Exportações de café do Brasil caem 18%, mas receita sobe com preços mais altos
Menor oferta, tarifas dos EUA e clima impactam exportações de café

O Brasil exportou 3,75 milhões de sacas de café em setembro, volume 18,4% inferior ao mesmo mês de 2024. A queda, apontada por dados do Cecafé analisados pelo Cepea, reflete uma combinação de fatores: menor safra, problemas no beneficiamento, estoques apertados e novas tarifas impostas pelos Estados Unidos.
Mesmo com o recuo nas exportações físicas, a receita gerada subiu 11,1%, alcançando US$ 1,369 bilhão. O resultado positivo no faturamento é atribuído à valorização do grão brasileiro no mercado internacional, impulsionada pela oferta limitada.
Segundo o Cepea, a menor disponibilidade de café no Brasil é consequência de uma safra reduzida. Além disso, adversidades durante o beneficiamento – etapa de preparo do grão para exportação – agravaram o cenário, comprometendo o ritmo dos embarques. A imposição de tarifas pelos Estados Unidos, importante destino do produto, adicionou pressão às exportações.
As medidas norte-americanas se inserem em um contexto mais amplo de tensões comerciais que afetam diretamente a competitividade do café brasileiro. Os impactos podem ser sentidos ao longo de toda a cadeia produtiva, desde os produtores até os exportadores e cooperativas.
No campo, um alento vem do clima: após um período seco, as chuvas retornaram às principais regiões produtoras no início de outubro. A pluviosidade foi recebida com otimismo, sobretudo porque no final de setembro já havia sido registrada uma florada significativa, sinalizando boas perspectivas para a próxima safra.
A combinação entre preços firmes no mercado externo e o início promissor do novo ciclo pode representar uma janela de recuperação para o setor. No entanto, a pressão internacional sobre as exportações brasileiras deve seguir no radar dos produtores e autoridades.