Senado Federal discute impactos da investigação dos Estados Unidos contra o Brasil
O MDIC enfatiza a importância de solução negociada com os Estados Unidos

A Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), participou nesta quarta-feira (24) de audiência pública da Secretaria de Comissões Coordenação de Comissões Especiais, Temporárias e Parlamentares de Inquérito (CTEUA), no Senado Federal. Parlamentares e autoridades se reuniram para discutir os impactos da investigação aberta pelos Estados Unidos contra o Brasil ao amparo da Seção 301 da Lei de Comércio norte-americana.
A secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, apresentou um panorama da relação bilateral e afirmou que, de janeiro a agosto, “o Brasil exportou US$ 26,6 bilhões para os Estados Unidos, um aumento de 1,66% em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto as importações somaram US$ 30 bilhões, um aumento de 11,44%”. Prazeres destacou ainda que a pauta exportadora brasileira está diversificada, composta principalmente por manufaturados, mas também por produtos agrícolas e da indústria extrativa.
Segundo a secretária, “o Brasil não é um problema comercial para os Estados Unidos. O Brasil é um país que tem superávit comercial com o mundo e um déficit com os Estados Unidos, ao passo que os EUA são um país que têm um déficit com o mundo e superávit com o Brasil. Na nossa visão, essa não é a métrica que deve pautar a avaliação do relacionamento bilateral, mas, se é tão importante para os EUA neste momento, o Brasil de fato não é um problema. Apesar do déficit comercial, essa é uma relação que interessa os dois lados, gera empregos e contribui para o dinamismo da atividade econômica nos dois países”.
De acordo com a secretária, cerca de 10 mil empresas brasileiras vendem para o mercado americano. “É esse universo que nos preocupa quando pensamos nas medidas aplicadas pelos Estados Unidos. Estamos falando de milhares de empresas e empregos que dependem dessa relação comercial”, disse.
Sobre a investigação em curso no âmbito da Seção 301, aberta em julho pelo Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR), Prazeres reafirmou a posição brasileira: “O Brasil seguirá firme na defesa de seus interesses na busca de uma solução negociada em temas comerciais com os EUA”.
A relatora da comissão, senadora Tereza Cristina, reforçou a importância da participação de diversos públicos de interesse. “A realização dessa audiência pública permite que a comissão exerça seu papel institucional de reunir informações das diversas partes envolvidas para construir um quadro claro dos interesses, motivações e forças atuantes em ambos os lados e de buscar canais de interlocução com atores-chave nos dois países”, afirmou.