Dólar em queda trava vendas de soja e pressiona preços no Brasil
Valorização do real frente ao dólar reduziu o ritmo de comercialização da soja

A valorização do real frente ao dólar reduziu o ritmo de comercialização da soja na última semana. Segundo o Cepea, a desvalorização da moeda norte-americana afeta a paridade de exportação e limita os negócios com grandes volumes.
A recente queda do dólar, que alcançou na semana passada o menor patamar desde junho, trouxe impactos imediatos para o mercado de soja. De acordo com análise do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), essa movimentação cambial pressiona a paridade de exportação, tornando menos vantajosa a negociação da oleaginosa brasileira no mercado externo e refletindo em menor liquidez interna.
O cenário atual é influenciado por fatores macroeconômicos relevantes. A redução de 0,25 ponto percentual na taxa de juros dos Estados Unidos, aliada à manutenção da Selic em patamar elevado no Brasil – o maior desde 2006 –, pode favorecer a entrada de capital estrangeiro no país. Esse fluxo financeiro tende a fortalecer o real frente ao dólar, contribuindo para a valorização da moeda brasileira e, consequentemente, dificultando a formação de preços competitivos para a exportação da soja.
Segundo o Cepea, produtores e agentes do mercado adotaram duas estratégias distintas. Parte deles buscou aproveitar a janela de preços ainda atrativos antes de uma possível intensificação da queda cambial. Outra parcela optou pela cautela, suspendendo novos negócios e acompanhando atentamente as movimentações climáticas nos Estados Unidos e o início das atividades de campo no Brasil.
A primeira estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra 2025/26 projeta uma área de cultivo recorde para a soja brasileira: 49,08 milhões de hectares. A produção estimada é de 177,6 milhões de toneladas, volume ligeiramente acima das projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que apontam para 175 milhões de toneladas.
Com o câmbio em baixa e a entrada gradual de capital estrangeiro, o ambiente segue desafiador para as negociações envolvendo grandes lotes de soja. A tendência é de manutenção da prudência por parte dos vendedores, enquanto se consolidam os dados climáticos das principais regiões produtoras e se confirmam as expectativas sobre a safra recorde anunciada. O comportamento da moeda e o ritmo das exportações devem seguir como pontos-chave para a definição dos preços no curto e médio prazos.