Tensão EUA-China valoriza soja brasileira apesar de dólar em queda
Oferta nos EUA avança mais rápido que o histórico

O mercado global de soja apresentou comportamentos divergentes na última semana, de acordo com análise da Grão Direto. Enquanto nos Estados Unidos a colheita acelerada pressionou negativamente os contratos futuros, no Brasil os preços internos resistiram à queda, sustentados por prêmios de exportação em níveis elevados.
Segundo a Grão Direto, o avanço da colheita nos EUA — que já atinge 5% da área, superando a média histórica — sinaliza uma entrada robusta de oferta no mercado global. Esse fator, somado à ausência de novos anúncios de compras chinesas após contato diplomático entre os presidentes dos EUA e da China, resultou em uma desvalorização de quase 2% no contrato de novembro/25 na Bolsa de Chicago (CBOT).
Em contraste, o mercado brasileiro de soja demonstrou resiliência. Ainda conforme análise da Grão Direto, a valorização dos prêmios nos portos atuou como escudo contra a queda externa e a desvalorização cambial. Em Paranaguá, o preço da saca encerrou a semana a R$ 140, mesmo com o dólar recuando para R$ 5,32.
A firmeza nos prêmios reflete a continuidade das tensões comerciais entre EUA e China, que vêm direcionando a demanda do país asiático para a América do Sul. A Grão Direto ressalta que as projeções da ANEC para setembro — entre 7,2 e 7,85 milhões de toneladas embarcadas — confirmam a forte procura pela soja brasileira, superando com folga o volume registrado no mesmo período de 2024.
Plantio sob cautela e clima como variável-chave
Ainda de acordo com a análise, o mercado agora volta as atenções para o início do plantio da safra 2025/26, que avança de forma lenta em estados como Paraná e Mato Grosso. A regularidade das chuvas nas próximas semanas será determinante para a evolução dos trabalhos de campo.
A Grão Direto também destaca o aumento da probabilidade de ocorrência do fenômeno La Niña durante a primavera. Mesmo em intensidade fraca, o evento climático pode impactar a Região Sul com chuvas abaixo da média, comprometendo o potencial produtivo e adicionando um prêmio de risco climático às negociações futuras.
Outro ponto de atenção para o mercado é o novo relatório do USDA, previsto para esta segunda-feira. Segundo a Grão Direto, a continuidade da colheita nos EUA tende a aumentar a oferta global, encurtando a janela de oportunidade para que o Brasil capitalize os prêmios de exportação ainda em vigor. O momento é estratégico para os exportadores brasileiros. A demanda aquecida, combinada à limitação de tempo antes da consolidação da oferta norte-americana, impõe urgência na comercialização do restante da safra 2024/25. Ao mesmo tempo, o clima e o contexto geopolítico permanecem como variáveis decisivas na formação de preços para os próximos meses.