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Prado propõe agenda conjunta com Bolívia por sanidade animal

Foi estabelecido uma agenda conjunta para ampliar as ações de combate à febre aftosa na região de fronteira entre Mato Grosso e a Bolívia.

O estabelecimento de uma agenda conjunta para ampliar as ações de combate à febre aftosa na região de fronteira entre Mato Grosso e a Bolívia foi um dos resultados já obtidos com a participação do presidente do Sistema Famato/Senar, Rui Prado, na Caravana da Integração rumo ao Pacífico, promovida pelo governo do Estado.

Em contato com líderes do setor pecuário boliviano, o representante dos produtores mato-grossenses combinou um primeiro encontro de todos os envolvidos de ambos os países em Cáceres, nos próximos meses. A intenção é promover o estreitamento das parcerias a fim de tornar os rebanhos dos dois territórios livre do problema de forma definitiva.

"Nós tivemos uma conversa com os responsáveis pela Federação e a Confederação do setor aqui e, a partir dela, vamos estudar um novo modelo de apoio à sanidade animal relacionada à aftosa na Bolívia. Hoje, nós já apoiamos doando vacinas. Mas queremos estudar um novo modelo de apoio, que pode ser com as doações, mas havendo um estreitamento maior, um intercâmbio maior nas estratégias sanitárias entre os dois estados (Departamento de Santa Cruz e Mato Grosso)", explicou Prado, que também é presidente do Fundo Emergencial de Sanidade Animal (Fesa) de Mato Grosso. O Estado tem mais de 28 milhões de cabeças de gado, o maior rebanho bovino do país.

Os líderes do setor que se reuniram com o presidente do Sistema Famato/Senar foram o presidente da Federação de Pecuaristas de Santa Cruz, José Luiz Vaca Roque, e o presidente da Confederação Agropecuária Nacional de Bolívia, Júlio Roda. Ambos participarão do encontro em Cáceres. "O Brasil é um sósia para nosso oriente boliviano, porque nossa semelhança em terra, em pasto, em agricultura é muito grande. Nós seguimos a linha agropecuária do Brasil. Então, essa integração é importante porque, obviamente, temos maior afinidade com vocês", ponderou o presidente da Confederação.

A preocupação com a questão sanitária na faixa de fronteira de mais de 700 quilômetros com a Bolívia foi, inclusive, o fator que deu início à participação do presidente do Sistema Famato/Senar na Caravana da Integração em Cáceres, com a doação de quatro unidades móveis de fiscalização – com caminhonetes e equipamentos necessários – feita pelo Fesa. O ato foi na manhã da última sexta-feira (22/04), na primeira parada da viagem. Na ocasião, Prado lembrou que, nos últimos cinco anos, já foram mais de 800 mil doses da vacina contra aftosa entregues pelo Fesa ao país vizinho.

"É muito importante que o Fesa possa contribuir com o governo de Mato Grosso. Esses veículos foram adquiridos com recursos dos produtores rurais para aparelhar os órgãos e permitir que nós, que também somos consumidores, tenhamos um produto de qualidade à mesa", disse Prado.

Os veículos farão vigilância surpresa na região oeste de Mato Grosso, conforme explicou o superintendente do Instituto Estadual de Defesa Animal (Indea), Guilherme Nolasco. "Temos um rebanho de quase dois milhões de cabeças na região. As caminhonetes estarão percorrendo toda essa linha de fronteira de modo surpresa e abordando todo o trânsito de produto animal e vegetal garantindo uma segurança de defesa sanitária no nosso Estado".  

MERCADO -  Em três dias de viagem, interrompidos apenas durante as pernoites e os eventos de recepção das prefeituras por onde passou, a expedição já percorreu mais de 1,6 mil quilômetros até Cochabamba, destino da noite de domingo (24/04).  Santa Cruz de La Sierra, sede do Departamento Administrativo da porção que faz fronteira com o Estado, congrega a região mais populosa da Bolívia e somente a cidade tem cerca de três milhões de habitantes. Em virtude disso, para o presidente do Sistema Famato/Senar, não há dúvida de que se trata de um interessante mercado consumidor para a produção de Mato Grosso.

"Santa Cruz é uma cidade como se fosse a São Paulo deles, com mais de três milhões de habitantes, portanto, praticamente a mesma população de Mato Grosso. Uma cidade como essa, com uma população desse tamanho, precisa ter relações comerciais com o Estado, desde que haja a pavimentação de San Matías e San Ignácio. Só por esse mercado, já é importante essa integração", avaliou.

De forma semelhante, disse pensar o presidente da Confederação Agropecuária Nacional. "Os produtos de Mato Grosso têm mercado na Bolívia, não somente quanto aos alimentos, mas também na parte de mecanização, de técnica, do maquinário que usamos, que já é quase todo brasileiro. A necessidade que Santa Cruz tem de crescer está diretamente ligada a vocês", comentou Roda. A região de Santa Cruz é a maior produtora de alimentos da Bolívia e 70% da produção agropecuária do país é consumida internamente, conforme informou o representante local dos produtores.

TRAJETO -  A Caravana da Integração já percorreu dezenas de cidades bolivianas, a maioria localizada à margem da rodovia que liga San Matías, na divisa com o Brasil, a San Ignácio, porção onde ainda não há asfalto. Todo trecho foi acompanhado pelo governador departamental de Santa Cruz, Ruben Costa Aguillera, cuja delegação estava em Cuiabá participando da Feira Internacional do Pantanal.

Nesta segunda-feira, a expedição entra no território chileno, onde deve atingir mais de 4 mil metros de altitude e, também, a primeira cidade litorânea do Pacífico que está no roteiro, Iquique. Na terça-feira, os integrantes chegam ao Peru, onde irão visitar portos de exportação de alimentos.

Além do Sistema Famato, outras entidades do agronegócio participam da Caravana, também formada por membros de universidades, dos setores industrial e comercial, deputados, prefeitos brasileiros e bolivianos, além do staff do governador Pedro Taques. A expedição se encerra na próxima quarta-feira (27/04), em Arequipa, no Peru.

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