Possível encontro Lula-Trump impacta mercado da soja
Soja brasileira tem queda de preços no fim de setembro

Segundo análise divulgada nesta quinta-feira (25) pela Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (Ceema), referente à semana de 19 a 25 de setembro, o mercado da soja brasileira registrou retração de preços. “Houve baixa ao redor de 30 centavos de dólar por bushel para outubro de 2025, 20 centavos para novembro e 10 centavos para fevereiro de 2026”, informou a Ceema.
A entidade também apontou que houve recuo do dólar diante da possibilidade de uma reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, na próxima semana, para discutir o tarifaço imposto pelos Estados Unidos. A moeda norte-americana chegou a cair abaixo de R$ 5,30. “Esse conjunto de fatos derrubou os preços da soja no país. A média gaúcha veio para R$ 123,25 por saco, enquanto as principais praças locais voltaram ao patamar de R$ 119,00. No restante do país, os preços oscilaram entre R$ 113,00 e R$ 123,00 por saco nas principais praças”, acrescentou a Ceema.
De acordo com a instituição, os três elementos centrais que formam o preço da soja no Brasil — Chicago, câmbio e prêmios — recuaram neste final de setembro. Em algumas localidades nacionais, as perdas chegaram a R$ 5,00 por saco em relação à semana anterior. “Tudo indica que o movimento seja temporário, porém os fundamentos do mercado continuam baixistas”, avaliou a Ceema.
O plantio da nova safra de soja chegou a 0,9% no país até 18 de setembro, conforme levantamento da AgRural. No Paraná, o índice atingiu 13%. A projeção para a safra nacional está entre 178 e 182 milhões de toneladas em condições climáticas normais. A meteorologia, entretanto, aponta possibilidade de ocorrência do fenômeno La Niña, que provoca seca no Centro-Sul brasileiro, na primavera e no verão. “A questão é verificar se o fenômeno se confirmará e em que intensidade”, ponderou a Ceema.
De acordo com o informado pela análise, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) divulgou levantamento sobre a capacidade instalada das indústrias de óleos vegetais no país em 2025. Segundo a entidade, a capacidade total de processamento de oleaginosas no Brasil atingiu 76,4 milhões de toneladas neste ano, com crescimento de 5,7% em relação a 2024. O número de empresas de processamento passou de 67 para 75, aumento de 11,9%, e as unidades industriais de 132 para 144. O total de plantas ativas cresceu de 113 para 127, avanço de 12,4%, enquanto as unidades paradas caíram de 19 para 17. A capacidade diária total de processamento alcançou 231.566 toneladas, alta de 5,7%. A capacidade em plantas ativas foi de 219.842 toneladas por dia, crescimento de 7,3%, enquanto em plantas paradas ficou em 11.724 toneladas por dia, queda de 17,9%. O Centro-Oeste segue como destaque, respondendo por 44,4% da capacidade nacional de processamento. A região passou de 92.790 toneladas por dia em 2023 para 102.705 toneladas por dia em 2025. Mato Grosso lidera entre os estados, com 53.767 toneladas por dia, respondendo por 23% da capacidade de processamento do país.
Ainda segundo a associação, o número de empresas de refino cresceu para 38, com aumento de 15,2%, com avanço de unidades industriais de 57 para 63. O total de plantas ativas passou para 57, com um salto de 21,3%, enquanto as paradas caíram para seis. A capacidade de refino em plantas ativas subiu 16,7%, chegando a 24.396 toneladas por dia, enquanto a capacidade total alcançou 25.769 toneladas por dia, alta de 10,4%. O envase apresentou crescimento de 8,3%, atingindo 14.814 toneladas por dia. A capacidade em plantas ativas aumentou 8,5%, alcançando 13.864 toneladas por dia, e em plantas paradas avançou 5,6%, chegando a 950 toneladas por dia. Os investimentos projetados para os próximos 12 meses somam R$ 5,9 bilhões, o que deve gerar uma expansão estimada de 18.850 toneladas por dia na capacidade instalada. Considerando a média dos aportes, a ampliação de 15.049 toneladas por dia em plantas ativas em 2025 representa um investimento próximo de R$ 4,5 bilhões.