Controle eficiente começa pelo diagnóstico: espécies de nematoides mais presentes no Brasil
No país, quatro gêneros de nematoides fitoparasitas se destacam

As lavouras brasileiras enfrentam uma ameaça invisível: nematoides fitoparasitas que atacam raízes, reduzem rendimento e complicam o manejo. Conhecer quais espécies são mais comuns é fundamental para diagnóstico rápido e estratégias de controle eficientes.
Principais gêneros e espécies encontradas no Brasil
No país, quatro gêneros de nematoides fitoparasitas se destacam pela frequência e pelo potencial de causar prejuízos: Meloidogyne, Pratylenchus, Heterodera e Rotylenchulus.
A seguir, os casos mais recorrentes por cultura:
Meloidogyne spp. (nematoide das galhas)
É considerado o principal grupo de nematoides agrícolas em termos de distribuição e impacto.
Entre as espécies, M. incognita e M. javanica são frequentemente citadas como as mais agressivas e amplamente distribuídas nas lavouras de soja, milho e algodão.
Nas lavouras de cana, por exemplo, as espécies M. javanica, M. incognita e o nematoide de lesão Pratylenchus zeae são apontadas como as mais comuns.
Embrapa
Pratylenchus spp. (nematoide das lesões)
Essa espécie migra dentro das raízes, causando necroses e abrindo portas para patógenos secundários.
Em soja, o nematoide Pratylenchus brachyurus é um dos mais relatados. Em cana-de-açúcar, P. zeae é citado como especialmente prevalente.
Heterodera glycines (nematoide de cisto da soja)
Espécie específica da soja, forma cistos resistentes no solo que podem persistir por anos na ausência de planta hospedeira.
No Brasil, foram identificadas mais de dez raças desse nematoide, o que dificulta o manejo via resistência genética.
Rotylenchulus reniformis (nematoide reniforme)
Ataca culturas como algodão e soja e pode provocar crescimento desuniforme e perdas expressivas.
Embora menos citado que Meloidogyne e Pratylenchus, sua presença é considerada preocupante em certas regiões.
Outras espécies, menos frequentes, também são registradas dependendo da cultura e da localidade, como Meloidogyne arenaria, M. enterolobii, M. exigua, Radopholus similis (em banana) e nematoides foliares do gênero Aphelenchoides.
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Panorama atual e desafios para diagnóstico
Estima-se que existam mais de 4.100 espécies de nematoides parasitas de plantas descritas globalmente, mas apenas algumas causam impacto econômico expressivo no contexto agronômico.
Esses nematoides ocorrem em praticamente todas as regiões agrícolas do Brasil e podem atacar diversas culturas simultaneamente.
Um dos desafios centrais é a identificação precisa em campo: sintomas como áreas com plantas debilitadas, clorose e reboleiras nem sempre indicam claramente a espécie envolvida.
Importância para o manejo integrado
- Conhecer a espécie prevalente permite aplicar estratégias de controle mais eficazes — por exemplo:
- Uso de variedades com resistência específica;
- Rotação de culturas com plantas não-hospedeiras;
- Manejo químico localizado (nematicidas) ou biológico;
- Saneamento de equipamentos e materiais que transportam solo contaminado.
- Além disso, a variabilidade genética de espécies como Heterodera glycines exige monitoramento contínuo das raças presentes.