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Como evitar a deriva na aplicação de defensivos?

Leia tudo sobre a deriva e como você pode fazer para evitá-la.


Foto: kiankhoon/DepositPhotos

O que é a deriva?

Deriva é o desvio da trajetória de partículas / gotículas de um defensivo agrícola, durante a pulverização, fazendo com que não atinjam o alvo desejado, mas atinjam outras plantas e/ou ambientes, causando diversos prejuízos. Quanto mais tempo as gotículas de defensivos ficam no ar, maior será o potencial de deriva. Esse fenômeno é causado por condições meteorológicas (vento, temperatura, umidade), além de fatores como o tamanho das gotas da calda, altura da barra de pulverização e a distância de áreas sensíveis ou suscetíveis. O cuidado e a habilidade do operador também são fatores cruciais que influenciam na deriva.

Esse processo é responsável por uma das principais causas de perdas de defensivos agrícolas e falta de eficiência do tratamento, além de causar danos às lavouras vizinhas, ao ambiente (flora, fauna, solo, águas) e às pessoas. Fazendo uma rápida pesquisa na internet, você encontra diversas notícias sobre casos onde aplicações inadequadas de defensivos resultaram em grandes prejuízos em lavouras vizinhas por conta da deriva.

Como um dos piores casos, podemos citar o uso do dicamba em pós-emergência em variedades tolerantes de soja e algodão em 2016 nos Estados Unidos, onde a deriva carregou o produto para cerca de 1,4 milhões de hectares de cultivares de soja sensível ao herbicida. Neste caso, as cultivares de soja já apresentam um sintoma visível do uso do herbicida com apenas 1/250.000 da dose recomendada na bula. Para ocorrerem interferências no rendimento, é necessário uma dose de 1/500 da dose máxima da bula para a cultura. Neste exemplo, a deriva ocorreu principalmente pela contaminação de tanques de pulverizadores, deriva física das gotas e volatilidade do produto.

Clorose nas folhas de ramos novos de pessegueiro por fitotoxicidade causada pela deriva de glifosato
Imagem: Bernardo Ueno / Embrapa

Estudos feitos com diversos grupos de defensivos mostram como esses produtos comprometem o desenvolvimento de culturas não alvo, podendo estas serem lavouras vizinhas ou plantas benéficas ao ambiente. Alguns produtos merecem especial atenção, como por exemplo herbicidas auxínicos, que mesmo em concentrações baixas, causam estragos a cultivares suscetíveis. Dessa forma, a tecnologia de aplicação deve propor uma colocação adequada do produto no alvo certo e em quantidade certa.

Você pode se deparar com os termos endoderiva e exoderiva, ambos possuem um significado bastante simples:

  • Exoderiva: quando a perda do produto se dá para fora da área alvo;
  • Endoderiva: a perda do produto ocorre na área alvo, na forma de escorrimento para o solo, por exemplo.

Os locais dos sintomas da deriva física geralmente são bordas da lavoura. Já no caso da deriva causada por volatilidade tem sido constatado que os sintomas são mais frequentes em áreas mais baixas do campo (vales, margens dos rios etc.). No caso da deriva causada por contaminação do tanque, geralmente observamos uma diminuição da concentração do herbicida conforme a aplicação progride, ocorrendo geralmente do centro para fora da barra de aplicação. Quando ocorre sobreposição, os efeitos tóxicos são mais aparentes nestas áreas.

 

Quais são as consequências causadas pela deriva?

Diversos são os prejuízos causados pela deriva:

  • Perda do produto, resultando em perda financeira e menor eficiência no controle de pragas e doenças, o que pode também colaborar para a seleção de espécies resistentes;
  • Necessidade de aumento da dosagem do defensivo para compensar as perdas por deriva e garantir o controle desejado;
  • Uso ineficiente de equipamento de aplicação e desperdício do tempo do operador;
  • Dano às lavouras vizinhas, comprometendo o desenvolvimento das culturas e contribuindo com o aparecimento de resíduos ilegais nos produtos, podendo resultar em ações na justiça;
  • Problemas para a saúde e segurança do ser humano ou de criações de animais;
  • Danos ao meio ambiente, através da contaminação do solo, água e ar.

 

Quais são as principais causas e como controlar a deriva?

As perdas de defensivos agrícolas através da deriva são causadas por diversos fatores, como características dos pulverizadores, tamanho da gota, condições climáticas (temperatura, umidade do ar e velocidade do vento), arquitetura da planta, estádio de desenvolvimento e volume de aplicação. Os dois aspectos que mais influenciam na deriva são o tamanho das gotas e o vento. Porém, abaixo, você pode ler sobre todos os aspectos, e como utilizá-los a seu favor para controlar a deriva.

 

Condições climáticas e deriva

As condições climáticas exercem forte influência sobre a aplicação de defensivos:

  • Vento: o vento age diretamente nas gotas, fazendo com que estas não atinjam o alvo e sejam deslocadas. O vento afeta a direção, quantidade e distância da deriva. De forma geral, recomenda-se que a aplicação ocorra com uma velocidade do vento de, preferencialmente, 3 a 6 km/h, nunca ultrapassando 10 km/h. Para aplicações com vento muito calmo, recomenda-se apenas o uso de gotas grossas ou muito grossas. Além disso, não é recomendada a aplicação de defensivos quando o vento estiver soprando em direção a uma cultura suscetível ou áreas sensíveis que estejam próximas. Dessa forma, é importante também verificar o entorno da área e a direção do vento antes de uma aplicação.
  • Umidade relativa do ar: quando o defensivo é pulverizado, formando uma nuvem, esta nuvem possui uma alta umidade relativa. Esta nuvem se mistura com o ar do ambiente, se o ar do ambiente tiver baixa umidade, as gotas irão evaporar rapidamente. Já se a umidade relativa for alta, a evaporação das gotículas dos defensivos será mais devagar. O ar úmido do ambiente irá se misturar com o defensivo, mas não será tão eficaz para evaporar as gotas. Assim, recomenda-se aplicar defensivos quando a umidade do ar estiver acima de 55%.
  • Temperatura: em altas temperaturas, as moléculas dos agrotóxicos se movem mais rapidamente, aumentando sua volatilidade e evaporação, podendo ser mais facilmente transportadas pelo vento. Além disso, quando a temperatura do ar aumenta, a densidade do ar tende a diminuir, fazendo com que os defensivos se movam mais facilmente, aumentando a chance de deriva. Recomenda-se aplicar defensivos em temperaturas abaixo de 30ºC.
  • Inversão térmica: durante o dia, os raios solares aquecem a superfície do solo. A temperatura pode variar até 8ºC em um ponto a 50 centímetros acima da superfície. Como a temperatura do ar diminui com a altitude, o ar mais quente, próximo a superfície, realiza um movimento ascendente denominado "inversão térmica". Esse movimento de ar pode resultar em deriva de gotas finas, em situações de ausência de vento na aplicação. Por isso não é recomendado realizar aplicações com ventos menores que 3 km/h.
  • Pluviosidade: alguns produtos aplicados no solo levam algum tempo para serem absorvidos. Chuvas muito fortes podem resultar em perda do produto por lixiviação, principalmente em solos arenosos.

 

Tabela 1. Limites de temperatura e umidade relativa do ar para diferentes tamanhos de gotas de defensivos agrícolas.
Fatores Classes de gotas de acordo com as condições climáticas
Muito finas ou finas Finas ou médias Médias ou grossas
Temperatura Abaixo de 25ºC 25 a 28ºC 28 a 30ºC
Umidade Relativa Acima de 70% 60 a 70% 55 a 60%

 

Características do pulverizador e deriva

Características do pulverizador e da aplicação dos defensivos também influenciam bastante na deriva:

  • Volume de aplicação: utilizar alto volume de água na aplicação (que será perdido na forma de evaporação) pode aumentar a umidade do ar na região onde são despejadas as gotas na aplicação. Essa quantidade evaporada não deve conter o defensivo. Dessa forma, pode-se utilizar uma barra de pulverização auxiliar, somente com água, durante a aplicação, aumentando a umidade relativa nessa região e evitando a evaporação da calda (água + defensivo);
  • Altura da barra de aplicação: alguns estudos evidenciam que, quanto maior a altura da barra de aplicação, maior o deslocamento da gota na deriva. Recomenda-se uma altura da barra de cerca de 50 cm em relação ao alvo. Porém, podem ser usadas alturas até menores, pois quanto mais próximo possível do alvo, menor o potencial de deriva. Pontas com amplo ângulo de pulverização permitem uma menor distância entre a barra e o alvo. Barras com rodas de apoio também podem auxiliar, fornecendo estabilidade na altura, fornecendo uma cobertura mais uniforme com uma menor altura da barra.
  • Ângulo de pulverização: ângulos maiores cobrem maior área de pulverização, e por consequência, produzem um filme líquido mais fino, com gotas menores com a mesma pressão. Porém, as pontas com ângulos maiores também podem ser colocadas mais próximas do alvo, o que pode reduzir, anular ou até superar o prejuízo causado pela redução do tamanho das gotas.
  • Orientação do bico: nas aplicações aéreas, quando um bico estiver para trás (em direção à cauda da aeronave), podem ser produzidas gotas maiores, ao passo que o bico apontado para o sentido do deslocamento produz gotas mais finas.
  • Tamanho das gotas: quando as gotas saem da ponta de pulverização, estão sujeitas a duas forças: a gravidade e a resistência do ar. A resistência do ar diminui a velocidade das gotas, além de poder quebrar as gotas em tamanhos menores. Gotas pequenas desaceleram de forma mais rápida do que as gotas grandes, caindo lentamente e estando mais propensas a serem carregadas pelo vento. Quanto menor a gota, mais tempo ela permanece no ar e maior será o potencial de deriva. Uma gota com 20 micrômetros pode se deslocar mais de 300 metros com um vento de 5 km/h. Além disso, gotas pequenas, devido à maior área superficial específica, evaporam mais rápido que as gotas grandes. Gotas com diâmetro mediano volumétrico (VMD) com médias inferiores a 250 micrômetros indicam risco de deriva, principalmente pelas gotas menores que 100 micrômetros, que são altamente sujeitas à deriva. Devido ao tamanho pequeno dessas gotas, elas ficam mais dependentes do movimento irregular do ar turbulento do que da gravidade.
    Já gotas com médias acima de 500 DMV sugerem problemas de escorrimento. As gotas médias ou grossas possuem trajetória mais vertical, com maior resistência ao vento, mantendo a velocidade descendente por mais tempo, ficando menos suscetíveis à deriva. Observe a tabela abaixo:

    Tabela 2. Tamanho das gotas e o risco de deriva.
  • Tamanho Risco de deriva Evaporação Penetração Escorrimento
    Muito fina Muito alto Muito alto Ótima Muito baixo
    Fina Alto Alto Boa Baixo
    Média Moderado Moderado Moderado Moderado
    Grossa Baixo Baixo Baixa Moderado
    Muito grossa Muito baixo Muito baixo Muito baixa Alto
    Extremamente grossa Muito baixo Muito baixo Muito baixa Muito alto

    As gotas menores proporcionam maior cobertura às plantas, e geralmente são usadas em produtos de contato. Já as gotas maiores proporcionam menor cobertura da planta, sendo mais utilizadas em defensivos sistêmicos.
    O tamanho das gotas é um dos principais fatores que influenciam a deriva, e é o fator de mais fácil controle.

  • Pressão de aplicação e bicos de pulverização: maiores pressões resultam em menor tamanho de gotas. Assim, para reduzir a deriva, podemos trabalhar com os bicos de pulverização com pressões mais baixas, respeitando os limites indicados pelos fabricantes. Também devemos observar o tamanho dos orifícios dos bicos, orifícios grandes geralmente produzem gotas maiores. Sobre o tipo de bico, bicos como o de jato cônico produzem gotas maiores, seguidos por bicos de jato plano e jato cônico vazio. Além disso, alguns tipos de bicos de pulverização podem reduzir a deriva, como por exemplo o bico de indução de ar. Outro fator importante é o ângulo do jato, ângulos maiores produzem gotas menores, podendo-se reduzir a distância para o alvo ou utilizar pressões menores para reduzir a deriva. A escolha do bico de pulverização é muito importante para a aplicação de defensivos. Não deixe de conferir nossa página mais detalhada sobre bicos de pulverização!

  • Espaçamento entre bicos: o aumento do espaçamento entre bicos para um determinado volume de calda exige um aumento no tamanho do orifício, o que geralmente requer um aumento da altura da barra de pulverização para obter adequada sobreposição. Porém, como sabemos, para reduzir a deriva é mais eficiente aumentar o tamanho das gotas do que reduzir a altura da barra. Recomenda-se não ultrapassar os 70 cm no espaçamento entre bicos, de forma a manter uma pulverização uniforme.

  • Uso de adjuvante: o uso de óleo mineral ou vegetal na calda de aplicação aumenta o tamanho das gotas, reduzindo a deriva. O óleo aumenta a tensão superficial e viscosidade da calda, reduzindo a desintegração em gotas pelo bico de pulverização. Outros adjuvantes também reduzem a deriva, como polímeros e a goma guar;

  • Sentido de condução: conduza a barra de aplicação perpendicularmente aos terrenos em vez de em paralelo, evitando que alguma extremidade da barra fique muito acima do alvo.

  • Lavagem do tanque de pulverização: quando o tanque de pulverização está contaminado com resíduos de herbicidas, podemos observar um decréscimo da concentração conforme progride a aplicação, ocorrendo geralmente do centro para fora da barra de pulverização. Caso a aplicação se sobreponha em alguns pedaços da área, os sintomas ficam mais nítidos. É necessário lavar os tanques de pulverização e implementos seguindo as recomendações oficiais.
     
  • Velocidade de operação: altas velocidades de operação podem deslocar a pulverização através das correntes de vento para cima e fazer vórtices atrás do pulverizador, que capturam as gotas mais finas e contribuem para a deriva.

 

Como reduzir a deriva

De forma geral, para evitar a deriva, segue algumas boas práticas que serão bastante eficientes: 

  • Respeitar as condições climáticas para a pulverização: nunca aplicar com ventos abaixo de 3 km/h ou acima de 10 km/h, umidade relativa do ar abaixo de 50% ou temperaturas acima de 30ºC;
  • Aplicar nos horários em que a deriva tende a ser menor;
  • Não aplicar quando o vento estiver soprando em direção à culturas sensíveis, habitações, gado, fontes de água ou outras áreas sensíveis;
  • Optar por formulações / ingredientes ativos com menor volatilidade ou não voláteis;
  • Ler e seguir as orientações da bula. Cada produto possui suas especificidades, e entender as orientações garante uma melhor qualidade de aplicação e menores prejuízos financeiros e/ou ambientais;
  • Usar adjuvantes conforme as recomendações da bula, quando houver;
  • Optar por pontas com orifício de maior tamanho e menor pressão, produzindo gotas maiores, que por sua vez, possuem menor potencial de deriva;
  • Usar pontas de deriva reduzida, que produzem gotas maiores quando operadas em baixas pressões;
  • Utilizar pontas de ângulo maior, permitindo operar com a barra em pequenas alturas, sempre mantendo a barra estável;
  • Utilizar maior volume de calda;
  • Evitar o uso de altas pressões quando possível, pois altas pressões resultam em gotas finas que são mais suscetíveis à deriva;
  • Utilizar redutores químicos de deriva caso não seja possível controlá-la com a seleção do bico;
  • Conduzir a barra perpendicularmente aos terraços ao invés de em paralelo, evitando que a barra fique muito acima da superfície ou atinja o solo;
  • Usar barras de pulverização protegidas. Ao aplicar em faixas, optar por aplicação com jatos protegidos;
  • Utilizar menores velocidades de aplicação quando possível. Altas velocidades aumentam a chance de efeitos não intencionais em outros parâmetros que podem aumentar a deriva.

 

Reduzindo a deriva em pomares e vinhedos

Ao aplicar defensivos com turbopulverizadores, as gotas são produzidas a uma altura em que a cortina de ar não controla a trajetória destas, e o vento começa a desviar do alvo, podendo desviar para até vários metros acima da copa das árvores. Para evitar a deriva nesses casos, além das boas práticas citadas acima que se aplicam aos turbopulverizadores, podemos também:

  • Manter o pulverizador o mais perto possível dos alvos;
  • Desligar o pulverizador quando não há nenhuma árvore presente;
  • Reduzir o percentual de gotas menores. Ao se utilizar gotas maiores, estas podem não controlar o alvo se não aumentarmos a taxa de aplicação;
  • Regular o volume e direção do ar da turbina e regular os bicos para a pulverização de árvores;
  • Quando estiver próximo a áreas sensíveis, como por exemplo nas últimas ruas, usar técnicas como gotas maiores, aplicação direcionada como pistolas manuais, pulverizar estas ruas somente contra o vento ou em momentos de menor vento, uso de equipamentos para criar barreiras como pulverizador de túnel de vento etc. 

 

Reduzindo a deriva em aplicações aéreas

A elevada velocidade de trabalho e os vórtices nas pontas das asas influenciam muito na deriva durante a aplicação aérea. Para reduzirmos a deriva na aplicação aérea de defensivos, podemos:

  • Aplicar com operadores bem treinados, bem como promover cursos e a certificação desses pilotos;
  • Escolher o maior tamanho de gotas que ainda promova o efeito desejado;
  • Reduzir o máximo possível a altura da aplicação (sem comprometer a segurança);
  • Tomar cuidado ao utilizar o deslocamento lateral da pulverização, calculando a distância que o vento pode carregar a faixa de deposição e planejar as faixas de aplicação considerando esse fator;
  • Usar ferramentas de posicionamento global, garantindo que a aplicação está sendo feita na área correta e na seleção das faixas corretas;
  • Colocar os bicos para trás (em direção à cauda da aeronave) para reduzir a formação de gotas pequenas;

 

Barras de pulverização e vórtices na aplicação aérea de defensivos

Para evitar perdas de gotas devido aos efeitos de vórtices que ocorrem nas extremidades das asas dos aviões agrícolas, os bicos devem ser distribuídos nas barras de pulverização limitando-se no máximo em 80% da envergadura. Já na parte central da aeronave, os bicos devem ficar afastados da fuselagem do avião para evitar o efeito de vórtice da hélice. Isso também se aplica para os atomizadores rotativos.

Estes cuidados evitam o lançamento de gotas na região próxima à fuselagem do avião, onde podem sofrer deslocamento lateral e fazer com que a aplicação não seja uniforme. Ao afastarmos os bicos em relação à fuselagem, prevenimos também que as gotas formadas na parte central da aeronave fiquem suspensas no ar pela aerodinâmica causada pelo vórtice da hélice.

As barras de pulverização oferecem diversas configurações quanto ao número e posição de pontas hidráulicas fixadas em cada lado do avião, sendo estas configurações variáveis em função do comportamento do ar em volta da aeronave, que é influenciado pela velocidade de voo e pelos vórtices. Dessa forma, diversas montagens de barra não se apresentam de maneira simétrica. É muito importante o estudo das faixas de deposição para determinarmos a melhor distribuição dos elementos de pulverização ao longo da barra.

 

Faixas de segurança na aplicação de defensivos

Ainda que sejam tomadas medidas para a prevenção da deriva, perdas para fora da área de aplicação podem acontecer durante a aplicação, principalmente na aplicação aérea, e para isso, podemos estabelecer faixas de segurança. As faixas de segurança são áreas em que não é realizada a pulverização, separando a cultura pulverizada de uma área sensível, e a largura da área depende do tipo de produto e condições meteorológicas durante a aplicação. Clique aqui para ler mais sobre as faixas de segurança em aplicações aéreas.

As áreas sensíveis, protegidas pelas áreas de segurança, são superfícies de água, áreas urbanas, culturas não-alvo, agrupamentos de animais e áreas de proteção ambiental ou matas nativas.

Cada estado ou município pode ter uma legislação diferente sobre as faixas de segurança. Por exemplo, a IN Nº2 do MAPA (2008) define que as aplicações não devem ser feitas em áreas a menos de 500 metros de distância de povoações, vilas, cidades, mananciais de captação de água etc. Também estabelece, dentre outras normas, que aeronaves que contenham produtos químicos são proibidas de sobrevoar áreas povoadas, moradias e agrupamentos humanos.

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

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BYERS, R. E. et al. Effects of apple tree size and canopy density on spray chemical deposit. HortScience, v. 19, n. 1, p. 93-94, 1984.

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CUNHA, J. P. A. R. DA . et al.. Espectro de gotas de bicos de pulverização hidráulicos de jato plano e de jato cônico vazio. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 39, n. 10, p. 977–985, out. 2004.

CUNHA, J. P. A. R. et al.. Avaliação de estratégias para redução da deriva de agrotóxicos em pulverizações hidráulicas. Planta Daninha, v. 21, n. 2, p. 325–332, maio 2003.

GURGACZ, F. UTILIZAÇÃO DE BARRA AUXILIAR DE PULVERIZAÇÃO DE ÁGUA PARA REDUZIR A DERIVA DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS. Orientador: Prof. Dr. Edivaldo Domingues Velini. 2013. Tese de doutorado (Doutor em agronomia) - Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp Câmpus de Botucatu, [S. l.], 2013.

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