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Agricultora é exemplo de vida em assentamento mineiro

Exemplo vivo de coragem e luta pela dignidade


Armezinda da Silva Firmino é moradora do assentamento Padre Jesus, na comunidade de Vargem Alegre, município mineiro de Espera Feliz. Ela é exemplo vivo de coragem e luta pela dignidade. Sua história de vida lhe garantiu o prêmio de primeiro lugar no concurso #MulheresRurais, mulheres com direitos, na modalidade texto, onde contou um pouco do caminho trilhado de dificuldades e superação.

Nasceu em uma família de 12 irmãos, a agricultora precisou parar de estudar cedo para ajudar nas tarefas de casa, da roça. Entretanto, nunca perdeu a esperança de um dia retomar os estudos. A vontade era maior que a descrença e as dificuldades. 

Casou-se aos 16 e, anos depois, mesmo sem o apoio da família, encarou o desafio de uma sala de aula cheia de adolescentes, onde a diferença de idades destoava. Ela voltou para a quinta série e não desistiu. Foram cinco anos de dedicação até concluir o segundo grau. Incentivou também suas duas filhas a estudarem, e hoje, uma vez por semana, ensina outras agricultoras a ler e escrever.

“Elas já conhecem o alfabeto, escrevem o nome e conseguem fazer algumas operações bancárias sozinhas. São conquistas grandes para quem sentia vergonha por não ter estudado. Uma delas, toda quinta, anda uma hora a pé para frequentar as aulas”, conta emocionada.

Armezinda se desafiou a ir mais além. Passou a participar das reuniões da comunidade e do sindicato, um marco de ousadia para alguém que estava acostumada a ficar só dentro de casa. “No começo a gente acha que é uma coisa que não faz parte da nossa vida, que é perda de tempo, mas começa a ver que é crescimento pessoal”, enfatiza.

Hoje, a agricultora lidera um grupo com mais de 20 mulheres chamado Raízes da Terra, criado a partir do trabalho de mobilização de mulheres feito pelo Centro de Tecnologias Alternativas (CTA) que atua no setor da agroecologia na região. “É fundamental participar dessas atividades. A gente tinha na cabeça que ser mulher, é ser menos que o sexo masculino, é não ter poder, não ter vez, nem voz. Eu mesma não valorizava o que fazia, achava que era um trabalho menos importante.”

Em todo o país, as mulheres desempenham papéis imprescindíveis. E no campo, nas atividades agrícolas, agroecológicas não é diferente. Na Zona da Mata, região onde a agricultora mora, em quase toda casa, tem uma mulher secando e guardando sementes para plantar ou trocar. Para ela, muitas mulheres ainda podem até pensar que renda vem só de produção de café, mas a maioria sabe que a maior parte dos alimentos consumidos pelas famílias vem do próprio quintal, e é a mulher que tem produzido esse sustento.

“Hoje percebo que não temos diferenças e que devemos lutar por uma paridade de direitos entre homens e mulheres. Nos movimentos sociais que participo, inclusive na igreja, eu pratico o que é para o bem-estar, porque a vida não é para ser escravizada ou para ser engolida, é para ser vivida com dignidade”, afirma.


Concurso #MulheresRurais

O projeto traz como tema principal o papel das mulheres no desenvolvimento rural e no alcance dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Os materiais inscritos abordaram assuntos como redução da pobreza rural, segurança alimentar e nutricional e infraestrutura, entre outros.

O objetivo é dar visibilidade ao empoderamento daquelas que trabalham no campo, nas águas e nas florestas. Premiando, através da iniciativa, relatos de agricultoras, extensionistas rurais e organizações rurais que atuam pela redução das desigualdades de gênero no meio onde vivem.

O resultado do concurso foi divulgado no dia 15 de setembro no site da campanha #MulheresRurais. Para saber mais sobre o concurso, as ganhadoras e premiações acesse.                                                                                                                                

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