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Custos da nova safra de soja sobem e preocupam produtores

Exportações batem recorde em setembro


Foto: Canva

A análise da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (Ceema), referente à semana de 3 a 9 de outubro e publicada nesta quinta-feira (9), apontou estabilidade nos preços da soja no Brasil, com leve tendência de alta em algumas regiões. O câmbio variou entre R$ 5,30 e R$ 5,35 por dólar, e os prêmios permaneceram estáveis. No Rio Grande do Sul, a média estadual foi de R$ 122,77 por saca, enquanto as principais praças registraram R$ 120,00. Nas demais regiões do país, os preços oscilaram entre R$ 113,00 e R$ 122,00 por saca.

As exportações brasileiras de soja atingiram volume recorde para o mês de setembro, impulsionadas pela demanda internacional, especialmente da China, e pela menor presença dos Estados Unidos no mercado, devido à guerra tarifária. O Brasil embarcou 6,99 milhões de toneladas, um aumento de 6,6% em relação a setembro de 2024, embora tenha ocorrido queda de 30,3% em comparação a agosto, conforme dados da Secex. O Ceema destacou que “a Argentina tem atuado de forma mais agressiva nas vendas externas, o que limita os embarques brasileiros no momento”. Entre janeiro e setembro, o país exportou 93 milhões de toneladas, recorde para o período.

Para outubro, a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) projeta embarques de 7,12 milhões de toneladas, superando em quase 2,7 milhões o volume do mesmo mês do ano passado. Em relação ao farelo de soja, as exportações devem totalizar 1,92 milhão de toneladas, abaixo das 2,46 milhões registradas em outubro de 2024. A entidade estima que, entre janeiro e outubro, o Brasil alcance 102,2 milhões de toneladas exportadas, superando os totais de 2023 e 2024, que foram de 101,3 milhões e 97,3 milhões de toneladas, respectivamente, segundo a Secex.

A China manteve-se como o principal destino da soja brasileira, respondendo por 93% das exportações de setembro, o equivalente a 6,5 milhões de toneladas. “A participação chinesa nas exportações totais de soja do Brasil atingiu 79,9%, acima da média de 74% observada entre 2021 e 2024”, destacou a Anec. A projeção é de que o país exporte até 110 milhões de toneladas de soja em 2025. No caso do farelo, o volume acumulado até outubro deve ultrapassar 19 milhões de toneladas.

A principal preocupação do setor agora recai sobre a nova safra 2025/26. Segundo a Ceema, a safra “está se mostrando como uma das mais problemáticas dos últimos ano”, com alta nos custos de produção, queda nos preços internacionais e incertezas climáticas que ameaçam a rentabilidade dos produtores. No Centro-Oeste, os custos por hectare devem subir cerca de 4% em relação à safra anterior, podendo ultrapassar R$ 5.600,00 em regiões como Rio Verde (GO) e Sorriso (MT). O aumento é impulsionado, sobretudo, pela valorização dos fertilizantes, que tiveram alta próxima de 10%, reflexo de tensões comerciais entre China e Estados Unidos e da guerra no Leste Europeu.

De acordo com dados da Outofino Agrociência, a produtividade mínima necessária para cobrir os custos também aumentou. No Mato Grosso, já ultrapassa 56 sacas por hectare, enquanto em Goiás gira em torno de 51. “Será necessário um clima muito favorável para alcançar produtividade que assegure rentabilidade”, observou a Ceema. No Rio Grande do Sul, o quadro é agravado pela sequência de secas registradas nos últimos cinco anos, o que eleva ainda mais o risco para a próxima safra.

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