Preço da soja oscila com valorização do Real
Custos altos pressionam rentabilidade da soja

Segundo a Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (Ceema), na análise referente à semana de 12 a 18 de setembro publicada nesta quinta-feira (18), “no Brasil, apesar de Chicago um pouco mais forte e dos prêmios ainda firmes, a nova valorização do Real frente ao dólar, com nossa moeda passando a R$ 5,30/dólar e até menos em alguns momentos da semana, fez com que os preços se reacomodassem”.
A soja, no Rio Grande do Sul,“apesar de a média ter subido para R$ 126,09/saco na semana, as principais praças locais registraram R$ 123,00”. Em outras regiões do país, “os valores da oleaginosa oscilaram entre R$ 119,00 e R$ 126,00/saco”.
De acordo com análise com base nos dados do AgRural,“o plantio da nova safra de soja brasileira teria atingido, até o dia 11/09, a 0,12% da área esperada para todo o país, segundo o AgRural”. No Paraná, segundo o Deral, “a mesma teria atingido a 3% do total esperado em 16/09”. Para comparação, “em 2024 o plantio havia atingido 1% da área na mesma época, enquanto em 2023 e 2022 o índice era de 6% em meados de setembro”. A área plantada com soja no Paraná “está estimada em cerca de 5,8 milhões de hectares, com aumento de 1% na comparação com o ano anterior”.
No Mato Grosso do Sul, “com o fim do vazio sanitário em 15/09, o plantio da soja também iniciou”. A expectativa é de “uma área total de 4,79 milhões de hectares, com aumento de 5,9% sobre o ano anterior”. Em clima normal, “a produção deverá atingir 15,2 milhões de toneladas, ganhando 8,1% sobre o ano anterior”. Já “a produtividade média projetada é de 52,8 sacos/hectare, com crescimento de 2% sobre o ano anterior, conforme o apontado pela Aprosoja/MS”.
A análise destacou que “além do clima, os altos custos de produção preocupam os produtores locais”. “Comparando com julho de 2024, observa-se alta expressiva em diversos fertilizantes: o MAP subiu 43%, o MAP Purificado 44%, a ureia 25% e o cloreto de potássio (KCL) 23%. Até mesmo insumos de uso complementar, como o Starter Manganês Platinum (+39%) e o Nitrato de Potássio (+16%), tiveram valorização relevante”.
Um estudo da Serasa Experian citado pela Ceema indica que “a soja responde por cerca de 30% do custeio total do agronegócio brasileiro e vem vivendo, nos últimos anos, um cenário de forte oscilação de receitas, custos e margens”. O estudo, a partir de dados dos últimos cinco anos, criou quatro categorias para analisar o impacto nas margens. Segundo o levantamento, “nas últimas cinco safras, o ciclo 2021/22 marcou o auge de rentabilidade para o produtor, com receita média de R$ 8.465,03 por hectare, impulsionada pelo preço da saca acima de R$ 150,00 e, em alguns casos, ultrapassando R$ 175,00”. No entanto, “a produtividade caiu 7% devido a condições climáticas adversas”. Em 2023/24, “a receita por hectare caiu 15% em relação ao pico registrado em 2021/22, chegando a R$ 6.922,12, acompanhada de queda de 3% na produtividade”.
O estudo ainda aponta que “os custos também pesaram”. Fertilizantes e defensivos “subiram fortemente entre 2021 e 2022, pressionados pela pandemia e pela guerra na Ucrânia”. O custo por hectare “atingiu o pico em 2022/23, com R$ 5.713,62 para produtores com terras próprias e R$ 7.505,49 para arrendatários”. A margem média do produtor proprietário “era de 48,6% em 2020/21, caiu para 29,6% em 2022/23 e recuperou para 35,7% em 2024/25”. Para o arrendatário, “a situação foi mais crítica: de 27,2% em 2020/21 para apenas 7,3% em 2023/24, com recuperação parcial para 14,8% em 2024/25”.
A Ceema também informou que “no Brasil identifica-se que a participação do óleo de soja, na margem de lucro da indústria de esmagamento, praticamente se igualou à do farelo nesta semana, atingindo um patamar recorde que reflete o avanço da demanda do setor de biodiesel”. A participação do óleo “na margem da indústria aumentou para 49%, enquanto a do farelo passou a 51%, no dia 11/09, após o Brasil ter elevado em agosto a mistura de biodiesel no diesel a 15%”. Segundo a ANP, “cerca de 80% do biocombustível foi feito a partir de óleo de soja”.
A Ceema comparou que “a participação média do farelo na margem de lucro das indústrias no ano passado foi 62,2%, enquanto a do óleo foi de 37,8%”. O valor do óleo de soja “posto na região de São Paulo, com 12% de ICMS, avançou 3,4% entre 4 e 11 de setembro, atingindo R$ 7.531,65/tonelada no dia 11/09, o maior patamar nominal desde 18 de novembro de 2024”. No período, “a chamada margem de esmagamento subiu 8,3%, chegando a R$ 495,70/tonelada”. O retorno financeiro da indústria, “em relação ao custo da soja, avançou para 23,9% no dia 11/09, segundo a Cepea”.
Em tal contexto, “espera-se que o Brasil esmague um recorde de 58,5 milhões de toneladas de soja em 2025”. Esse volume “seria 5% acima do registrado em 2024 e se deve ao impulso dado pelo biodiesel”. Com o aumento na perspectiva de processamento, “o estoque final total de soja foi ajustado para 4,4 milhões de toneladas, com queda de 5,4% frente à estimativa anterior, mas ainda acima das 4,1 milhões do ano passado”. Por outro lado, “a produção de farelo de soja foi elevada para 45,1 milhões de toneladas, com exportações projetadas em 23,6 milhões de toneladas e consumo interno em 19,5 milhões de toneladas”. Já “a produção de óleo de soja foi elevada para 11,7 milhões de toneladas, com exportações de 1,35 milhão de toneladas e consumo interno de 10,5 milhões de toneladas", conforme os dados do Abiove.