Produção de trigo deve ser a menor desde 2020
Preços do trigo continuam em trajetória de baixa

Segundo análise da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (Ceema), referente à semana de 3 a 9 de outubro e publicada nesta quinta-feira (9), os preços do trigo continuam em trajetória de baixa. As principais praças gaúchas registraram valores médios de R$ 64,00 por saca, enquanto no Paraná os preços variaram entre R$ 64,00 e R$ 66,00.
A colheita no Paraná atingiu 60% da área semeada nesta semana. No Rio Grande do Sul, ainda não há estatísticas consolidadas, embora, no início do mês, cerca de 10% das lavouras estivessem na fase de maturação.
O cenário é influenciado pela entrada de trigo argentino mais barato, o que, aliado à valorização cambial, levou os vendedores brasileiros a reduzir novamente os preços do produto nacional para manter a competitividade. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil importou 568.980 toneladas de trigo em setembro. Desse total, 87,3% vieram da Argentina, 7% do Paraguai e 5,8% do Canadá. O preço médio das importações foi de US$ 230,09 por tonelada, equivalente a R$ 1.235,12 por tonelada, com base na cotação média do dólar a R$ 5,37 — o menor valor desde novembro de 2020. Entre janeiro e setembro de 2025, o país importou 5,249 milhões de toneladas, volume 2% superior ao registrado no mesmo período de 2024.
No Rio Grande do Sul, a média do preço FOB foi de R$ 1.259,39 por tonelada, recuo de 2,5% em relação a agosto e de 9,4% frente a setembro de 2024, segundo o Cepea. Esse é o menor valor registrado desde janeiro de 2025. No Paraná, a cotação média ficou em R$ 1.346,92 por tonelada, com redução de 6% no mês e 10,8% no comparativo anual, o menor patamar real desde abril de 2024. Em São Paulo, o preço médio foi de R$ 1.255,13 por tonelada, com queda de 12,3% no mês e 19,5% em um ano, o menor nível desde outubro de 2023. Em Santa Catarina, o valor médio foi de R$ 1.358,61 por tonelada, recuo de 5,2% no mês e 11,3% em um ano, também o menor desde outubro de 2023.
Enquanto isso, a demanda por derivados de trigo permanece estável, mas o avanço da colheita pressiona os moinhos a reduzirem preços. Segundo o Cepea, entre agosto e setembro, a média do preço do farelo de trigo caiu 5,2% no granel e 1,88% no ensacado. As farinhas também apresentaram retração média de preços: 2,8% para massas frescas, 2,7% para massas em geral, 2% para bolacha salgada, 3,2% para bolacha doce, 2,29% para panificação e 1,64% para pré-misturas.
Por fim, o último relatório da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) revisou para baixo a estimativa da safra de trigo no país. A produção foi projetada em 7,536 milhões de toneladas, 4,5% inferior à colheita de 2024. Essa deve ser a menor safra desde 2020, com uma área plantada 19,9% menor do que a registrada no ano passado.