Trigo desvaloriza até 25% em um ano com safra cheia

Após semanas de preocupação com o excesso de chuvas nas principais regiões produtoras de trigo no Sul do Brasil, o retorno do clima firme no final de outubro trouxe otimismo aos produtores. Segundo informações do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), as condições mais estáveis favorecem a maturação das lavouras, que já se encaminham para o fim do ciclo.

Apesar da melhora climática, os preços do cereal seguem em queda. Conforme levantamento do Cepea, o avanço da colheita, a boa expectativa de produtividade nacional, a colheita expressiva na Argentina, além da valorização do real frente ao dólar e da queda das cotações internacionais, são os principais fatores que têm pressionado os valores internos.

Em outubro de 2025, o trigo no Rio Grande do Sul foi negociado a uma média de R$ 1.138,41 por tonelada, o que representa uma retração de 9,6% em relação a setembro e de 11,7% frente a outubro de 2024, considerando valores reais. No Paraná, a média mensal foi de R$ 1.216,53/t, com queda de 9,7% na comparação mensal e 15,6% na anual – o menor patamar desde outubro de 2023.

Em São Paulo, o trigo recuou 7,5% no mês e 24,9% no ano, com média de R$ 1.161,58/t, atingindo o menor valor desde novembro de 2016. Já em Santa Catarina, a média caiu para R$ 1.263,26/t, redução de 7% frente a setembro e de 13,4% em relação ao mesmo período do ano anterior – a mais baixa desde abril de 2018.

Com o avanço da colheita nas próximas semanas e a manutenção do dólar em patamar mais baixo, a tendência é que os preços sigam pressionados no curto prazo. Mesmo com o alívio no campo, o cenário externo e o ritmo interno de comercialização seguem sendo fatores determinantes para o comportamento do mercado.