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Manipueira e plantas armadilhas no controle de formigas cortadeiras na cultura da mandioca

Principal cultura de subsistência para pequenos produtores na Região Nordeste do Brasil



A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é a principal cultura de subsistência para pequenos produtores na Região Nordeste do Brasil, em áreas que combinam a baixa incidência de chuvas e solos pobres em nutrientes. É por este motivo que a aplicação de produtos químicos para o controle de pragas da mandioca não é uma prática econômica.

Entre as pragas que atacam a cultura da mandioca, as formigas – Atta spp. e Acromyrmex spp. – podem desfolhar rapidamente uma plantação quando surgem em altas populações. Os ataques ocorrem em focos, geralmente durante os primeiros meses de desenvolvimento da cultura, e seus efeitos sobre o rendimento de raízes ainda não são conhecidos. Entretanto, sabe-se que a acumulação de carboidratos nas raízes depende da atividade fotossintética realizada nas folhas. Assim, qualquer distúrbio nessa parte da planta pode prejudicar a quantidade de substâncias amiláceas elaboradas. Ataques severos também podem atingir as gemas.

A manipueira é um subproduto da industrialização da mandioca, sendo um líquido de aspecto leitoso que escorre das raízes da mandioca por ocasião da sua moagem e prensagem. Na forma física, é uma suspensão aquosa. Quimicamente, apresenta-se como uma mistura de amido, glicose e outros açúcares, proteínas, linamarina e derivados cianogênicos, substâncias orgânicas diversas e sais minerais. Sua potencialidade como nematicida, inseticida e acaricida advém da presença destes cianetos, enquanto o enxofre garante-lhe eficiência como fungicida, podendo ainda ser utilizada na fertirrigação.

A manipueira foi testada no controle de formigas na cultura da mandioca na Fazenda Novo Horizonte, situada no município de Presidente Tancredo Neves, BA, localizada na região do Baixo Sul do Estado. Além da manipueira, também foram usadas as plantas armadilhas batata-doce, gergelim, feijão Vigna (variedade Roxinha) e capim vetiver, plantadas ao redor do mandiocal.

Inicialmente a manipueira foi utilizada na forma pura, com repouso de 24 horas após a coleta da mesma em casa de farinha, da seguinte forma: limpou-se a área externa de cada formigueiro, colocando-se em seguida três litros do produto no olheiro principal e, logo depois, tampando-se esse e os demais olheiros desse formigueiro, evitando-se assim a fuga das formigas e levando-as à morte por sufocamento. Foram realizadas observações diárias por três dias consecutivos. No terceiro dia efetuou-se uma escavação em cada formigueiro, verificando-se o efeito da aplicação da manipueira. De um total de 36 formigueiros tratados, constatou-se a morte de 25.

Um segundo teste foi conduzido colocando-se a manipueira diretamente em 20 formigueiros, procedendo-se também previamente a limpeza da área externa de cada um deles, porém dessa vez usando-se a manipueira colhida no mesmo dia. Em 10 formigueiros a manipueira foi colocada pura, enquanto nos outros 10 foram colocados água + manipueira na proporção de 1:1. Todos os orifícios foram vedados. As observações também foram feitas diariamente e no terceiro dia após o início dos tratamentos efetuou-se a escavação e nenhuma formiga viva foi encontrada. Verificou-se, portanto, uma mortalidade de 100% nos dois tratamentos.

Em relação às plantas armadilhas também utilizadas no controle de formigas na cultura da mandioca, verificou-se que houve ataque de formigas na batata-doce e no feijão Vigna, sendo este menos afetado que a batata-doce, enquanto que as plantas de gergelim e capim vetiver não foram atacadas. As plantas de mandioca não sofreram nenhum ataque.

Recomenda-se o uso da manipueira pura ou mesmo água + manipueira na proporção de 1:1 no controle de formigas na cultura da mandioca, preferencialmente durante o verão, visto que nos períodos chuvosos sua eficiência diminui consideravelmente. Já as plantas armadilhas devem ser plantadas ao redor e antes do plantio da mandioca, funcionando bem quando a infestação de formigas não é alta.

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