Queda em Chicago e clima irregular elevam incerteza na safra de soja
A movimentação recente foi impulsionada por fatores como a valorização do dólar
Foto: United Soybean Board
O mercado da soja inicia a segunda semana de dezembro sob forte instabilidade, influenciado por fatores externos e internos que acentuam a volatilidade das cotações. Segundo dados divulgados no boletim da Grão Direto, o clima irregular e o câmbio pressionam o comportamento da commodity, enquanto o mercado internacional aguarda o próximo relatório do USDA.
Na semana encerrada em 6 de dezembro, os contratos futuros de soja na Bolsa de Chicago recuaram significativamente. O contrato para janeiro de 2026 caiu 2,81%, fechando a US$ 11,05 por bushel. Já o contrato para março registrou queda de 2,53%, a US$ 11,16. No mesmo período, o dólar subiu 1,88%, encerrando cotado a R$ 5,43. Essa valorização cambial, embora desfavorável para importações, melhora a competitividade da soja brasileira no exterior.
A movimentação recente foi impulsionada por fatores como a valorização do dólar frente ao real, a queda no preço do farelo de soja e a expectativa pelo relatório de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), que será divulgado em 9 de dezembro. A publicação poderá trazer ajustes nas projeções de produtividade nos EUA e nas exportações, o que tende a influenciar diretamente os preços na CBOT (Bolsa de Chicago).
Apesar da tendência de baixa inicial, a análise da Grão Direto aponta possibilidade de repiques técnicos nos próximos pregões, especialmente se houver melhora no sentimento externo ou estabilização do câmbio. “Mesmo com Chicago em queda, o fortalecimento do dólar pode estimular as exportações brasileiras, amortecendo parte da pressão negativa”, indica o boletim.
No campo, o clima segue como a variável mais crítica. A irregularidade das chuvas e o atraso no plantio já levaram a Conab a revisar para baixo a estimativa de produção da safra 2025/26. Isso aumenta a sensibilidade do mercado a novos eventos climáticos adversos, elevando o risco para o abastecimento futuro e limitando quedas mais acentuadas nos preços domésticos.
A semana, portanto, se desenha como um período de oscilação intensa. Fatores como câmbio, clima e reposicionamento técnico dos agentes antes do USDA criam um ambiente de incerteza, exigindo atenção redobrada dos produtores e analistas. O viés é de leve baixa, mas com possibilidade de altas pontuais dependendo da evolução dos indicadores.
Para os produtores, o momento é de cautela e estratégia. As oscilações de curto prazo ainda não definem uma tendência clara, e o comportamento do mercado depende fortemente das condições climáticas no Brasil e Argentina, bem como das próximas sinalizações de demanda da China.