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Produtores recebem capacitação para cultivo de tomate orgânico na região

Agricultor já está aplicando técnicas do sistema na horta de alface e couve


A presença de pragas e doenças que ameaçam o desenvolvimento do tomate faz com que os pés da fruta sejam alvo de grande volume de defensivos agrícolas nos cultivos convencionais. Porém, para quinze produtores rurais de Guararapes, a tomaticultura deixou de ser sinônimo do uso de agrotóxicos e outros produtos químicos que ameaçam a saúde. 

Eles participaram das aulas que integraram o Programa de Produção de Tomate Orgânico, cujo último encontro foi realizado na quarta-feira (23). Desde março, o grupo aprendeu a utilizar o sistema orgânico para realizar preparo do solo, plantio, condução da planta, controle de pragas e doenças, frutificação, colheita e beneficiamento em aulas semanais.
 
As lições foram aplicadas em pés de seis variedades da fruta, entre elas, o cereja, o italiano e o conquistador, plantados em propriedade modelo instalada em Guararapes. A capacitação foi realizada pelo Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), com apoio do Siran (Sindicato Rural da Alta Noroeste), da Cati e (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral) e da Prefeitura. 

DEMANDA
De acordo com o engenheiro agrônomo e instrutor do Senar Renato de Souza Pulli, a agricultura orgânica ainda não é uma tradição na região, embora a demanda por produtos sem agrotóxicos no mercado seja crescente. Apenas cinco agricultores orgânicos são certificados pelo Ministério da Agricultura em toda a região administrativa - entre 1.792 registros paulistas, segundo cadastro da pasta atualizado em 31 de julho. 

"O importante é que trabalhamos desde a produção de mudas até a colheita no sistema. Os produtores acompanharam tudo, viram na prática e conseguiram acreditar que é possível ter resultados com tomates orgânicos", afirma Pulli. Os frutos cultivados com esse método chegam a valer até 30% a mais que os exemplares cultivados com uso de agrotóxicos e produtos químicos, conforme o instrutor.

De acordo com o ele, tradicionalmente os agricultores relacionam a cultura do tomate à aplicação intensa de agrotóxicos para o controle de pragas e doenças que interferem no desenvolvimento da planta em diferentes partes do ano. O ácaro, que surge no final do ciclo dos tomates; a broca, lagarta que entra e danifica na fruta a partir da floração; e a requeima, doença que ataca os tomateiros no inverno são alguns exemplos que causam prejuízo à tomaticultura. 

SAÚDE
"Acima de tudo, o benefício é para a saúde do agricultor. Ele não vai conviver com produtos químicos. Tanto que os tomates podem ser retirados do pé e comidos na hora", conta Pulli. 

Segundo ele, os efeitos dos agrotóxicos são acumulativos tanto no trabalhador que os aplica no manejo da cultura, quanto no consumidor. No caso dos tomaticultores, um dos órgãos mais afetados pelo contato com venenos é o fígado, explica o instrutor. Para Pulli, mesmo que os participantes introduzam o sistema orgânico aos poucos em suas propriedades e eliminem gradualmente o uso dos agrotóxicos, há um grande progresso para a agricultura local.

Na capacitação, os produtores foram treinados a usar produtos naturais, regulamentados como orgânicos e aceitos pelo Ministério da Agricultura para prevenção e controle das pragas. Entre as alternativas aos defensivos químicos estão fungos que combatem lagartas, insetos, doenças de solo e aéreas. Por sua vez, a adubação foi feita com compostos orgânicos e fontes de potássio.

Agricultor já está aplicando técnicas
do sistema na horta de alface e couve

O agricultor Roberto Yaji, 45 anos, conta que aprendeu a usar cobre e óleo de neem contra as pragas que atacam o tomate durante o curso, tanto que passou a aplicá-los também em sua horta de alface e couve. "A gente já está evitando os agrotóxicos e usando os produtos naturais. O resultado foi muito bom." 

O produtor comercializa hortaliças diretamente ao consumidor e conta que resolveu participar do programa depois de muitos clientes pedirem produtos orgânicos. A intenção dele é investir no tomate-cereja, por ser uma variedade rústica e com alta demanda.

CONSCIÊNCIA
O técnico agrícola da Prefeitura de Guararapes Altair Pereira Neves, conta que a função de atividades como o programa é conscientizar o produtor rural. "Nosso objetivo maior foi mostrar para eles que dá para produzir sem defensivos, o que é algo que o mercado está exigindo muito." 

Segundo ele, o custo da produção no sistema é quase a mesma que a convencional, porém o trabalho de acompanhamento do desenvolvimento das plantas deve ser constante. Neves acredita que as frutas produzidas durante o programa são exemplos de que o produto orgânico também pode ter uma boa aparência, além dos efeitos positivos na saúde. "O conceito de que orgânico é feio já está erradicado. Hoje ele pode ser tão bonito quanto o convencional." 
 

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