Mel brasileiro fatura mais apesar da queda nos embarques
Exportação de mel cai em volume, mas receita cresce
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As exportações brasileiras de mel “in natura” somaram 32.545 toneladas nos onze primeiros meses de 2025, volume 6,5% inferior ao registrado no mesmo período de 2024, segundo dados do Agrostat Brasil, do Ministério da Agricultura. Apesar da retração no volume, o faturamento atingiu US$ 109,750 milhões, alta de 20,5% na comparação anual, impulsionado pela valorização do produto no mercado internacional.
O preço médio nacional do mel exportado alcançou US$ 3.372,26 por tonelada, ou US$ 3,37 por quilo, crescimento de 29,2% em relação a 2024. O desempenho reflete um cenário de menor oferta associada à elevação dos preços, mesmo diante das dificuldades impostas por barreiras comerciais.
No ranking estadual, o Paraná ocupou a terceira posição entre os maiores exportadores no acumulado do ano, com 5.811 toneladas embarcadas e receita de US$ 19,489 milhões. Em igual período de 2024, o estado havia exportado 3.620 toneladas, com faturamento de US$ 9,368 milhões, evidenciando avanço expressivo tanto em volume quanto em valor.
Minas Gerais liderou as exportações brasileiras de mel em 2025, com 6.993 toneladas e receita de US$ 23,736 milhões, seguido pelo Piauí, que exportou 6.504 toneladas e faturou US$ 21,465 milhões. Santa Catarina e Ceará completaram as cinco primeiras posições, ambos com crescimento no valor médio do produto em relação ao ano anterior.
Os Estados Unidos permaneceram como principal destino do mel brasileiro, respondendo por 84,8% do volume exportado no período, com 27.606 toneladas e receita de US$ 92,806 milhões. No entanto, o comércio foi impactado pela tarifa de 50% anunciada em 9 de julho de 2025 pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com vigência a partir de 6 de agosto, atingindo diretamente a apicultura brasileira.
Em agosto, houve antecipação de compras por parte dos importadores norte-americanos, quando os EUA importaram 2.941 toneladas, volume 25% superior ao de igual mês de 2024. Já em setembro, os efeitos da sobretaxa se tornaram evidentes, com queda de 19% no volume importado, embora a receita tenha sido maior devido ao aumento de 37,4% no preço médio da tonelada do mel brasileiro.
O impacto negativo da tarifa se intensificou em outubro e novembro. Mesmo com a retirada parcial de sobretaxas para diversos produtos brasileiros anunciada pelo governo norte-americano em novembro, o mel permaneceu sujeito à tarifa de 50%. No mês, os EUA importaram apenas 1.433 toneladas, com queda de 62,9% no volume e de 69,9% na receita em comparação com novembro de 2024.
A continuidade da tarifa preocupa o setor apícola, que já observa pressão sobre os preços. Em novembro de 2025, o valor médio por tonelada caiu para US$ 2.204,90, retração de 18,6% frente ao mesmo mês do ano anterior. Segundo a Associação Brasileira dos Exportadores de Mel (Abemel), além da sobretaxa de 50%, o produto brasileiro já estava sujeito a uma tarifa adicional de 8,04% para ingresso no mercado norte-americano.