul foi compensada pela produtividade elevada em outras regiões, ampliando a oferta doméstica e dinamizando o mercado spot.
Com esse desempenho, o Brasil respondeu por aproximadamente 40% da produção mundial de soja em 2024/25, estimada em 427,15 milhões de toneladas, segundo o USDA. O cenário internacional também contribuiu para o excesso de oferta: os Estados Unidos colheram 119,04 milhões de toneladas, com avanço de 5%, e a Argentina, 51,1 milhões de toneladas, crescimento de 6% frente ao ciclo anterior.
A política de "retenciones" (impostos de exportação) na Argentina e as disputas comerciais entre China e Estados Unidos adicionaram incertezas ao mercado, influenciando os fluxos de comércio e as decisões de venda. Ainda assim, o comércio global de soja atingiu 184,8 milhões de toneladas em 2024/25, alta de 3,9% em relação ao ciclo anterior.
A China continuou sendo o principal destino da soja brasileira, embora tenha reduzido suas compras totais em 3,5%. O Brasil compensou essa retração com crescimento nas vendas para outros mercados, mantendo a liderança global. Ao todo, o País respondeu por 55,8% das exportações mundiais, segundo dados consolidados até novembro.
Entre os destaques do ano, chamou atenção o crescimento expressivo das importações brasileiras pela Argentina, que ampliou suas compras em 73,5% no período. Esse movimento atípico refletiu a necessidade da indústria argentina diante da recomposição de estoques e mudanças internas.