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Uso de NBPT e tecnologias associadas no milho

O Nitrogênio é nutriente chave para o rendimento da lavoura de milho


Foto: Divulgação

Na cultura do milho, o uso de inibidores da urease como o NBPT (N (n butil) tiofosfórico triamida) e outras tecnologias associadas ganham espaço como estratégia para melhorar a eficiência da adubação nitrogenada e reduzir perdas de Nitrogênio (N).

O Nitrogênio é nutriente chave para o rendimento da lavoura de milho, e suas perdas — por volatilização, lixiviação ou desnitrificação — comprometem a eficiência do investimento e aumentam o impacto ambiental. Tecnologias que permitem reduzir essas perdas e garantir que mais N aplicado seja efetivamente absorvido pela planta podem gerar ganhos significativos de produtividade e sustentabilidade.

Funcionamento do NBPT e base tecnológica

O NBPT atua inibindo a enzima urease do solo, que catalisa a hidrólise da Ureia aplicada à amônia (NH3) — a etapa inicial que leva à volatilização quando o fertilizante permanece na superfície do solo sem incorporação. Estudos indicam que “a aplicação de Ureia com inibidor de urease (NBPT) promoveu redução na volatilização de amônia em doses acima de 195 kg ha?¹ de N, em área de cultivo de milho, quando comparada com a Ureia convencional.” I Outra publicação aponta que “o NBPT aumenta a eficiência de uso do N da Ureia, proporcionando maior produtividade para as culturas” 

Dessa forma, o uso de ureia tratada ou fertilizantes nitrogenados de eficiência aumentada (FEA) figura como uma tecnologia de valor agregado no manejo da adubação.

Evidências de aplicação no milho

Em ensaios em milho houve constatação de que a ureia + NBPT resultou em maior rendimento de grãos em relação à ureia convencional, atribuído à menor perda por volatilização e maior disponibilidade de N para a planta. Além, a literatura técnica brasileira registra que em sistemas de plantio direto, onde a palhada recobre o solo e a incorporação do fertilizante pode ser dificultada, a volatilização da ureia torna se problema ainda mais agravado — e tornam se mais relevantes as tecnologias de estabilização. 

Outro aspecto: em estudo da cultura do milho, aplicou se doses variadas de N (0, 65, 130, 195, 260 kg ha?¹) e fontes de N (uréia comum versus ureia com inibidor de urease) — resultados indicaram que a ureia tratada promoveu menor volatilização em doses mais elevadas. 

Condições de uso e principais recomendações

Para o uso da ureia + NBPT ou de fertilizantes nitrogenados de eficiência aumentada (FEA) serem eficazes, é necessário considerar:

•    Aplicação em condições que permitam boa infiltração de água no solo após a fertilização: uma chuva de ~20 mm ou irrigação facilita a incorporação da NH4? antes que ocorra volatilização. 

•    Em sistemas de plantio direto (SPD), com palhada espessa e solo pouco revolvido, o risco de volatilização é maior; portanto, o uso de inibidor de urease assume maior importância. 

•    Mesmo com NBPT, o manejo do solo, cobertura vegetal, momento da aplicação e dose são determinantes para verificar retorno econômico.
Impactos para a produtividade e sustentabilidade

A adoção dessas tecnologias permite elevar a eficiência do uso do nitrogênio (EUN) — ou seja, a proporção do N aplicado absorvido pela planta e convertido em produção. Isso contribui para:

•    Maior produtividade por hectare, pois mais N se torna disponível para a planta no momento certo.

•    Redução de perdas de N para o ambiente (volatilização de NH3, emissão de gases, lixiviação) — o que melhora o perfil de sustentabilidade da lavoura.

•    Possibilidade de reduzir a dose de fertilizante ou melhorar a relação custo benefício da adubação.

Entretanto, é importante destacar que o ganho não é automático: se a fertilização for mal programada, aplicada em condições adversas ou não incorporada, o benefício pode ser pequeno ou inexistente. 

Limitações e cuidados

•    Em solos altamente arenosos, com alta temperatura ou onde a incorporação da ureia é imediata, o efeito diferencial do NBPT pode ser menor. Estudos mostram que “a disponibilidade de N, na forma de ureia com inibidor de urease, depende de temperatura, umidade, palhada e incorporação”. 

•    O custo dessa tecnologia pode ser superior ao da ureia convencional — o que exige avaliação de retorno econômico na propriedade.

•    A simples adoção do inibidor não substitui um bom planejamento de adubação (dose, momento, parcelamento, análise de solo, histórico de palhada).

•    Monitoramento e análise da resposta da cultura devem acompanhar a implantação da tecnologia, para ajustes finos.

Integração com outras tecnologias relacionadas

O uso do NBPT costuma estar associado a práticas complementares que elevam a eficiência da adubação nitrogenada no milho, tais como:

•    Parcelamento da adubação (parte na semeadura + cobertura) para ajustar oferta de N ao estádio da cultura. 

•    Uso de mapas de produtividade, agricultura de precisão e amostragem de solo para ajustar doses segundo a zona da lavoura.

•    Escolha de híbridos adaptados, rotação de culturas, cobertura de solo e manejo de palhada para favorecer absorção de N e reduzir perdas.

Tendências

No Brasil, a adubação nitrogenada no milho frequentemente é baseada na ureia convencional, importada em grande parte. Tecnologias de fertilizantes nitrogenados de eficiência aumentada (FEA) incluindo NBPT ganham visibilidade à medida que se busca sustentabilidade e eficiência na lavoura de milho. 

Com a intensificação da produção, sobretudo em regiões como Cerrado, onde o sistema de produção exige elevado aporte de nutrientes, o diferencial de eficiência dos fertilizantes tratados torna se mais relevante. Além disso, a pressão por práticas mais sustentáveis reforça a adoção dessas tecnologias.

Para o produtor de milho, a adoção de ureia + NBPT ou de outras tecnologias nitrogenadas de eficiência aumentada representa uma ferramenta adicional no leque de manejo da adubação. 
 

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