Pastagem de trigo mostra maior tolerância às geadas
Embrapa avalia impacto das geadas nas pastagens

As geadas intensas registradas na Região Sul durante os meses de junho e julho têm provocado impacto direto na oferta de forragens destinadas à produção pecuária. Segundo a Embrapa Trigo, as pastagens de trigo têm demonstrado maior tolerância às baixas temperaturas em comparação com outras culturas forrageiras utilizadas nas propriedades rurais da região.
De acordo com o pesquisador Renato Serena Fontaneli, da Embrapa Trigo, as principais forrageiras de inverno empregadas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e no Centro-Sul do Paraná são a aveia, o trigo e o azevém. Fontaneli esclarece que “a geada costuma afetar a aveia causando o crestamento das plantas. Quando a geada é seguida de dias ensolarados, a planta pode se recuperar entre quatro a sete dias, mas o crescimento é mais lento, devido às baixas temperaturas e dias curtos, até a plena oferta de forragem de aveia”.
O azevém, por sua vez, geralmente semeado junto com a aveia entre março e abril, só apresenta produção forrageira no final do inverno. Apesar da menor tolerância ao frio, a aveia preta continua sendo escolhida por muitos produtores, principalmente pelo menor custo das sementes. Conforme os dados apresentados, o valor da semente de trigo é quase o dobro do preço da semente de aveia preta.
Entretanto, a diferença na produção de biomassa entre as duas culturas é expressiva. Em experimento conduzido na Embrapa Trigo, que simulou ciclos de pastejo entre março e novembro, o trigo apresentou rendimento médio de 900 kg de matéria seca por corte, enquanto a aveia atingiu 533 kg.
No que se refere ao manejo, Fontaneli aponta que trigo e aveia demandam cuidados semelhantes quanto ao controle de pragas e doenças. No entanto, o trigo requer mais aplicações de adubo, principalmente ureia após cada pastejo, devido ao seu maior período de produção de biomassa.