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Setor agronegócio fortalece economia em 2025

Cenários de incertezas desafiam produtores em 2026


Foto: Divulgação

De acordo com dados divulgados pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o agronegócio foi determinante para a melhora de indicadores econômicos em 2025, entre eles o PIB e a redução da inflação. A entidade destacou, porém, que fatores internos e externos devem impor desafios aos produtores em 2026.

O balanço de 2025 e as projeções para 2026 foram apresentados em coletiva de imprensa com a presença do presidente da CNA, João Martins, da diretora de Relações Internacionais, Sueme Mori, e do diretor técnico, Bruno Lucchi. O presidente do Sistema Faesc/Senar, José Zeferino Pedrozo, também acompanhou o evento.

A CNA avaliou que o desempenho do agro influenciou os principais índices macroeconômicos, como a inflação, que deve encerrar o ano em 4,4%, e o PIB do agronegócio, projetado para crescer 1% em 2026, após expansão estimada de 9,6% em 2025. A entidade afirmou que, sem a contribuição do setor, haveria risco de descumprimento da meta, o que demandaria manutenção da taxa Selic em 15% ao ano.

A entidade projeta que 2026 será marcado por desafios fiscais, com a necessidade de ajuste das contas públicas. Segundo a avaliação, o governo deve buscar equilíbrio por meio da ampliação da arrecadação e da criação de novas bases tributárias, o que mantém o ritmo de crescimento econômico em fragilidade.

A CNA destacou que o endividamento no crédito rural atingiu 11,4% em outubro, o maior índice desde 2011. O cenário foi influenciado por problemas climáticos recorrentes, queda nos preços das commodities, custos elevados de produção, falta de seguro rural e maior restrição bancária. Para a entidade, a recuperação dos produtores depende de soluções estruturais que reduzam vulnerabilidades financeiras e climáticas.

A falta de apoio ao seguro rural em 2025 também deve impactar o próximo ciclo. O Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) teve o pior resultado desde 2007, cobrindo apenas 2,2 milhões de hectares, menos de 5% da área agricultável nacional. A CNA afirma que a ausência de instrumentos de gestão de risco amplia a exposição dos produtores às perdas climáticas e ao endividamento.

Estimativas apontam que o Valor Bruto da Produção (VBP) deve alcançar R$ 1,57 trilhão em 2026, alta de 5,1% em relação a 2025. O segmento agrícola deve somar R$ 1,04 trilhão, impulsionado pela produção de grãos, enquanto a pecuária deve atingir R$ 528,09 bilhões. Para 2025, o VBP estimado é de R$ 1,49 trilhão, crescimento de 11,9% sobre 2024.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou que a safra 2025/2026 deve superar o volume anterior, chegando a 354,8 milhões de toneladas. A área plantada com soja está estimada em 49,1 milhões de hectares, com produção de 177,6 milhões de toneladas. A produção total de milho, considerando as três safras, deve alcançar 138,8 milhões de toneladas, enquanto o arroz deve registrar queda de 11,5%.

Os abates de bovinos cresceram 5,6% em 2025 até o terceiro trimestre, enquanto a produção de carne aumentou 3,8%. O aumento na participação de fêmeas no abate total deve reduzir a oferta de animais em 2026, com expectativa de alta nos preços. A CNA projeta queda de 4,5% na produção de carne bovina no próximo ano, enquanto a possível valorização pode ampliar a competitividade de outras proteínas.

No cenário internacional, a CNA avalia que 2026 deve registrar forte movimentação comercial, com os Estados Unidos mantendo uma política agressiva voltada à industrialização e ao estímulo de investimentos. Segundo a entidade, os ajustes geopolíticos e tarifários podem afetar a competitividade brasileira. Caso se mantenham tarifas adicionais de 40%, o impacto pode chegar a US$ 2,7 bilhões, cerca de 22% das exportações do agro para os EUA.

A Confederação alertou que o processo de ratificação do acordo Mercosul-União Europeia deve avançar, mas com riscos significativos devido à possível aplicação de salvaguardas à entrada de produtos agrícolas. A entidade também destacou o adiamento da Lei do Desmatamento Europeu (EUDR), agora prevista para vigorar em dezembro de 2026 para grandes operadores.

As investigações chinesas sobre importação de carne bovina podem resultar em salvaguardas, afetando todos os fornecedores. O Brasil responde por cerca de 50% das importações chinesas. A CNA também apontou preocupação com as negociações entre China e Estados Unidos, que podem incluir compromissos de compra de soja americana e reduzir a participação brasileira no mercado chinês.

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