O ministro da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento, Roberto Rodrigues, comemorou a mudança na Política Agrícola Comum (PAC) da União Européia.
Segundo ele, as modificações devem melhorar as negociações na Organização Mundial de Comércio (OMC) e também no Mercosul. Rodrigues, salientou, no entanto, que sua avaliação ainda é superficial. Ele acredita que o remanejo dos subsídios significará a redução da produção, o que pode se traduzir em menor distorção do mercado.
"Estou menos otimista em relação à OMC do que antes", afirmou o ministro. Rodrigues diz que o fator negativo da nova PAC é que a UE poderá cobrar mudanças também nas políticas dos demais países, incluindo do Brasil.
Para Antônio Donizetti Beraldo, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), qualquer mudança na PAC deve afetar as exportações brasileiras porque a UE responde por 45% do comércio internacional do Brasil. "É uma reforma modesta, mas a sinalização é positiva", diz. Isto porque, ele acredita que o subsídio desvinculado da produção poderá diminuir as distorções do mercado e desbloqueará as negociações na OMC e com o Mercosul. Beraldo, no entanto, diz que a ênfase nas questões ambientais e segurança alimentar poderá representar pressão na rodada da OMC, transformando em barreira não-tarifária.
"É bom, mas não vai destravar a OMC", diz Pedro de Camargo Neto, representante da área internacional da Sociedade Rural Brasileira (SRB). Para ele, a medida é positiva porém insuficiente para atender às ambições brasileiras.
O Itamaraty divulgou nota ressaltando que, "de interesse maior para o Brasil, o mandato negociador que a Comissão Européia passará a ter para as negociações sobre agricultura na OMC. O Brasil aguarda, portanto, que a UE apresente as novas propostas em sintonia com os objetivos a que se propõe a Rodada de Doha".