Eficiência e redução de custos no campo com dados e tecnologia
O modelo de negócios Managed Services funciona por meio de três serviços principai

O avanço da digitalização no agronegócio tem se consolidado como um dos principais motores de transformação no campo, trazendo ganhos em eficiência, sustentabilidade e competitividade. Dentro desse cenário, a Farmers Edge busca ampliar sua atuação no Brasil com o modelo de Managed Services, que já reúne milhões de hectares monitorados em diferentes países e parcerias globais estratégicas. Para entender melhor como essa proposta vem sendo aplicada no mercado latino-americano e quais os próximos passos da empresa no processo de transição digital do setor, conversamos com Celso Macedo, Diretor Geral para a América Latina da Farmers Edge, que detalha as soluções oferecidas, os benefícios para produtores e empresas da cadeia do agro, além das perspectivas de crescimento no país.
1. Qual é a proposta da solução de "Managed Services"?
O modelo visa a atender empresas do agro por meio da terceirização da estratégia de digitalização, com foco no monitoramento agrícola. Trata-se de um conjunto robusto, abrangente, de soluções com aplicações relacionadas a serviços financeiros, produtividade agrícola, eficiência na cadeia de insumos, gestão de riscos, capacitação de vendas, rastreabilidade de insumos e sustentabilidade. A expectativa é a de replicar em larga escala no Brasil um ‘ecossistema’ exclusivo da Farmers Edge, em funcionamento em vários países, que combina dados, tecnologia e expertise agronômica e, nos dias de hoje, reúne 25 milhões de hectares monitorados, além de mais de 200 ferramentas desenvolvidas por meio de parcerias com gigantes como Google Cloud e IBM. O foco da plataforma Serviços de Tecnologias Gerenciadas está, sobretudo, no enfrentamento dos maiores desafios tecnológicos da agricultura: controle de custos, tecnologia conectada, gestão de mudanças climáticas no campo. A utilização desse ecossistema reduz custos dos clientes com tecnologias na faixa de 30% a 50%. Otimiza e melhora a adoção de recursos e fomenta o aumento da produtividade e da rentabilidade dos produtores.
2. Como ela funciona e que tipo de ferramentas utiliza?
O modelo de negócios Managed Services funciona por meio de três serviços principais. Primeiramente, a Farmers Edge fornece consultoria e uma equipe de especialistas, que analisam os processos do cliente e dão recomendações para um uso mais eficiente da tecnologia. Em segundo lugar, a Farmers Edge disponibiliza licenciamento e soluções prontas, como softwares e ferramentas de inteligência artificial (IA/ML) e acesso a dados, que podem ser personalizados com a marca do cliente. Por fim, a Farmers Edge realiza o desenvolvimento customizado de soluções de software, criando projetos específicos para as necessidades de cada negócio, como desenvolvimento de modelos preditivos específicos para cada cultura.
3. Que soluções a Farmers Edge fornece para uso eficiente de insumos?
Para garantir o uso eficiente de insumos, a Farmers Edge oferece diversas soluções tecnológicas. O processamento de imagens de satélite permite que o sistema identifique áreas específicas da lavoura que precisam de tratamento localizado, evitando o desperdício de recursos. O processamento de mapas de zonas de manejo possibilita a aplicação de insumos, como fertilizantes e sementes, em taxa variável, ou seja, na quantidade exata e nos locais certos. O processamento de dados de maquinário avalia o desempenho das operações agrícolas e promove o uso racional de combustíveis. Complementando essas ferramentas, as estações meteorológicas fornecem dados climáticos que ajudam a determinar os melhores momentos para realizar as operações. Modelos preditivos também monitoram a lavoura para identificar a necessidade de intervenções, como a aplicação de defensivos.
4. Que tecnologia de rastreabilidade de insumos e sustentabilidade está embarcada na solução Managed Services?
Estas tecnologias promovem a rastreabilidade e a sustentabilidade. A Farmers Edge integra dados de diversas fontes, como telemetria de equipamentos, clima e práticas agrícolas, garantindo uma coleta de dados abrangente. A partir disso, a empresa gera relatórios automatizados de carbono e ESG (Ambiental, Social e Governança), o que facilita o cumprimento de normas e a participação em programas de agricultura regenerativa. O modelo de negócios Managed Services também proporciona transparência na cadeia de suprimentos, permitindo a rastreabilidade verificada dos produtos do campo até o armazém. Além de ajudar a atender os requisitos de compliance para financiamentos sustentáveis, a Farmers Edge mede e gerencia a pegada de carbono por meio do monitoramento de emissões.
5. Como o monitoramento digital avançado via FarmCommand auxilia nos manejos nutricional e fitossanitário?
O FarmCommand, uma ferramenta da Farmers Edge, auxilia nos manejos nutricional e fitossanitário por meio de monitoramento digital. Ele emite alertas de sanidade com base em imagens de satélite, indicando áreas com crescimento vegetativo anormal que podem precisar de manejo específico, seja por deficiência de nutrientes ou por problemas com plantas daninhas. As estações meteorológicas fornecem dados precisos sobre o clima, permitindo que os produtores determinem o momento ideal para a aplicação de produtos, garantindo maior eficácia. Além disso, o software de zonas de manejo possibilita a aplicação de insumos em taxa variável, o que otimiza o uso de fertilizantes e aumenta a eficiência e a rentabilidade.
Exemplo 1:
Exemplo 2:
6. Que tipo de otimização e redução de custos podem ser obtidos?
A utilização do modelo de negócios Managed Services da Farmers Edge permite uma série de otimizações e reduções de custos. O desenvolvimento de soluções digitais se torna mais rápido e econômico, já que a Farmers Edge oferece uma equipe experiente, dispensando a necessidade de o cliente montar a sua própria. O licenciamento de tecnologias prontas evita os altos custos de desenvolvimento do zero. A solução também ajuda na retenção de clientes, pois a digitalização de dados de produtividade, os mapas de satélite e as previsões de safra fornecem provas concretas do valor do serviço. Por fim, o uso otimizado de insumos, por meio de tecnologias como a aplicação em taxa variável, reduz o desperdício e os custos operacionais.
7. Por que a Farmers Edge mira digitalizar 8 milhões de hectares no Brasil?
Esse número ancora o planejamento estratégico da companhia para o país até 2028. Importante destacar que neste 2025 já atingimos em torno de 4 milhões de hectares monitorados. Existem diversos negócios em andamento com empresas de telecomunicações, seguros, crédito agrícola, com grandes produtores do agro que viabilizarão o atingimento desse objetivo talvez até antes do cronograma previsto. Estamos convencidos do atingimento desse objetivo, ainda, frente a outras necessidades da cadeia produtiva de maneira geral, as quais reunimos, como poucas empresas, plena capacidade de atender. Nossas ferramentas possibilitam gerar laudos técnicos de fiscalização exigidos pelo Banco Central para as operações do Proagro do Governo Federal, por exemplo. Dados coletados por sensoriamento remoto durante todo o ciclo de crescimento da cultura permitem gerar informações sobre o desenvolvimento das áreas agrícolas, como a estimativa da data de plantio, o percentual de área plantada com crescimento vegetativo, a confirmação da cultura plantada, além de alertas de clima adverso, precipitação, temperatura e também de danos potenciais à cultura. No Brasil, conforme as regras do Proagro, é necessário dispor de uma análise de enquadramento da data de plantio à janela recomendada pelo ZARC – o Zoneamento Agrícola de Risco Climático. O produtor tem de plantar dentro de uma faixa de datas recomendadas para cada cultura e região. Fora dela, há um fator de risco agravado quanto ao desempenho da lavoura. As informações transferidas pela companhia ao mercado estão relacionadas ainda às análises de RSA - Responsabilidade Social e Ambiental e ao que definimos como “ESG Check”, modelo específico para avaliar o grau de sustentabilidade de propriedades e empresas agrícolas, exigências crescentes hoje em dia dentro e fora do país. Podemos identificar a sobreposição da localização das áreas financiadas por empresas de crédito em relação a sítios arqueológicos, assentamentos rurais, terras indígenas e áreas quilombolas, florestas públicas e áreas embargadas pelo IBAMA ou por secretarias estaduais. As análises incluem ainda a checagem do status da propriedade no CAR, o Cadastro Ambiental Rural. Todos esses aspectos e necessidades do mercado nortearam a definição do objetivo de chegar a 8 milhões de hectares. Entretanto, se seguirmos no ritmo atual, ultrapassaremos essa meta antes do cronograma inicialmente traçado.
8. Em termos de futuro, que novos desenvolvimentos estão sendo preparados para otimizar a cadeia de insumos e sua aplicação a campo?
A companhia se dedica ao aprimoramento constante de tecnologias. Traremos ao país novas ferramentas que estão em desenvolvimento, baseadas em inteligência artificial, por exemplo, uma tecnologia que chegou para ficar e se desenvolver mais dia a dia na agricultura global. Ainda não podemos divulgar neste momento, por razões estratégicas, novos produtos e serviços em desenvolvimento pela Farmers Edge para seus principais mercados: Brasil, Canadá e Estados Unidos. Podemos antecipar que virão novos recursos com vistas ao acompanhamento em tempo real de talhões de soja, milho, trigo, algodão, cana-de-açúcar e outras culturas, ao longo de todo o ciclo de desenvolvimento das lavouras, como já fazemos, que terão impacto favorável na cadeia de insumos e nas tecnologias de aplicação destes produtos a campo. Trata-se de aprimoramento das soluções que já temos, em sinergia com o avanço contínuo que registramos no mundo em relação a novas tecnologias em dados, insights, inteligência artificial e outros recursos de ponta. Estamos e estaremos progressivamente aptos a atender ao mercado brasileiro, com excelência, em processos de transição digital nas propriedades e empresas do agronegócio, o que naturalmente passa pelo aperfeiçoamento de recursos especificamente destinados à cadeia de insumos.