Produtores e empresários ligados à cadeia da suinocultura participam terça-feira, dia 3 de junho, de uma audiência pública no Congresso Nacional, a convite da Comissão da Agricultura e Política Rural da Câmara dos Deputados. O objetivo é expor a situação da suinocultura nacional. Os produtores devem entregar um manifesto contendo as principais reivindicações para minimizar os problemas que eles dizem que o setor vem enfrentando.
De acordo com as entidades organizadoras da audiência, estão sendo formadas comitivas para levar o maior número possível de suinocultores à Brasília. O objetivo é mostrar força para sensibilizar os deputados e obter garantias que viabilizem o setor.
Suinocultores de Ponta Grossa e Região já há algum tempo têm reclamado que os preços pagos pela carne não cobrem os custos de produção. Ao mesmo tempo eles consideram que algum setor vem mantendo margens maiores, já que para o consumidor os preços são elevados o que, inclusive, inibe o consumo.
De acordo com análises do técnico do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (SEAB), Guilherme Oscar Richter, o aquecimento do mercado de milho acabou gerando perdas para a suinocultura. Em 2001 a saca de 60 quilos do cereal custava R$ 9,76, enquanto que o preço pago pelo quilo do suíno vivo era de R$ 1,23 o quilo. Em 2002 a saca do milho apresentou preço médio de R$ 16,42 (elevação de 62%) e o quilo do suíno vivo R$ 1,16 (queda de 6% em relação ao ano anterior). Sem considerar outras variações, como prêmio e preço do farelo de soja, o Deral calcula que o suinocultor fechou 2002 com prejuízo médio de R$ 50,00 por suíno terminado.
Richter diz que nos quatro primeiros meses deste ano a situação do setor continua ruim. Atualmente o custo de produção da carne de porco gira em torno de R$ 1,80 o quilo enquanto que, no Paraná, o preço médio pago na quinta-feira era de R$ 1,31. Em Ponta Grossa o valor era um pouco melhor: R$ 1,35. Ou seja, um prejuízo de 45 centavos por quilo de suíno produzido. E o mercado encontra-se em baixa. Em janeiro o preço pago no Estado era de R$ 1,42. A queda no período é de 7,7%.
Suinocultores vão entregar reivindicações aos deputadosOs produtores que participam da audiência de terça-feira em Brasília devem propor uma série de medidas para melhorar o setor. Ao todo são sete as principais reivindicações que, de acordo com os produtores, desafogariam a suinocultura nacional. Uma delas é a prorrogação de todos os financiamentos contraídos pelos suinocultores. No caso de recursos de custeio, o prazo pedido é de cinco anos e para os investimentos chegaria a 20 anos para o pagamento.
Os suinocultores também estão sugerindo a inclusão da carne suína no cardápio das refeições do governo. Uma proposta surgida em reuniões realizadas no Paraná propõe ainda a adoção da carne em escolas. Mas os produtores também querem aumentar o consumo da carne suína. Para isso será pedido que seja feita uma campanha de divulgação do produto com recursos oficiais. Ao mesmo tempo os suinocultores querem a implantação de um sistema de controle da produção para reduzir a oferta e evitar que haja excedentes.
Outra medida que será solicitada é de encaminhamento ao Conselho Monetário Nacional de um pedido de avaliação das distorções verificadas nos preços e margens praticadas dentro da cadeia produtiva da carne suína. Além disso, o governo adotaria medidas de proteção ao preço do suíno vivo, acompanhando o mercado do milho.
Finalmente, os produtores devem pedir a instalação imediata de uma Comissão Parlamentar Especial no Congresso Nacional, para discutir os problemas do setor.