Cacau: safra depende do regime de chuvas
La Niña pode influenciar safra 2025/26 do cacau

Os futuros de cacau encerraram a semana de 19 de setembro próximos aos níveis registrados na semana anterior. Em Nova York, o contrato de dezembro de 2025 fechou a 7.243 USD/t e, em Londres, a 5.055 GBP/t. Segundo o mercado, “em ambos os mercados, os fechamentos ficaram acima de seus respectivos níveis de suporte, e novas oscilações seguem no radar enquanto o mercado aguarda novas informações, dada a proximidade da safra que começa em outubro”. Analistas destacam que a atenção está voltada para os fatores que podem influenciar os preços nas próximas semanas.
De acordo com informações do setor, um dos principais pontos monitorados é o clima nas grandes regiões produtoras de cacau do mundo. “Apesar das chuvas leves registradas em algumas localidades importantes na última semana, a precipitação acumulada para a Costa do Marfim e Gana segue para encerrar a safra 2024/25, que termina neste mês, abaixo da média, assim como na safra anterior”, aponta o levantamento.
Considerando o calendário da cultura, especialistas reforçam que “um clima equilibrado, com chuvas e períodos adequados de luminosidade é essencial para o bom desenvolvimento dos frutos e para o florescimento da safra intermédia”. Carolina França, analista de inteligência de mercado da Hedgepoint Global Markets, afirma que “as condições climáticas dos próximos meses terão influência direta tanto no desempenho final da safra principal 2025/26, que se inicia em outubro, quanto no início da próxima safra intermédia (abril/26 a setembro/26). Esta última foi significativamente afetada no ciclo corrente pela escassez de chuvas durante o período crítico de desenvolvimento dos frutos”.
Para os próximos meses, o Climate Prediction Center – NOAA (CPC) dos EUA elevou para 71% a probabilidade de uma transição das condições neutras para La Niña, no período de outubro a dezembro de 2025. Segundo França, “na África Ocidental, esse fenômeno climático tende a favorecer maior umidade relativa e temperaturas ligeiramente mais amenas, o que pode contribuir para menores chances de estresse hídrico nas lavouras de cacau durante a estação seca que se aproxima. É importante estar atento aos efeitos do La Niña em dezembro, período que marca o início dos ventos Harmattan, os quais podem comprometer a integridade dos frutos”.
No Equador, terceiro maior produtor de cacau, analistas informam que o La Niña tende a reduzir as chuvas na faixa costeira no começo da estação chuvosa, exigindo atenção à umidade do solo e ao ritmo de desenvolvimento dos frutos entre outubro e dezembro. Para os próximos dias, modelos climáticos indicam chuvas acima da média para a região, assim como para a África Ocidental.
Diante desse cenário, a Hedgepoint Global Markets destaca “a importância do acompanhamento climático contínuo para antecipar movimentos de preço e ajustar expectativas de oferta em um mercado ainda marcado por volatilidade”.