Iniciativa paranaense visa ampliar uso da erva-mate
Iniciativa impulsiona inovação na produção e em novos usos da erva-mate no Paraná
Foto: Divulgação
De acordo com informações divulgadas pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) e pela Iapar-Emater, o Governo do Estado lançou na segunda-feira (3) o Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) Erva-Mate: Inovação e Valorização. A iniciativa reúne universidades, centros de pesquisa e representantes do setor produtivo para desenvolver sistemas de cultivo mais sustentáveis e eficientes, otimizar processos industriais e diversificar o uso da matéria-prima. O investimento é de R$ 3,9 milhões, por meio da Fundação Araucária.
O Paraná se mantém como o maior produtor nacional de erva-mate, produto de relevância econômica e cultural para o Estado. Em 2024, nove municípios paranaenses registraram as maiores produções do país, com destaque para São Mateus do Sul, responsável por 17,2% do total nacional, mantendo o mesmo volume do ano anterior. A extração de erva-mate, concentrada na Região Sul, gerou o segundo maior valor entre os produtos não madeireiros, com R$ 522,8 milhões, o que representa redução de 11,3% em relação a 2023.
Segundo a professora Vânia de Cássia Fonseca Burgardt, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e articuladora do NAPI, o projeto busca integrar toda a cadeia produtiva, da produção primária ao consumo final. “Queremos desenvolver formas de produção mais rentáveis, que permitam ao pequeno produtor obter um ganho maior. Além disso, buscamos reduzir contaminantes que dificultam a exportação, garantindo um produto de maior qualidade e valor agregado”, explica.
Há também pesquisas em andamento sobre os possíveis efeitos da erva-mate na saúde. “Podendo ser benéfica para o coração, para o metabolismo do nosso organismo. A partir desses estudos clínicos, a gente pode indicar o uso da erva-mate, por exemplo, em medicamentos, na própria indústria farmacêutica”, comenta Vânia.
Outro foco da iniciativa é o uso da erva-mate na alimentação. O projeto prevê o desenvolvimento de novas receitas e produtos alimentares com potencial de ampla aceitação, inclusive para inclusão na merenda escolar.
O NAPI Erva-Mate será estruturado em quatro eixos temáticos. No eixo da produção primária, coordenado pela Embrapa Florestas, serão validados genótipos com características químicas e sensoriais diferenciadas, além da implantação de sistemas de cultivo inovadores e estudo de viabilidade econômica.
O eixo de processamento, coordenado pela Unioeste com apoio da UTFPR e da Embrapa Florestas, tem como objetivo otimizar processos industriais e desenvolver protocolos de classificação sensorial da matéria-prima.
O terceiro eixo, voltado ao produto e consumidor, é coordenado pela UTFPR e pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), em cooperação com a Sustentec e universidades internacionais. As ações incluem estudos clínicos, caracterização sensorial, pesquisa com consumidores e desenvolvimento de novos produtos.
O último eixo, sob coordenação da UTFPR e apoio técnico do IDR-Paraná, prevê treinamentos e ações de devolutiva para os segmentos da cadeia produtiva, além da elaboração de um plano de comunicação voltado à divulgação dos resultados e inovações tecnológicas.
O setor produtivo, representado pela Associação de Produtores e Industriais de Erva-Mate (Apimate), participará de forma colaborativa em todos os eixos, contribuindo para a validação das ações e a transferência de tecnologia ao mercado.