Incertezas globais e fiscais pressionam câmbio e expectativas
Nos Estados Unidos, o mercado de trabalho mostrou enfraquecimento em novembro
Nos Estados Unidos, o mercado de trabalho mostrou enfraquecimento em novembro - Foto: Pixabay
O cenário econômico recente tem sido marcado por sinais mistos no ambiente internacional e por desafios persistentes no quadro doméstico, combinando desaceleração em algumas economias avançadas, ajustes de política monetária e incertezas fiscais e políticas em mercados emergentes, segundo o Rabobank. Esses fatores seguem influenciando expectativas para câmbio, inflação, juros e contas externas, além de orientar a agenda de indicadores que será acompanhada nas próximas semanas.
Nos Estados Unidos, o mercado de trabalho mostrou enfraquecimento em novembro, com a criação de apenas 64 mil vagas, enquanto o núcleo da inflação medida pelo CPI avançou para 2,6% em base anual. No Japão, o Banco do Japão elevou a taxa básica para 0,75%, o nível mais alto em três décadas, e indicou que novos aumentos podem ocorrer. No Brasil, a ata mais recente do Copom manteve um tom duro, reforçando a sinalização de política monetária restritiva por período prolongado.
A combinação de incerteza tarifária e geopolítica no exterior com incertezas fiscais e políticas internas pressionou o câmbio. O dólar encerrou a semana anterior a R$ 5,5434, o que representou uma depreciação semanal de 2,3% do real, o pior desempenho entre 24 moedas emergentes acompanhadas. Mesmo com o elevado diferencial de juros e o enfraquecimento global do dólar, a expectativa é de encerramento do ano em torno de R$ 5,50.
No front monetário, o cenário central segue sem cortes na Selic até o fim do primeiro trimestre de 2026, com a taxa permanecendo em 15,00% e eventuais reduções condicionadas ao comportamento dos dados econômicos a partir do segundo trimestre. Nas contas externas, o déficit em transações correntes atingiu US$ 4,9 bilhões em novembro e soma US$ 77,7 bilhões em 12 meses, equivalente a 3,5% do PIB. Em contrapartida, o investimento estrangeiro direto mostrou recuperação, com ingresso líquido de US$ 9,8 bilhões no mês e US$ 84,3 bilhões em 12 meses.
A agenda doméstica destaca a divulgação do IPCA-15 de dezembro, além dos resultados fiscais e dos dados de mercado de trabalho de novembro. Na América Latina, indicadores de comércio exterior, desemprego, atividade e inflação serão divulgados em países como Colômbia, Chile e Peru.