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Ceará investe no cultivo de uva em três regiões do interior


O crescimento das áreas de plantio de uva nas regiões do Cariri, Baixo Acaraú e Baixo Jaguaribe permite ao Ceará prever uma boa safra para os próximos dois anos. "Vamos chegar a 400 hectares irrigados e 20 mil toneladas de uvas colhidas, incluindo diferentes variedades", prevê o gerente de Desenvolvimento Agrícola do Instituto Agropólos do Ceará/Agropólo Cariri, Aparício Sextus Pereira Lima. A soma, estimada para 2005, envolve apenas os projetos com apoio do Estado, pois há outros sete agricultores que trabalham isolados. Hoje 41 produtores cultivam uvas no Ceará.

As três regiões produtoras incentivadas concentram hoje 63,7 hectares destinadas a uvas de mesa das variedades Itália, Benitaka, Patrícia e Red Glob. Em estudo ainda estão áreas para cultivo de uvas para vinícola, nas especialidades Cabernet Sauvignon, Shyrah, Moreto, Aragonez, Merlot, Chardonay, entre outras.

A meta é fechar o ano com 104 hectares implantados e 16 hectares em produção, o que deve render 240 toneladas colhidas no global, diante das cerca de 120 toneladas de 2002. "Podemos concorrer em igualdade de condições com qualquer outra região do País", afirma Pereira.

O sonho de incremento no cultivo vem embalado por condições climáticas consideradas excelentes para a fruta, apoio técnico e financeiro. Sol, durante praticamente o ano inteiro, temperaturas de 27ºC e 28ºC, chuvas entre 650mm e 750mm e unidade relativa do ar variando de 60% a 68%, asseguram brix (teor de açúcar da fruta) de 15º a 17º e 25 cachos por planta, com peso médio de 350 gramas, de acordo com Pereira.

Os agricultores do estado têm condições de colher duas safras por ano, enquanto a região Sul, maior produtor de uva, apenas uma. "O rendimento médio alcançado na primeira safra no Baixo Acaraú, ainda em fase inicial, com área disponível de 22,9 hectares e com quatro hectares em produção, deve alcançar sete toneladas por hectare da variedade Benitaka Brasil", estima Pereira.

Nesse ritmo, o gerente espera alcançar 26 toneladas por safra na quarta colheita. No Baixo Jaguaribe, área mais antiga, reserva 17 hectares para as variedades Supérior e Thompson, Ribier, Itália e Benitaka, com bom desenvolvimento vegetativo, sendo quatro hectares em produção. Para a primeira safra, de dezembro, a estimativa de colheita alcança oito toneladas por hectare.

A mais recente investida no setor vem dos produtores do município de Jati, região do Cariri, a 536 quilômetros de Fortaleza (CE), que começam a adubar os seis hectares de videiras irrigadas, com um aditivo especial. O projeto ganhou recursos do Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf), segunda área de cultivo de uva no estado a conseguir aporte do governo, que destinou um total de R$ 300 mil.

A outra é Brejo Santo, na comunidade de Poços das Frutas, na mesma região, distante a 512 quilômetros da capital e com área de 6,3 hectares destinados aos tipos de mesa e em condições de colher safra de 350 toneladas/ano, a partir do terceiro de produção. "Os nove agricultores devem colher 35 toneladas ainda este ano", adianta.

O projeto de Jati vai assegurar aos dez agricultores envolvidos safra de 300 toneladas na quarta safra, considerada de estabilização da cultura, para as variedades Itália, Benitaka, Patrícia e Red Glob, definidas em função das boas chances de mercado e produtividade, a partir do terceiro ano em condições de render 28 toneladas por hectare/safra.

"Esse é um projeto associativo, incluído no Caminhos de Israel, que busca a inclusão dos pequenos produtores no agronegócio de forma associativa, competitiva e sustentável em parceria com a Seagri, e deve garantir renda bruta de R$ 300 mil, com saldo líquido mensal de R$ 1,25 mil a cada produtor", afirma Pereira.

Desenvolvido na base da parceria, a investida conta com recursos do Banco do Nordeste, que liberou financiamento de R$ 150 mil, enquanto a Secretaria da Agricultura e Pecuária (Seagri) cuidou da infra-estrutura, com perfuração de dois poços artesianos, instalação de um quilômetro de rede de energia, capacitação dos produtores e o acompanhamento do projeto por um engenheiro agrônomo - essas duas últimas ações coordenadas pelo Instituto Agrópolos do Ceará. A prefeitura ficou responsável pelo estudo de campo e os produtores da Associação dos Irrigantes da Carnaúba investiram recursos próprios na compra da terra.

No Cariri, com área de 23,8 hectares, a meta é chegar a 100 hectares cultivados e 5 mil toneladas colhidas de uvas mesa no final 2004, entre as variedades com sementes, que mostram excelentes resultados - cachos de 500 gramas e bem formados.

Pelas contas de Pereira a primeira safra, aos 12 meses de plantio, deve render sete toneladas por hectare, saltando para 12 toneladas na segunda, 18 toneladas na terceira e 26 a 30 toneladas na quarta, mantendo esse volume estabilizado. Para chegar a esses resultados, os investimentos estimados chegam a R$ 25 mil por hectare no primeiro ano, valores considerados para o Cariri e Baixo Jaguaribe, áreas mais recentes e que exigem maior infra-estrutura. No caso do Baixo Acaraú o custo inicial gira em torno de R$ 20 mil. "O custo de produção por safra chega a R$ 9 mil", aponta.

Os agricultores cearenses também trabalham em parceria com a Embrapa Agroindústria Tropical, de Fortaleza, no desenvolvimento de duas unidades experimentais no Cariri para cultivo de uvas sem sementes das variedades Festival e Crymisson.

As duas estão em fase de implantação, com valor de mercado cinco vezes superior a tradicional, que alcança R$ 1 o quilo, preço pago ao produtor. "Estamos prevendo a primeira colheita em um ano, com rendimento de cinco toneladas por hectare", diz Francisco Paulo Cavalcante, técnico agrícola do Agropólo Cariri.

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