Resistência do leiteiro a herbicidas acende alerta
Os produtores passaram a utilizar herbicidas inibidores

Presente em cerca de 30% das lavouras de soja do Brasil, o leiteiro (Euphorbia heterophylla) é uma das principais plantas daninhas enfrentadas pelos produtores, com maior incidência nas regiões Sul e no estado do Mato Grosso. Segundo o Comitê de Ação de Resistência aos Herbicidas (HRAC-BR), sua alta variabilidade genética permite grande adaptação a diferentes sistemas de cultivo, o que aumenta as chances de surgimento de biótipos resistentes aos herbicidas.
Entre as décadas de 1980 e 2000, antes da introdução da soja tolerante ao glifosato, o leiteiro era considerado uma das espécies mais difíceis de controlar. Naquele período, o manejo químico era feito quase exclusivamente com herbicidas inibidores da ALS, o que levou à seleção de populações resistentes — inclusive com resistência cruzada entre dois grupos químicos desse mecanismo de ação: as imidazolinonas e as triazolopirimidinas.
Como alternativa, de acordo com o comitê, os produtores passaram a utilizar herbicidas inibidores da PROTOX, mas o uso contínuo também resultou na seleção de populações resistentes a esse mecanismo. Em alguns casos, foi constatada resistência múltipla (ALS + PROTOX), e até resistência ao glifosato, ampliando os desafios de manejo e reduzindo as opções de controle eficaz.
A trajetória do leiteiro no país destaca a necessidade de adotar práticas de manejo integrado de plantas daninhas e rotacionar mecanismos de ação dos herbicidas. Essas estratégias são essenciais para preservar a eficácia dos produtos e garantir a sustentabilidade dos sistemas agrícolas brasileiros.