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Soja recua no mercado internacional após manobra argentina e pressão cambial

A soja teve uma semana marcada por forte volatilidade


Foto: Divulgação

A soja teve uma semana marcada por forte volatilidade no mercado internacional. Entre os dias 19 e 25 de setembro, os contratos futuros na Bolsa de Chicago recuaram para US$ 10,12/bushel, influenciados por uma decisão inesperada da Argentina de zerar temporariamente os impostos de exportação. A medida, embora revogada após dois dias, provocou impacto imediato nas cotações e nos prêmios brasileiros.

O governo argentino, em meio a uma grave crise de liquidez, havia suspendido as "retenciones" até o fim de outubro ou até atingir US$ 7 bilhões em exportações, meta alcançada rapidamente. Com cerca de 20 milhões de toneladas de soja estocadas, o país se tornou altamente competitivo, atraindo compradores asiáticos. A China adquiriu 1,3 milhão de toneladas em apenas dois dias, reduzindo sua dependência da soja brasileira.

"Essa estratégia argentina afetou diretamente os prêmios no Brasil, com quedas de até 30 centavos de dólar por bushel para embarques de outubro", explica o economista Argemiro Brum, coordenador da CEEMA. Além disso, a expectativa de um encontro entre os presidentes Lula e Trump contribuiu para a desvalorização do dólar, que chegou a operar abaixo de R$ 5,30.

Com isso, os três pilares da formação de preços da soja no Brasil — Chicago, câmbio e prêmios — recuaram simultaneamente. No Rio Grande do Sul, a média caiu para R$ 123,25/saca, enquanto em estados como Paraná e Mato Grosso, os valores variaram entre R$ 113,00 e R$ 123,00/saca.

Apesar da tendência de baixa, o setor observa os primeiros movimentos da nova safra. O plantio atingia 0,9% da área prevista até 18 de setembro, com destaque para o Paraná (13%). Há preocupação com a possibilidade de um novo episódio de La Niña, que pode comprometer o rendimento no Centro-Sul.

No lado industrial, a ABIOVE divulgou que a capacidade instalada de processamento de oleaginosas no Brasil alcançou 76,4 milhões de toneladas em 2025, crescimento de 5,7%. Os investimentos projetados somam R$ 5,9 bilhões para ampliação da capacidade em 18,8 mil toneladas diárias. O Centro-Oeste lidera com 44,4% da capacidade nacional, destacando o Mato Grosso.

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