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Prejuízos no Vale do Rio Pardo ultrapassam R$ 280 milhões

Ao todo, nove municípios decretaram situação de emergência. Outras cidades devem emitir o decreto nos próximos dias


Foto: Marcel Oliveira

A estiagem que atinge proporções históricas na região, já gerou um prejuízo que ultrapassa os R$ 280 milhões. Ao todo, nove municípios decretaram situação de emergência até agora. Outras cidades devem emitir o decreto nos próximos dias, como Candelária, Rio Pardo e Gramado Xavier. Confira a situação detalhada em cada cidade. 

Santa Cruz do Sul

Os prejuízos já chegam a R$ 62.104.192,75. As principais culturas atingidas são o milho, feijão, tabaco, leite, soja, arroz, gado leiteiro e gado de corte. O setor de hortifrúti, por exemplo, registra 40% de perdas. 

O coordenador da Defesa Civil de Santa Cruz do Sul, tenente José Joaquim Dias Barbosa, explica que a Prefeitura vai atuar em auxílio às pessoas que são atingidas e tiveram as produções afetadas pela estiagem. “As localidades mais atingidas foram Alto Paredão e São Martinho. Um dos nossos objetivos principais com a assinatura do decreto é tentar auxiliar aqueles produtores que obtiveram financiamento para fazer sua produção. Com o reconhecimento do documento, sendo homologado pelo Estado e pela União, esses produtores poderão ter o prazo de pagamento estendido para se adequarem”, revelou.

Barbosa afirma que a Defesa Civil já atua em duas frentes, com o objetivo de amenizar os efeitos da estiagem. Uma parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente fornece água potável aos munícipes, mediante cadastro. “São 50 mil litros de água por dia que estamos distribuindo. Em outra iniciativa, em parceria com a Secretaria de Agricultura, estamos criando poços chamados ‘aguadas’, que poderão armazenar a água da chuva para auxiliar em períodos de seca.”

Vale Verde

Com a falta de chuva, a estiagem atrapalha a germinação da soja. O seguro contratado pelos produtores somente cobre a fase de floração da planta, deixando de fora o processo inicial do crescimento. O prejuízo é de R$ 12,6 milhões. A falta de chuva tem causado prejuízos significativos às atividades produtivas do município, principalmente nas culturas do milho, soja e na própria pecuária. 

Vera Cruz e Vale do Sol também assinam decreto

Os prejuízos causados pela estiagem levaram ontem os prefeitos de Vera Cruz, Guido Hoff, e Vale do Sol, Maiquel Silva, a assinarem o decreto de situação de emergência nos dois municípios. O laudo técnico elaborado pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais na Agricultura Familiar, Emater e Secretaria de Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente aponta prejuízo financeiro de R$ 30.027.506,50 em Vera Cruz. Em Vale do Sol, as perdas em consequência do impacto climático no setor agropecuário totalizam R$ 47.489.427,00.

O levantamento sistemático da produção agrícola e pecuária no município de Vera Cruz ocorreu terça-feira nas localidades atingidas, baseado em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) e empresas fumageiras. O maior prejuízo é na cultura de tabaco, totalizando R$ 19,3 milhões, com quebra de 25% na safra. As perdas na mandioca atingem R$ 1,98 milhão (30% da estimativa de produção), enquanto na soja chega a R$ 1,2 milhão (25% da safra), no milho da safra normal soma R$ 4,8 milhões (50%) e no plantio da safrinha R$ 2 milhões, com perda de 100%. Também no leite há prejuízo de R$ 680 mil, com uma queda de 20% na produção. 

A Prefeitura de Vale do Sol enviou nessa quarta-feira, 8, documentação à Defesa Civil onde informa a assinatura do decreto de situação de emergência devido à estiagem. A iniciativa pretende facilitar a ação do município para amenizar os problemas. O prefeito Maiquel Silva enfatizou que o documento serve como um alerta pela escassez de água, até para consumo humano, e pelos prejuízos constatados no setor agrícola. O custo das ações já realizadas pelo Executivo em resposta à estiagem soma R$ 33.282,00. Esse valor envolve as despesas com caminhões-pipa próprios e terceirizado, veículos e horas extras dos servidores.

Sinimbu 

Nas últimas semanas, Defesa Civil municipal, secretarias, Emater e Afubra atuaram no levantamento de dados para dimensionar os prejuízos causados pela falta de chuva. Nas lavouras, as perdas são significativas na produção de milho, soja, feijão, tabaco e pastagens. Ainda de acordo com o relatório, as perdas das safras de culturas e atividades agropecuárias estão estimadas em mais de R$ 35 milhões. O município já iniciou racionamento, com o abastecimento sendo interrompido em determinados períodos.

Encruzilhada do Sul

Na zona rural a deficiência hídrica é severa: há desabastecimento de água para o consumo humano e animal, córregos e sangas estão secando e o Rio Camaquã está com nível baixo e diversos locais de assoreamento. Os prejuízos na agricultura também são grandes nas lavouras e principalmente na pecuária. A grande diferença nesta estiagem são as altas temperaturas, que já ocasionam deficiência alimentar, pois os cultivos de subsistência foram comprometidos.  

Venâncio Aires

Segundo dados da Emater, os prejuízos na produção agrícola já passam de R$ 40 milhões de reais em Venâncio Aires. As perdas são consideradas irreversíveis e atingem cerca de 1.500 famílias. A falta de chuva prejudica, segundo relatório, as culturas do milho, tabaco, bovinos de corte, soja, bovinos de leite, arroz, olerícolas, moranga, feijão e pastagens. Mais de nove mil hectares de fumo foram atingidos, com perda estimada em quase 15%. A prefeitura estima que os produtores vão deixar de receber R$ 31 milhões, o que também vai afetar a economia urbana. 

Pantano Grande

O levantamento assinala que o município está há cerca de 30 dias sem a ocorrência de chuvas consideráveis, o que prejudicou a germinação das plantas. Além das perdas na agricultura, o setor de pecuária deve registrar diminuição da produtividade. Segundo o relatório, Pantano Grande poderá ter perdas superiores a R$ 46 milhões na agricultura e cerca de R$ 2,3 milhões na pecuária. No período de novembro a dezembro, o acumulado de chuvas foi de somente 120 milímetros, muito abaixo do necessário para que a produção não sofra prejuízos. 

Mato Leitão

O prejuízo financeiro em diversas atividades agrícolas de Mato Leitão supera o montante de R$ 10,3 milhões, envolvendo mais de 450 famílias. A estiagem atinge milho, soja, tabaco, bovinos de corte, produção de leite, pastagens, hortaliças e ainda o abastecimento de água para animais em diversas propriedades. Na cultura do milho (grão e silagem), em cerca de 2,5 mil hectares, o dano é estimado em 45%, com estimativa de perda em R$ 7,5 milhões. Outra atividade com sérios problemas é a produção de leite, cuja previsão de prejuízo chega a R$ 930 mil. Com a perda das pastagens e grande parte da silagem de milho, a alimentação do rebanho está comprometida. As altas temperaturas das últimas semanas causaram queda brusca de produção no rebanho, o que determina quebra atual ao redor de 30%.

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