La Niña deve mexer com oferta agrícola, aponta análise
“Nossas análises mostram que há riscos e oportunidades"
“Nossas análises mostram que há riscos e oportunidades" - Foto: NOAA
A previsão de um ciclo de La Niña entre outubro de 2025 e fevereiro de 2026 deve alterar padrões climáticos em várias regiões produtoras, com impactos diretos sobre oferta, produtividade e fluxo de exportação de diversas commodities agrícolas. Consultorias avaliam que o fenômeno tende a se manter ativo ao longo do verão no Hemisfério Sul, elevando a atenção do mercado.
Segundo análises da Hedgepoint, o efeito pode ser amplo e variar conforme a intensidade. Para soja e milho, há risco de chuvas abaixo da média no sul da América do Sul, enquanto o centro-norte brasileiro deve registrar condições mais favoráveis. Há relatos de perdas expressivas em ciclos anteriores, apontadas em contexto de declarações técnicas.
“Nossas análises mostram que há riscos e oportunidades importantes para produtores e exportadores. Especialmente para commodities como soja, milho, trigo, óleo de palma, cacau, açúcar e café, há pontos que precisam ser monitorados com mais atenção ao longo dos meses”, alerta Thais Italiani, Gerente de Inteligência de Mercado da Hedgepoint.
No açúcar, a projeção indica possíveis desafios ao desenvolvimento da safra 26/27 no Brasil e interrupções de moagem no Sudeste Asiático, caso o fenômeno ganhe força. No café, o cenário é misto: o Brasil pode ser beneficiado, enquanto Vietnã, Colômbia e países da América Central enfrentam risco de excesso de chuvas.
O cacau tende a responder de forma desigual, com melhora das condições na África Ocidental e possibilidade de perdas no Equador por redução das chuvas. Para o trigo, o alerta recai sobre a combinação de menor umidade e temperaturas mais altas no Hemisfério Norte, que pode afetar o início das lavouras de inverno. Já no óleo de palma, o principal entrave previsto é logístico, com inundações dificultando o transporte em países do Sudeste Asiático.