Moagem de cana recua 4,78% e produtividade despenca 8%
Apesar do avanço na moagem em agosto, região acumula retração

Apesar do avanço na moagem em agosto, região acumula retração de 4,78% na safra e vê perda de 8% na produtividade agrícola; etanol de milho cresce quase 20%
As usinas da região Centro-Sul processaram 50,06 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na segunda metade de agosto, volume 10,68% superior ao registrado no mesmo período da safra passada. No entanto, o desempenho acumulado da safra 2025/26 segue negativo. Até 1º de setembro, foram processadas 403,94 milhões de toneladas, o que representa uma retração de 4,78% (ou 20,27 milhões de toneladas) frente ao ciclo anterior.
Os dados foram divulgados nesta semana pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), que também apontou redução no número de usinas em operação: 257 unidades estavam ativas no fim de agosto, contra 261 no mesmo período da safra 2024/25.
A produtividade média das lavouras entre abril e agosto foi de 79,3 toneladas por hectare — recuo de 8% em relação ao mesmo período do ciclo anterior. Segundo o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), o impacto atinge praticamente toda a região Centro-Sul.
“O recuo de 8% no TCH, somado à perda de 4% no ATR, resultou em uma redução de 12% na quantidade de açúcar por hectare (TAH), o que compromete diretamente a eficiência industrial das usinas”, avalia Luciano Rodrigues, diretor de Inteligência Setorial da Unica.
O indicador de qualidade da cana, o Açúcar Total Recuperável (ATR), também caiu. Na quinzena, foram registrados 149,79 kg de ATR por tonelada, frente a 155,82 kg no ano anterior — queda de 3,87%. No acumulado da safra, o recuo é de 4,16%.
Em São Paulo, principal estado produtor, o TAH caiu 12,3%. Em Goiás, a queda foi de 16,3% e, em Minas Gerais, chegou a 22,6%.
A produção de açúcar na segunda quinzena de agosto alcançou 3,87 milhões de toneladas. No acumulado da safra, foram fabricadas 26,76 milhões de toneladas, redução de 1,92% em relação ao mesmo período do ano anterior. O mix da cana destinado ao açúcar ficou em 54,2%, ligeiramente abaixo dos 55% registrados na quinzena anterior.
Já a produção de etanol somou 2,42 bilhões de litros na quinzena. O etanol hidratado respondeu por 1,46 bilhão de litros (queda de 7,61%), enquanto o anidro avançou 8,34%, com 964,57 milhões de litros.
No total acumulado desde o início da safra, o volume de etanol produzido atinge 18,48 bilhões de litros — retração de 10,05% em relação ao ciclo anterior.
Destaque para o etanol de milho, que cresceu 17,45% na quinzena e já acumula 3,73 bilhões de litros produzidos desde o início da safra — alta de 19,81%.
Em agosto, as vendas de etanol pelas unidades do Centro-Sul somaram 2,93 bilhões de litros. O hidratado recuou 10,36%, enquanto o anidro cresceu 1,73%. No mercado interno, o anidro avançou 6,87%, enquanto o hidratado caiu 8,36%.
No acumulado da safra até 1º de setembro, a comercialização total foi de 14,41 bilhões de litros, com queda de 3,38%. O hidratado somou 9,09 bilhões de litros (-6,28%) e o anidro, 5,32 bilhões (+2%).
CBios já cobrem 94% da meta de 2025
No mercado de créditos de descarbonização, a B3 contabilizou 29,85 milhões de CBios emitidos em 2025. Com isso, 94% da meta anual do RenovaBio já foram atingidos, segundo estimativas da Unica.