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Sou de Algodão na SPFW 2025: moda rastreável assume protagonismo

Sou de Algodão leva moda rastreável e sustentável para a SPFW 2025

Foto: Canva

O movimento Sou de algodão, iniciativa da Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de algodão), retorna à São Paulo Fashion Week (SPFW) para seu 4º desfile, na principal semana de moda do país, reafirmando a força de uma cadeia produtiva que une sustentabilidade, inovação e design. O desfile acontece no dia 17 de outubro, sexta-feira, às 19h, no Pavilhão das Culturas Brasileiras, no Parque Ibirapuera, em São Paulo.

Com o tema “Trajetórias”, a coleção celebra o caminho do algodão brasileiro com certificação socioambiental, desde o campo até a criação de moda autoral, com 36 looks all black, desenvolvidos no âmbito do programa de rastreabilidade SouABR (Algodão Brasileiro Responsável).

Moda rastreável: o futuro é coletivo

Nesta edição, o Sou de Algodão apresenta um panorama inédito da rastreabilidade da fibra no Brasil: são 82 fazendas, 61 produtores, seis estados e seis indústrias têxteis que integram a cadeia de custódia do algodão certificado ABR utilizado na coleção.

“Em nosso quarto desfile na SPFW, a rastreabilidade do algodão brasileiro com certificação socioambiental assume o protagonismo”, explica Silmara Ferraresi, gestora do movimento Sou de Algodão e diretora de Relações Institucionais da Abrapa. “É uma trajetória coletiva que reúne produtores, indústrias e estilistas para mostrar que o futuro da moda é responsável e transparente”.

O presidente da Abrapa, Gustavo Piccoli, reforça: “Cada peça é fruto de uma conexão genuína entre campo e passarela. O algodão brasileiro é símbolo de qualidade, rastreabilidade e compromisso com práticas responsáveis; valores que ganham forma e significado neste desfile”.

Seis estados, uma só fibra

O desfile reúne peças compostas por algodão cultivado na Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Piauí - estados onde o programa ABR certifica propriedades que seguem padrões sociais, ambientais e de governança.

A coleção também evidencia a atuação de seis indústrias têxteis brasileiras que integram a cadeia de custódia do algodão: Cataguases e RenauxView - que assinam os tecidos de camisaria -, Santana Textiles e Vicunha - responsáveis pelos denim -, Dalila - que trabalha com malharia -, e Fio Puro, que representa a fiação, completando o ciclo da fibra até o tecido final.

Cada novelo de fio, que virou rolo de tecido, que se transformou em cada look traz em si o percurso de uma fibra cultivada com responsabilidade, comprovada por um sistema de rastreabilidade, que conecta o produtor ao consumidor final.

Trajetórias: conceito e styling por Paulo Martinez

Para o stylist Paulo Martinez, o conceito “Trajetórias” nasce da ideia de celebrar os caminhos percorridos, do campo à criação, da fibra ao corpo.

A escolha do all black traduz essa conexão de forma simbólica: o preto absoluto é o ponto onde todas as cores se encontram, como se cada etapa do processo convergisse em uma única expressão de unidade e força.

“O conceito do all black veio de um lugar de comemoração, inspirado em uma festa black tie para celebrar os 30 anos da semana de moda paulistana”, explica Martinez. “Mais do que uma estética, é um gesto de respeito. Um agradecimento a todos que constroem a moda de forma consciente e coletiva”.

Na passarela, 36 looks formam uma narrativa contínua que atravessa territórios, técnicas e linguagens. A cor única revela a essência do algodão, sua textura, peso, toque e movimento, sem distrações, permitindo que cada um dos seis estilistas traduza, à sua maneira, as infinitas possibilidades da fibra natural.

Os criadores e suas trajetórias

Alexandre Herchcovitch
Herchcovitch propõe uma leitura sofisticada e emocional do algodão, deslocando-o de seu imaginário casual. Em sua coleção, o tricoline ganha leveza, o denim aparece cru e a sarja revela sua textura original, sem lavagens ou interferências.

“O que mais me atrai no algodão é a percepção. Meu desejo é que a rastreabilidade seja algo natural, o básico da moda. Que todos saibam de onde vem o que vestem”, diz o estilista, cujo trabalho propõe uma moda honesta e essencial, em que a beleza surge do próprio material.

ALUF
A ALUF apresenta o algodão em sua forma mais inesperada: como matéria-prima de vestidos de festa e silhuetas escultóricas. São peças de volumes inusitados, alças em 3D e acabamentos delicados, que revelam a sofisticação e a versatilidade da fibra natural.

A coleção mostra que o algodão também pode ser luxo, fluidez e emoção, sem perder sua essência sustentável. “Cada look traduz o encontro entre o artesanal e o contemporâneo. A rastreabilidade é parte da beleza; saber de onde vem o tecido é o que dá sentido ao que fazemos”, explica Ana Luisa Fernandes, diretora criativa da marca.

Amapô
A dupla Carô Gold e Pitty Taliani, da Amapô, parte de seu próprio arquivo de 20 anos para revisitar e reconstruir peças icônicas da marca.

Cada look renasce em versão all black, como uma nova leitura sobre o passado; uma coleção que é também um gesto de memória e reinvenção.

“Foi um exercício de desapego e de desconstrução do algodão”, conta Carô. “Recondicionamos o tecido para novos usos, como um vestido de festa feito inteiramente em malha piquet. A rastreabilidade, neste contexto, é tranquilizadora. Ela nos reconecta com o que movimenta o mundo”.

David Lee
Inspirado literalmente pelo tema “Trajetórias”, David Lee transforma o percurso  do algodão em metáfora visual: costuras e texturas se entrelaçam para formar desenhos que lembram estradas, mapas e fluxos. Sua coleção carrega referências utilitárias e campesinas, que equilibram rusticidade e refinamento.

“O algodão é versátil, durável e tem uma modelagem impecável. As pessoas muitas vezes não sabem o caminho que a fibra percorre, e é esse o percurso que eu quis mostrar”, reitera. Em suas peças, cada dobra e cada costura contam uma história, representando o elo invisível entre o trabalhador do campo e o consumidor urbano.

Fernanda Yamamoto
Acostumada a experimentar técnicas artesanais e estruturas complexas, a Fernanda Yamamoto mergulha pela primeira vez em uma coleção composta inteiramente por algodão. Ela leva a fibra para lugares inesperados, com peças de arquitetura têxtil precisa, que combina listras, risca de giz e origamis.

“O algodão é muito mais do que leveza ou casualidade. É uma fibra de construção, de resistência e de sutileza. Ele pode ser tudo, de estruturado a fluido”.

Sua proposta convida à reflexão sobre a potência técnica e expressiva do algodão, e sobre como a moda pode ser simultaneamente artesanal, contemporânea e responsável.

Weider Silveiro
Weider revisita sua trajetória pessoal e propõe uma alfaiataria desconstruída em algodão, que desafia gênero e tradições. O estilista explora contrastes entre o feminino e o masculino, com cortes de precisão, volumes inesperados e tecidos de diferentes pesos.

“Desconstruir a alfaiataria é prazeroso. O algodão é cheio de possibilidades, é confortável, respirável e humano. Saber de onde vem o tecido é um gesto de afeto, é sobre pessoas e não só sobre máquinas”, afirma o criativo, que sintetiza a essência do desfile ao afirmar a moda como expressão humana, consciente e conectada à origem.

O algodão como símbolo de união

Em “Trajetórias”, cada estilista percorre seu próprio caminho criativo, mas todos partem da mesma fibra: o algodão brasileiro certificado e rastreável.

Das fazendas às passarelas, o desfile do Sou de Algodão reafirma que a moda do futuro é feita de colaboração, transparência e propósito.

“A SPFW sempre foi um espaço de expressão e de transformação coletiva. Ver o Sou de Algodão celebrar essa trajetória é testemunhar a força da moda brasileira quando ela se conecta à sua origem, e projeta o futuro com consciência. Este desfile traduz a beleza do ciclo completo, da fibra à criação, e reafirma que inovação e responsabilidade caminham juntas no novo tempo da moda”, completa Paulo Borges, idealizador e diretor criativo da SPFW.

 

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