Colheita de milho nos EUA avança, mas impasse fiscal paralisa dados e gera incerteza global
Colheita já alcançou 40% da área plantada

A colheita de milho nos Estados Unidos avança e já alcança cerca de 40% da área plantada, mas o mercado global opera em meio à incerteza. A crise fiscal que paralisou parte do governo norte-americano impediu a divulgação do relatório de oferta e demanda do USDA, ferramenta fundamental para o equilíbrio internacional da commodity.
Em Chicago, os contratos futuros recuaram levemente, fechando o dia 9 de outubro a US$ 4,18 por bushel. A ausência de informações oficiais gerou volatilidade e ampliou o espaço para especulações. “Sem as estatísticas do USDA, o mercado fica no escuro, e isso afeta decisões comerciais em todo o mundo”, observa Argemiro Brum, da CEEMA.
Apesar disso, a demanda interna dos EUA segue firme, especialmente puxada pela indústria de etanol, o que contribui para limitar quedas mais acentuadas nos preços. Contudo, com a entrada da safra recorde americana no mercado, os principais concorrentes, como Brasil e Ucrânia, devem enfrentar desafios para manter seus volumes exportados.
No Brasil, as exportações acumuladas entre fevereiro e setembro somam 18,8 milhões de toneladas — 4% abaixo do mesmo período de 2024. Especialistas apontam que o ritmo deve cair ainda mais, diante da concorrência agressiva dos Estados Unidos, que volta com força ao mercado internacional.
Outro fator relevante é a valorização do real frente ao dólar, que reduz a competitividade brasileira. Segundo analistas, a conjuntura atual favorece a hegemonia dos EUA nas vendas internacionais, ao menos no curto prazo.
Enquanto isso, a China se mantém atenta às oportunidades de compra, avaliando fornecedores com base em preço, volume e previsibilidade logística — aspectos que poderão ser redefinidos conforme se desenrola a crise fiscal norte-americana e avança a colheita nos demais países produtores.