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Agricultura, Nutrição e Saúde Pública

Agricultura, Nutrição e Saúde Pública

Agricultura, Nutrição e Saúde Pública

A carência alimentar, qualitativa e quantitativa, é um problema sério, complexo e de difícil solução. Atualmente, em termos mundiais, a quantidade de reservas alimentares é suficiente. Entretanto, a sua distribuição é desigual, tornando a fome, ou a subalimentação, crônica para dezenas de milhões de pessoas. A má nutrição é um problema de saúde pública, afetando cerca de 40% da população mundial. Este grupo vulnerável têm uma característica em comum: a pobreza. No Brasil, devido à sua grandeza territorial, fatores como a desigualdade social e a falta de uma política competente e, acima de tudo permanente, perpetuam a carência protéica e energética, espelhando em algumas regiões do país, a situação dramática dos povos mais pobres do mundo. É realmente difícil conviver com o fato de que um ser humano tenha o seu futuro e as suas potencialidades entravadas pela desnutrição, ou saber que milhões de crianças vão dormir com fome.

O principal problema, em relação à nutrição, é a subnutrição protéico-energética, que afeta lactentes e crianças. Quando o estado nutricional de uma criança começa a se deteriorar, cria-se um círculo vicioso de subnutrição e infecção. As infecções juntamente com a subnutrição minam a resistência orgânica e a capacidade normal de alimentação do ser humano, reduzindo o aproveitamento de nutrientes dos alimentos.

Atualmente, pelo menos 15 elementos traços (arsênio, boro, cobalto, cromo, cobre, flúor, iodo, ferro, manganês, molibdênio, níquel, selênio, silício, vanádio e zinco) são considerados essenciais aos seres humanos e animais, os chamados micronutrientes minerais, demandados em pequenas quantidades pelo organismo humano. Eles fazem parte, principalmente, de hormônios e enzimas ou agem como ativadores enzimáticos. Os elementos essenciais, necessários em maior quantidade, incluem nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, sódio e cloro, além do carbono, hidrogênio e oxigênio. Micronutrientes orgânicos incluem, por enquanto, 13 vitaminas: a) ácido ascórbico (vitamina C), biotina, cobalamina (vitamina B12), ácido fólico, niacina (nicotinamida), ácido pantotênico, piroxidina (vitamina B6), riboflavina e tiamina são vitaminas solúveis em água; b) as solúveis em gordura incluem a vitamina A (retinóides), vitamina D (calciferol), vitamina E (tocoferóis e tocotrienóis) e vitamina K (filoquinona e menaquinonas). A biodisponibilidade das vitaminas liposolúveis para o ser humano depende de quantidades adequadas de lipídios e ácidos graxos na dieta, consumidos em conjunto com vegetais. Esta lista não está fechada, e outros micronutrientes poderão ser descobertos no futuro ou provada a sua essencialidade. Outros elementos traços considerados potencialmente essenciais incluem o alumínio, cádmio, lítio, chumbo e estanho. Embora não hajam provas conclusivas da sua essencialidade, existem evidências de efeitos benéficos, em quantidades muito pequenas, para os seres humanos.

Insuficiências de vitaminas e minerais são a causa de vários problemas nutricionais, devido a desarranjos de determinados processos metabólicos nos seres humanos. Os mais graves, por serem mais comuns, se relacionam com a falta das vitaminas A e D, e de certos minerais como o iodo e o ácido fólico. Insuficiência grave de vitamina A produz a xeroftalmia (cegueira noturna). Falta de vitamina D pode originar o raquitismo, que afeta principalmente os ossos da perna, deformando-os. O bócio endêmico é devido à falta de sal iodado, e a insuficiência de ácido fólico pode levar à anemia nutricional, que pode ser causada, também, pela falta de ferro. Outros nutrientes com maior deficiência na população incluem o zinco, selênio e cálcio.

Diversas ações podem contribuir para a melhoria da qualidade nutricional dos alimentos vegetais, e diminuir a deficiência de nutrientes na alimentação humana. Deve haver um consenso quanto à importância destas ações para a saúde humana, portanto para a sociedade. Pesquisas na área agronômica e o apoio da população são fundamentais. O consumidor precisa ser esclarecido adequadamente sobre a importância de uma dieta variada e balanceada permitindo, por exemplo, uma melhor qualidade de vida e maior produtividade no trabalho e na escola. O aumento na demanda por produtos com melhor qualidade nutricional motiva o agricultor a produzir alimentos mais nutritivos, o que acaba refletindo na pesquisa. Como os cereais são os mais ingeridos pela população, são o veículo ideal para mudar o balanço da ingestão de nutrientes.

Práticas agronômicas e modificação genética das plantas podem aumentar a exportação de micronutrientes da lavoura para o prato do consumidor. Algumas estratégias incluem a seleção de variedades com altos níveis nutricionais nas sementes, e a engenharia genética para manipular o teor do nutriente na planta. Arroz com altas quantidades de ferro e também aquele contendo carotenóides, são exemplos de plantas cuja engenharia genética pode melhorar a composição nutricional do grão.

A adubação com macro e micronutrientes vegetais pode ter efeitos significativos sobre a produção de nutrientes para os seres humanos pelas plantas. Por exemplo, adubação pesada nitrogenada pode diminuir o teor de vitamina C, e aumentar o nível de carotenos em várias culturas. A adubação com potássio pode aumentar significativamente a acumulação de vitamina C. Plantas com níveis adequados de zinco sintetizam mais vitaminas do complexo B e vitamina C. Suplementação de selênio em solos deficientes pode aumentar o teor de vitamina C e diminuir o de nitratos. A adição de micronutrientes ao solo, como zinco, níquel e selênio, pode aumentar os seus teores nos grãos e outras partes comestíveis. Por outro lado, elementos como ferro são pobremente translocados para grãos e frutos, mesmo suplementando o substrato com este elemento.

O emprego da calagem com o intuito de aumentar o pH de solos ácidos, fornece cálcio e magnésio às plantas diminuindo, porém, a disponibilidade de micronutrientes como cobalto, cobre, zinco e ferro, mas aumentando a absorção de selênio e molibdênio pelas plantas. Níveis elevados destes elementos podem ser tóxicos para as plantas, e a calagem, neste caso, ajuda a diminuir os efeitos deletérios do excesso do micronutriente no solo. Por outro lado, em solos com níveis insuficientes destes elementos, a calagem pode agravar o quadro de carência no tecido vegetal.

A adubação orgânica melhora a estrutura do solo, eleva a capacidade do solo de reter nutrientes e água, aumenta a disponibilidade dos nutrientes através do processo da mineralização, e contribui para a diminuição da fixação do fósforo no solo. Os ácidos orgânicos, resultantes da decomposição da matéria orgânica, aceleram a solubilização de minerais do solo aumentando a disponibilidade de nutrientes para as plantas. Além disso, é a principal fonte de energia e de nutrientes para os microrganismos do solo. Em um levantamento realizado nos EUA verificou-se que vegetais cultivados organicamente contêm mais vitamina C, ferro, magnésio e fósforo, e significativamente menos nitrato do que os vegetais cultivados de modo convencional. Mais pesquisas, porém, são necessárias para verificar os impactos da adubação orgânica na qualidade nutricional do produto colhido.

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